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Duração da gestação: influência no peso ao nascer e na incidência de retenção de placenta

Artigo publicado na revista Ciência Animal Brasileira, v.21, e-52881 (DOI: 10.1590/1809-6891v21e-52881). Rezende, EV, Reis, IJ, Campos, CC, Santos, RM.

O objetivo com este estudo foi avaliar a influência da duração da gestação (acima ou abaixo da média), estação do ano ao parto (outono-inverno vs. primavera-verão) e sexo do bezerro em seu peso ao nascer e incidência de retenção de placenta (RP) em vacas leiteiras mestiças.

Os dados foram coletados de 2014 a 2016 em uma fazenda leiteira comercial localizada na região do Alto Paranaíba, Minas Gerais, Brasil. O rebanho era composto por vacas leiteiras mestiças, com composição genética de 3/4 a 7/8 Holandesa/Gir, com média de 130 vacas lactantes mecanicamente ordenhadas duas vezes por dia, com uma produção média de 19,00 litros de leite/vaca/dia. Os animais eram secos 60 dias antes da data prevista do parto e 30 dias após a secagem, as vacas eram transferidas para o lote pré-parto, e recebiam uma dieta específica.

As vacas em lactação eram mantidas em sistema semi-intensivo, com pastagem rotacionada e suplementação de concentrado durante a estação chuvosa (novembro a marco). Durante a estação seca (abril a outubro) eram mantidas em piquetes e alimentadas com dieta total, a base de silagem de milho. Água e sal mineral era fornecido à vontade.

A duração da gestação foi determinada como o intervalo entre o dia da inseminação artificial (IA) que resultou na gestação e o dia do parto. O nascimento de gêmeos, natimorto e/ou aborto não foram considerados neste estudo. Foram registrados dados relacionados ao parto de um único bezerro viável, incluindo a data de nascimento, estação do ano ao parto (primavera-verão ou outono-inverno), sexo e peso ao nascer. O peso do bezerro foi estimado por meio de fita de pesagem (Bovitec®).

Para o diagnóstico de RP, as vacas foram avaliadas imediatamente após o parto e, quando possível, durante o parto, e aquelas que não liberaram as membranas fetais nas primeiras 12 horas após a expulsão do feto foram consideradas como casos positivos de RP.

As variáveis binomiais foram analisadas por regressão logística e as variáveis contínuas foram avaliadas por meio da análise de variância utilizando o programa MINITAB. As variáveis incluídas no modelo foram peso ao nascer ajustado em categorias (abaixo ou acima da média), duração da gestação ajustado em categorias (abaixo ou acima da média), sexo, estação do ano ao parto (primavera-verão ou outono-inverno) e as possíveis interações entre essas variáveis. A significância estatística foi estabelecida como P ≤ 0,05 e tendência como 0,05 < P < 0,10.

No presente estudo, a duração média da gestação foi de 274,4 dias, o que é semelhante a duração da gestação das vacas leiteiras Holandesas (276 ± 6 dias) relatado por Vieira-Neto et al. (2016). Foram analisados um total de 187 parto, dos quais 85 bezerros do sexo masculino e 102 do sexo feminino nasceram com peso médio de 41,73 kg.

Não foram encontradas diferenças no peso ao nascer entre os bezerros nascidos na primavera-verão ou no outono-inverno (P = 0,232). O sexo do bezerro não influenciou o peso ao nascer (P = 0,720); no entanto, as vacas com duração da gestação abaixo da média pariram bezerros mais leves (P = 0,001), e isso pode ser devido ao comprometimento do desenvolvimento final do feto nas gestações de menor duração (Tabela 1).

Esperava-se que os partos que ocorressem na primavera-verão produzissem bezerros mais leves, devido aos efeitos do estresse térmico. Tao et al. (2012) e Monteiro et al. (2014) relataram que os bezerros nascidos de vacas submetidos ao estresse térmico durante o período seco apresentaram menor peso ao nascer em comparação com os bezerros nascidos das vacas em conforto térmico. As vacas gestantes expostas ao estresse térmico apresentaram redução do fluxo sanguíneo uterino, o que causou retardo no crescimento fetal (Oakes et al., 1976), menor peso placentário (Muller et al. 1974) e menor peso ao nascer (Tao et al., 2012). Entretanto, esses efeitos não foram observados no presente estudo.

Kertz et al. (1997) avaliaram peso corporal de bezerro ao nascimento e sexo em parto de vacas e novilhas Holandesas. Os autores relataram um peso médio de 41,4 kg, semelhante ao resultado obtido no presente estudo, e que os bezerros machos eram 8,5% mais pesados que as fêmeas, o que não foi detectado no presente estudo. A explicação fisiológica para bezerros machos nascerem mais pesados e a produção de hormônios androgênicos. O bezerro macho começa a produzir uma quantidade significativa de testosterona aos 45 dias de gestação. A presença de receptores andrógenos em células musculares durante o desenvolvimento fetal resulta em maior crescimento do tecido muscular e diferenças de peso ao nascer entre os sexos (Holland e Odde, 1992).

