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Estratégias hormonais e nutricionais para imunomodulação de vacas durante o peri-parto - Parte 1

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 16/06/2014

4 MIN DE LEITURA

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Este texto é a parte da palestra apresentada pelo Dr. Ricardo C. Chebel da Universidade de Minnesota, no XVIII Curso Novos Enfoques na Produção e Reprodução de Bovinos, realizado em Uberlândia de 20 e 21 de março de 2014.

Vacas obesas, função imune e saúde

A função imune de vacas leiteiras no periparto é desafiada por estresses metabólicos consequentes da redução da ingestão de matéria seca (IMS) e aumento das exigências nutricionais para colostrogenese/lactogenese. A redução na IMS pode ser mais acentuada devido a fatores nutricionais e do próprio animal. Hayirli et al. (2002) reuniram dados de 16 experimentos e avaliaram fatores relacionados com dieta e animal que afetaram a IMS nos últimos 21 dias de gestação. Fatores dietéticos avaliados foram energia líquida para lactação, proteína não degradável no rúmen, proteína degradável no rúmen, fibra detergente neutro, fibra detergente ácido, carboidratos não-fibrosos, extrato etéreo e cinzas. Fatores animais avaliados foram a proximidade ao parto, paridade (novilha vs vaca) e escore de condição corporal (ECC) aos 21 dias antes do parto (magras = 2,8, moderada = 3,6, obesas = 4,4). De acordo com Hayirli et al. (2002), a variabilidade na IMS nos últimos 21 dias de gestação foi principalmente devido à proximidade ao parto (56,1%), concentração de fibra detergente neutro da dieta (15,3%), paridade (10%), e ECC (9,7%). Vacas obesas tiveram IMS reduzida ao longo dos últimos 21 dias de gestação e tiveram queda na IMS mais acentuada nos últimos 7 dias de gestação em comparação com vacas magras e moderadas. Na verdade, a diminuição da IMS nas últimas 3 semanas de gestação foi de 40% em vacas obesas, mas apenas 29% entre vacas magras e moderadas (Hayirli et al., 2002). Desta forma, espera-se que vacas obesas tenham perda de ECC durante o período seco devido a redução mais acentuada da IMS.

Em um estudo retrospectivo foi demonstrado que a probabilidade de vacas perderem ECC durante o período seco é dependente do ECC no momento da secagem, sexo do bezerro, gestação de gêmeos, número de dias no período seco, e estação do ano (Mendonça e Chebel, dados não publicados). Quando ECC no momento da secagem ultrapassou 3,25 a probabilidade de perda de ECC durante o período seco aumentou significativamente. A probabilidade de perda de ECC durante o período seco foi de aproximadamente 100% para vacas com ECC > 4 no momento da secagem.

Lacereta et al. (2005) demonstraram que vacas obesas (ECC > 3,5 aos 30 d antes do parto) tiveram maiores concentrações plasmáticas de ácidos graxos não esterificados (NEFA) no dia 3 e 7 pós-parto em comparação com vacas magras e moderadas. Além disso, as células mononucleares periféricas de vacas obesas secretaram menos IFN-γ 7 dias antes do parto e vacas obesas produziram menor quantidade de IgM aos 14 e 35 dias pós-parto em comparação com vacas magras (Lacereta et al., 2005). Isso demonstra que o sistema imune de vacas obesas é comprometido durante o período de periparto o que acredita-se ser consequência da maior redução na IMS, aumento nas concentrações plasmáticas de NEFA e maior estresse oxidativo observados entre essas vacas.

Devido ao comprometimento dos parâmetros imunes e metabólicos de vacas obesas, a perda de ECC durante o período seco aumentou o risco de natimortos, retenção de placenta, metrite, doenças digestivas e descarte nos primeiros 60 dias pós-parto. Em outro experimento, foi demonstrado que a probabilidade de cura de mastite subclínica [contagem de célula somática (CCS) > 200,000 células/mL antes da secagem e CCS < 200,000 células/mL nos primeiros 34 dias pós-parto] durante o período seco é dependente do ECC no começo do pré-parto imediato (últimos 21 dias antes do parto) e concentração de NEFA durante o pré-parto imediato.

