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Efeito da gordura da dieta na qualidade dos ovócitos

POR RICARDA MARIA DOS SANTOS

E JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

JOSÉ LUIZ M.VASCONCELOS E RICARDA MARIA DOS SANTOS

EM 17/10/2007

5 MIN DE LEITURA

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Este texto é parte do artigo publicado na revista Biology of Reproduction v.77, p.9-17, 2007, com o título: Impact of Dietary Fatty Acids on Oocyte Quality and Development in Lactating Dairy Cows, pelo pesquisador Ali A. Fouladi-Nashta e colaboradores da University of Nottingham, do Reino Unido.

Introdução

A seleção genética para produção de leite, juntamente com as tecnologias de manejo e nutrição, permitiu um aumento significativo na produção de leite nas últimas décadas. Entretanto, o aumento na produção de leite por vaca, foi acompanhado por uma redução na fertilidade.

Vacas de alta produção entram num estado típico de balanço energético negativo no pós-parto devido ao alto requerimento de energia para mantença e produção de leite, que excede a quantidade de energia consumida. Suplementação energética insuficiente resulta em desempenho reprodutivo baixo, que inclui atraso na manifestação de estro pós-parto e redução na qualidade dos ovócitos, resultando em baixa taxa de concepção e alta taxa de mortalidade embrionária precoce.

A mortalidade embrionária precoce contribui muito para a redução da fertilidade das vacas, sendo relatado que mais de 40% do total das perdas embrionárias ocorrem entre os dias 8 e 17 após a inseminação. Nesse estágio a perda embrionária coincide com os efeitos inibitórios do interferon tau (IFN - tau), produzido pelo embrião, na liberação de prostaglandina F2alfa (PGF2alfa) pelo endométrio.

Esta perda sugere que uma grande quantidade dos embriões são incapazes de inibir a liberação de PGF2alfa, o que resulta na luteólise do corpo lúteo (CL) e redução da produção de progesterona e a interrupção da gestação. Conseqüentemente a qualidade do embrião pré-implantação e sua habilidade de comunicar-se com as células uterinas, são pontos críticos para o estabelecimento e a progressão da gestação.

Estudos mostraram que mudanças na alimentação estão relacionadas com efeitos na dinâmica folicular, sem alterações na concentração das gonadotrofinas. Foi criada a hipótese que sinais endócrinos e metabólicos que regulam o crescimento folicular, também influenciam o desenvolvimento do ovócito por mudanças na concentração de hormônios e fatores de crescimento no fluido folicular ou via interação granulosa/ovócito. Por exemplo, a mudança na energia da dieta ingeria, além de regular o crescimento folicular, influencia a morfologia e o potencial de desenvolvimento do ovócito.

A maioria dos estudos foi realizada em ovelhas, vacas de corte ou novilhas, portanto, o efeito da gordura da dieta na qualidade dos ovócitos de vacas leiteira lactantes, que estão sobre grande pressão metabólica, ainda não foi totalmente investigado.

Ácidos graxos são fontes ricas em energia e tem um importante papel estrutural e no funcionamento das membranas biológicas.

As gorduras da dieta influenciam a função reprodutiva, por aumentarem o balanço energético ou por agirem em processos reprodutivos não relacionados diretamente com energia. Estudos mostraram que a suplementação da dieta com gordura resultou em aumento do número total de folículos e estimulou o crescimento e o diâmetro do folículo pré-ovulatório. Além disso, o aumento da disponibilidade de ácidos graxos precursores, resulta no aumento da secreção de esteróides e eicosanóides, que podem alterar a função ovariana e uterina, e afetar o embrião antes da implantação. Também foi demonstrado que a composição de gordura da dieta materna influenciou a composição do fluido animiniótico (líquido da placenta) e a estrutura lipídica da membrana intestinal de ratos.

Estudos também apontam uma mudança sazonal na capacidade de desenvolvimento dos ovócitos bovinos, que pode estar relacionada com mudanças na composição de ácidos graxos dos ovócitos. Essa mudança na composição de ácidos graxos do fluido folicular e do ovócito é devido à temperatura ambiente e também pode estar relacionada com as mudanças sazonais que ocorrem na composição das dietas (mudanças de ingredientes de acordo com a época do ano).

