Por José Luiz Moraes Vasconcelos1, Juliana Pescara 2 e Bruna Cardoso2
Diferentes tratamentos hormonais visando inseminação artificial em tempo fixo (IATF) têm sido utilizados em vacas mestiças a pasto. Nas primíparas tem sido indicado o Ovsynch com dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR) e nas multíparas o Heatshynch com CIDR (Garcia, 2003). A eficiência de um protocolo é determinada pela concepção obtida. A gonadotrofina sérica eqüina (eCG) tem sido muito utilizada em protocolos de bovinos de corte, devido ao aumento das taxas de concepção. Estudos de nosso grupo verificaram que a dosagem de 200UI foi semelhante à de 400UI. O objetivo deste estudo foi determinar se a inclusão de eCG aos protocolos propostos por Garcia (2003), poderia melhorar a concepção em vacas de leite mestiças, mantidas em regime de pastejo rotacionado.
Foram utilizadas 121 vacas de leite mestiças, sendo estas primíparas (n = 41), multíparas sem presença de CL no dia do inicio do protocolo (n = 26) e multíparas com presença de CL (n = 54), com escore de condição corporal (ECC) entre 2,5 e 4,0, em escala de 1 a 5. Todas as primíparas mais as multíparas sem presença de CL receberam o seguinte protocolo: GnRH (Fertagyl®, 100μg) mais dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR), após seis dias foi feita a remoção do dispositivo junto com a aplicação de PGF2α (Lutalyse®, 25mg). Após quarenta e oito horas foi realizada nova aplicação de GnRH (Fertagyl®, 100μg ), e IATF realizada doze horas após a segunda aplicação de GnRH. As multíparas ciclando foram submetidas ao protocolo: GnRH (Fertagyl®,100 μg) e dispositivo intravaginal de progesterona (CIDR) , seis dias depois houve remoção do CIDR junto com a aplicação de PGF2α (Lutalyse®, 25mg). Vinte e quatro horas depois os animais foram tratados com ECP (1 mg, cipionato de estradiol, via IM) e 48 horas após aplicação de ECP as vacas que não apresentaram cio foram submetidas à IATF. As vacas que apresentaram cio foram inseminadas 12h após a detecção do cio. Os grupos experimentais foram divididos em dois, aleatoriamente: G1 (n = 62) 2,0 ml de solução salina ou G2 (n=59) 200 UI de eCG (Folligon®) no momento da retirada do dispositivo intravaginal de progesterona. A presença de CL no inicio do protocolo e o diagnóstico de gestação aos 30 dias após a IATF foram determinados por ultra-sonografia. A variável taxa de concepção foi avaliada por regressão logística, sendo incluído no modelo as variáveis tratamento com eCG, categoria dias pós-parto (1= <100 dias, entre 100 e 150 dias e com > 150 dias), escore de condição corporal (< 2,75, entre 3, 0 a 3,25, > 3,5), protocolo utilizado, touro e inseminador.
Das variáveis analisadas apenas tratamento com eCG e escore de condição corporal influenciaram a concepção. Nas vacas que receberam eCG (200UI) a taxa de concepção foi de 40,7% e nas que não receberam eCG foi de 27,4% (P<0,10). Vacas com escore de condição corporal < 2,75 apresentaram concepção de 21,8%, enquanto nas de 3,0 a 3, 25, foi de 37,8% e nas com ECC > 3, 5, a concepção foi de 40,0% (P=0,102).
Estes dados mostram que inclusão de eCG aos protocolos pode aumentar a taxa de prenhez. Mais estudos são necessários para determinar o mecanismo pelo qual a inclusão de eCG aumenta a concepção.
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1José Luiz Moraes Vasconcelos é médico veterinário, professor da FMVZ/UNESP, campus Botucatu
2Juliana Pescara e Bruna Cardoso são alunas de graduação do curso de zootecnia e medicina veterinária, respectivamente, da FMVZ/UNESP, campus Botucatu
Este trabalho será apresentado no Congresso Brasileiro de Reprodução Animal em agosto de 2005.