Desta forma, vacas muito magras (ECC = 2) ou obesas (ECC = 4) tiveram menor probabilidade de cura de mastite sub-clinica comparadas com vacas com ECC = 3 e o aumento nas concentrações de NEFA de -21 a 6 dias relativo ao parto diminuiu a probabilidade de cura de mastite subclínica.

Além disso, vacas magras (ECC = 2) ou obesas (ECC = 4) tiveram maior probabilidade de apresentar mastite subclínica nos primeiros 34 dias pós-parto. É interessante observar que, independente do ECC aos 21 d pré-parto, perda de ECC durante os últimos 21 dias de gestação e aumento nas concentrações de NEFA entre -21 e 6 dias relativo ao parto aumentaram a probabilidade de mastite subclínica nos primeiros 34 d pós-parto.

Portanto, pode-se concluir que condições de manejo que comprometam a IMS e aumentem o risco de mobilização de tecido adiposo (perda de ECC e/ou aumento de concentrações de NEFA) durante o pré-parto imediato comprometem a saúde da glândula mamária.

Os principais fatores que afetam ECC na secagem são paridade, intervalo entre parto e prenhez, e produção de leite (Mendonça e Chebel, dados não publicados). Como esperado, maior produção de leite e intervalo entre parto e prenhez reduzido aumentam probabilidade de vacas secarem com ECC adequado (ECC < 3,25). Em rebanhos com problemas de fertilidade espera-se que grande porcentagem de vacas que entram no período seco vai ter elevado ECC.

Portanto, a prevenção de problemas de saúde durante o período de transição relacionados com obesidade deve ser baseada em maximização da eficiência produtiva e reprodutiva. A utilização de somatotropina recombinante bovina para aumento da produção de leite é uma das alternativas hormonais para manutenção da produção de leite. Além disso, a formulação e oferta de dietas bem balanceadas e de alta qualidade são a base de sistemas de produção de alta eficiência. Em contra partida, estratégias reprodutivas agressivas (protocolos de sincronização de cio e inseminação artificial em tempo fixo) devem ser adotadas imediatamente após o final do período de espera voluntario para maximizar a probabilidade de prenhez nos primeiro 100 dias pós-parto.

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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MARIANA POMPEO DE CAMARGO GALLO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 20/01/2015

Para os interessados em Reprodução de Bovinos Leiteiroso, estamos com inscrições abertas para o Curso Online "Gestão da Reprodução de Bovinos Leiteiros: foco em Resultados".

Os instrutores são:  prof. Ricarda Santos, prof. José Luis Moraes Vasconcelos e os médicos veterinários Lucas Barbosa e Marcos Henrique Pereira. Eles estarão disponíveis durante todo o período do curso para sanar as dúvidas dos alunos.



Para participar, acesse o site: https://www.agripoint.com.br/curso/reproducao-leite/



Ou entre em contato pelo telefone (19) 3432-2199  ou e-mail: cursos@agripoint.com.br
RONALDO MENDONÇA DOS SANTOS

UBERABA - MINAS GERAIS

EM 22/06/2014

Concordo com a professora Ricarda. A vaca tem que parir bonita porém, não obesa. Michel, acho que essa escala 4 (1 a 5) é um bom escore de condição corporal) e não pode ser considerada obesa. Michel, achei seus dados interessantes, colocar ECC em vacas no final da gestação. Tenho observado em rebanhos de corte, que não é fácil recuperar as vacas com baixo escore no final da gestação, o feto ocupa muito espaço na cavidade abdominal, rúmen está reduzido de tamanho, os hormônios da gestação inibe o consumo. Acredito, que na vaca de leite não será diferente. O melhor momento seria no 5º e 6º mês de gestação. Além disso, nesse momento está ocorrendo a diferenciação das células mesenquimais do feto ( fibroblasto, mioblastos, adipócitos, ovários...) no caso de restrição alimentar nessa fase, poderá comprometer o desenvolvimento futuro desse animal.  Um forte abraço, Ronaldo.
ALEQUES