Ácidos graxos são usados com fonte de energia durante a maturação ovocitária e o desenvolvimento embrionário até a implantação, portanto alterações na composição dos ácidos graxos podem aumentar a capacidade de maturação dos ovócitos e subseqüente desenvolvimento embrionário. Porém existe falta de informação sobre o efeito da concentração de gordura da dieta na qualidade dos ovócitos e subseqüente desenvolvimento embrionário in vitro em vacas de leite de alta produção.

Objetivo

Avaliar o efeito da dieta com duas concentrações de gordura inerte no rúmen na competência de ovócitos de vacas leiteiras lactantes.

Material e métodos

Vinte e duas vacas (número de lactações de um a três, dias pós-parto entre 40 a 60) foram divididas em dois grupos que receberam ração total suplementada com gordura inerte no rúmen, sendo:
Grupo baixa gordura - 200g/dia
Grupo alta gordura - 800 g/dia

O início da suplementação foi considerado o dia 0 do experimento. No dia 2 as vacas receberam um dispositivo intravaginal de progesterona, no dia 10 foi feita uma aplicação de PGF2alfa, o dispositivo foi retirado no dia 11. As sessões de aspiração folicular começaram no dia 13, sendo repetidas 7 vezes, com intervalo de 3 a 4 dias.

Após a coleta dos ovócitos, estes eram classificados morfologicamente de acordo com as células do cumulus e a homogeneidade do ooplasma (citoplasma do ovócito).
Os ovócitos foram maturados, fertilizados e cultivados in vitro, até o estágio de blastocisto.

A qualidade embrionária foi avaliada em blastocisto de 8 dias por coloração diferencial para células da camada interna do embrião (embriolasto) e para as células da camada externa (trofoectoderma).

Imediatamente antes da aspiração folicular foram feitas coletas de amostras de sangue para dosagem de aminoácidos, hormônios (insulina, glucagon, IGF-1, hormônio do crescimento e progesterona) e metabólitos (glicose, beta-hidroxibutirato, ácidos graxos não esterificados, albumina, uréia, magnésio, fósforo inorgânico, fosfato e globulina).

Resultados

Dieta com alta gordura reduziu o número de folículos pequenos e médios. Não foi detectada diferença na qualidade dos ovócitos e na taxa de clivagem (início da divisão celular embrionária). Porém, a dieta de alta gordura aumentou a produção de blastocisto a partir de ovócitos maturado (P<0,05) ou embriões clivados (P<0,05).

Os blastocistos obtidos a partir de ovócitos coletados de vacas alimentadas com alta gordura apresentaram maior número total de células, maior número de células do embrioblasto e trofoectoderma do que os obtidos do grupo baixa gordura (P<0,05), sugerindo melhor qualidade dos blastocistos, o que pode resultar em melhor desenvolvimento subseqüente e maiores chances de sobrevivência.

Foi detectado efeito negativo da produção de leite (P<0,001), ingestão de matéria seca (P<0,001), ingestão de energia metabolizável (P<0,005) e ingestão de amido (P<0,001) na produção de blastocisto no grupo baixa gordura, mas não no grupo alta gordura.

No grupo baixa gordura a produção de blastocisto foi negativamente relacionada com hormônio do crescimento (P<0,05) e positivamente relacionado com leptina (P<0,05). O grupo baixa gordura apresentou maior concentração de ácidos graxos não esterificados do que o grupo alta gordura (P<0,05)

Conclusão

O mecanismo específico pelo qual a gordura da dieta age nas estruturas e na função dos ovócitos ainda requer mais investigações, porém este estudo mostrou os benefícios do aumento da gordura da dieta no potencial de desenvolvimento de ovócitos coletados de vacas de alta produção.

RICARDA MARIA DOS SANTOS

Professora da Faculdade de Medicina Veterinária da Universidade Federal de Uberlândia.
Médica veterinária formada pela FMVZ-UNESP de Botucatu em 1995, com doutorado em Medicina Veterinária pela FCAV-UNESP de Jaboticabal em 2005.

JOSÉ LUIZ MORAES VASCONCELOS

Médico Veterinário e professor da FMVZ/UNESP, campus de Botucatu

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