Existe uma correlação positiva que varia de baixa a moderada entre a duração da gestação e o peso ao nascer dos bezerros. Sabe-se que períodos de gestação mais longos permitem um crescimento fetal adicional, mas há um limite para isso, uma vez que a magnitude no aumento do peso ao nascer pelo prolongamento da gestação é pequena (Holland e Odde, 1992). Johanson e Berger (2003) demonstraram uma relação linear e positiva entre o peso ao nascer e a mortalidade perinatal, implicando que a gestação mais longa produz bezerros mais pesados e com maior risco de mortalidade ao nascimento.

Tabela 1. Efeito da estação do parto, sexo do bezerro e duração da gestação sobre o peso dos bezerros de vacas leiterias mestiças na região do Alto Paranaíba, Minas Gerais, Brasil.

 Efeito da estação do parto, sexo do bezerro e duração da gestação sobre o peso dos bezerros de vacas leiterias mestiças

No presente estudo, a incidência de RP foi de 36,89% (69/187). De acordo com os resultados de estudos anteriores, a incidência de RP variou entre 12,8 e 15,7% (Fernandes et al., 2012, Rezende et al., 2013; Buso et al., 2018) para vacas leiteiras Holandesas e mestiças. Diferente do esperado, as vacas leiteiras mestiças apresentaram alta incidência de RP, independentemente da estação do ano. As vacas leiterias mestiças são geralmente mais adaptadas às condições de ambientes quentes e úmidos, predominantes em regiões tropicais e são menos propensos a desenvolver RP em comparação com vacas leiteiras de raça pura.

A estação do ano ao parto não afetou a incidência de RP (P = 0,245) (Tabela 2). Rezende et al. (2013) avaliaram as vacas Holandesas mantidas em free-stall na região de Alto Paranaíba e não relataram diferenças na incidência de RP entre diferentes estações. Buso et al. (2018) também não encontraram efeito da estação do ano ao parto na incidência de RP de vacas leiteiras mestiças. Por outro lado, Nobre et al. (2012) e Larson et al. (1985) relataram que a incidência de RP parecia variar de acordo com a estação do ano. Fernandes et al. (2012) avaliaram as vacas leiteiras Holandesas e Girolando e encontraram maior incidência de RP nos períodos mais quentes do ano. Essas diferenças encontradas entre os estudos podem ser decorrentes das diferenças nas práticas de manejo aplicadas nas fazendas, raças de vacas leiteiras, condições ambientais e outros fatores.

No presente estudo, o sexo do bezerro não influenciou a incidência de RP (P = 0,332), o que está de acordo com os achados de Muller e Owens (1974) que não verificaram efeito do sexo do bezerro na incidência de RP. Santos et al., (2002) também observaram que o sexo do bezerro não afetou o tempo de eliminação da placenta, nem a porcentagem de vacas com RP dentro de 8 e 12 horas após a expulsão do feto. Já Grohn e Rajala-Shultz (2000) e Ettema e Santos (2004) relataram que as vacas primíparas que pariram fêmeas tinham menos distocia do que as que pariram machos. Bell e Roberts (2007) relataram que o nascimento de bezerros macho e maiores estava associado à assistência ao parto e à ocorrência de RP, fatores que são considerados predisponentes as infecções uterinas.

Tabela 2. Efeitos da estação do ano ao parto, sexo e peso do bezerro e duração da gestação na incidência de retenção de placenta em vacas leiteiras mestiças na região do Alto Paranaíba, Minas Gerais, Brasil.

Efeitos da estação do ano ao parto, sexo e peso do bezerro e duração da gestação na incidência de retenção de placenta em vacas leiteiras mestiças

As vacas com menor duração de gestação (< 274,4 dias) apresentaram maior incidência de RP em relação às vacas com duração da gestação acima da média (Tabela 2). Esse resultado pode ser atribuído à falha no amadurecimento dos placentomas, o que pode ter levado à retenção das membranas fetais. Semelhante aos nossos resultados, Vieira-Neto et al. (2016) relataram que as vacas Holandesas primíparas com gestação mais curta apresentaram maior incidência de RP, e que vacas Holandesas multíparas com gestação curta ou longa apresentaram maior incidência de RP. A duração da gestação é afetada por vários fatores, incluindo fatores genéticos, sexo da cria, gestação gemelar, idade da vaca e estação do ano ao parto (Silva et al., 1992). Foi relatado que o estresse térmico durante as últimas 6 semanas de gestação reduziu o período de gestação das vacas em 3 a 4 dias em comparação com as vacas submetidas à temperatura e umidade controladas (Tao at al., 2013). A menor duração da gestação também foi associada ao aumento da incidência de infecções uterinas em vacas leiteiras (Bell e Roberts, 2007). Mais estudos são necessários para entender claramente as causas e fatores específicos relacionados a redução da duração da gestação, bem como desenvolver estratégias para prevenir sua ocorrência em vacas leiteiras.

Conclui-se que vacas leiteiras mestiças com período de gestação menor parem bezerros mais leves e são mais susceptíveis a retenção de placenta.

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