EM 18/06/2014

muito imteresante
MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 18/06/2014

Obrigado Ricarda,



A dúvida é recorrente pois em países com predominância de sistemas pastoris como Nova Zelândia, Irlanda e Uruguai vi uma preocupação dos produtores em elevar a condição corporal no fim da lactação. Produtores que fazem isso, em geral fornecendo silagem de milho nos últimos 40 dias da lactação ou fornecendo algum tipo de concentrado a mais nessa fase tem índices reprodutivos superiores (+ 80% de prenhez em 6 semanas de IA) e uma menor taxa de vazias ao fim de 10 semanas de estação de cobertura (3 a 7%).

É difícil entender o ponto ideal pois a escala da NZ é diferente da americana, porém as vacas secas que vi em campo tinham score entre 3,5 e 3,75.   



Most New Zealand herds have some cows that are too thin at

calving. They also have some cows that lose too much body

condition in early lactation. Both are problems that reduce

reproductive performance.

Cows in body condition score 5.0-5.5 at calving have substantially

better reproductive performance than cows in lower body condition.

Losses of one body condition score can be expected in early

lactation, and cows calving at 5.0-5.5 will likely be condition

score 4.0 at Planned Start of Mating date.

Cows that calve in low condition score 4.0-4.5 may lose less

condition but end up at condition score less than 4.0 at mating.

They produce less milksolids, take longer to start cycling and

their reproductive performance suffers (page 96).

Excessive losses of condition score (1.5 scores or more) can

occur when cows calve in body condition score above 5.5,

reducing their reproductive performance. First calvers are at risk

of losing more than one condition score, but as long as they

calved early, and are gaining condition prior to the Planned Start

of Mating date, they have every chance of getting back in calf

early. (In Calf Book)
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 17/06/2014

Prezado Alberto Duque Portugal,

Obrigada pela participação. O bST deve ser iniciado aos 60 dias pós-parto. Não existem evidências de que a eficiência reprodutiva de vacas bem manejadas seja comprometida pelo uso do bST.
RICARDA MARIA DOS SANTOS

UBERLÂNDIA - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 17/06/2014

Prezado Michel Valter Kazanovski,

Obrigada pela participação.

Fazer a vaca parir gorda não é um boa estratégia. A vaca gorda tem maior queda de ingestão de matéria seca, e essa queda começa antes do parto.

O manejo adequado no pós-parto que garante boa eficiência reprodutiva é a aquele que atende todas as necessidades da vaca, ou seja todas as necessidades nutricionais, sanitárias e de conforto devem ser atendidas nesse perído.
ALBERTO DUQUE PORTUGAL

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 17/06/2014

Excelente artigo.

Há alguma correlação negativa entre utilização de somatotropina recombinante e intervalo entre partos (prenhes aos 100 ou 120 dias) ? Quantos dias após o parto vocês recomendam a utilização da somatotropina ?
RONALDO MARCIANO GONTIJO

BOM DESPACHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/06/2014

Caro Michel,



De duas uma, ou troca-se a vaca ou a alimentação. Não faz sentido ter uma vaca de alto mérito se não vai nutrir a mesma, caso sua mentalidade não permita mudar a alimentação.
MICHEL KAZANOWSKI

QUEDAS DO IGUAÇU - PARANÁ - OVINOS/CAPRINOS

EM 16/06/2014

Caros autores,



Em sistema de produção a pasto, utilizando vacas de alto mérito genético, as vacas tem maior dificuldade de recuperar score corporal no pós-parto devido a menor ingestão de nutrientes. Estas vacas também tem um maior desafio reprodutivo já que os partos ocorrem de forma sazonal, devendo o animal emprenhar em período muito curto, principalmente as vacas que irão parir no final da estação de partos.

Neste cenário, uma condição corporal mais alta no momento do parto seria interessante? Qual seria o ideal? Qual o manejo pós parto mais adequado para estas vacas afim de elevar os índices reprodutivos?

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