Nesta época do ano ocorre uma concentração de parto nas nossas fazendas. Dentro dos objetivos das fazendas leiteiras estão:
• Obter um bezerro vivo, de tamanho dentro da média de todas as vacas do rebanho todo ano;
• Novilhas parindo com 24 meses de idade;
• Vacas e novilhas vivas e saudáveis no pós-parto.
Para que esses objetivos sejam alcançados, temos que adotar práticas de manejo para reduzir a incidência de distocias. (Distocia: é uma palavra cientifica usada para descrever a dificuldade de expulsão durante o processo de parição).
As conseqüências da ocorrência das distocias vão do aumento dos custo com medicamentos a morte do bezerro e/ou da vaca. A distocia é a maior causa de morte de bezerros no parto ou imediatamente após o parto e a maior causa de infecções uterinas, retenção de placenta e conseqüentemente aumento de intervalos entre partos.
Estudos americanos apontam que os custos com a mortalidade resultante de distocias variam de 12 dólares por parto, ou 600 dólares por ano, num rebanho de 50 vacas. Os custos com medicamentos, serviços veterinários e o aumento do intervalo entre partos pode triplicar esse números.
Geralmente as dificuldades no parto são causadas pela desproporção de tamanho, o bezerro é muito grande em relação ao canal do parto. Vacas de primeira cria tem duas vezes mais problemas de parto do que as vacas adultas, pois ainda não atingiram o tamanho corporal característico da raça.
A taxa de distocia é uma característica de baixa herdabilidade, por isso, é difícil fazer uma seleção para essa característica. A herdabilidade varia de 5 a 15 %, e mais de 15% das variações podem ser atribuídas aos fatores de meio ambiente e manejo. Conseqüentemente, o melhor método para reduzir a incidência de distocias é adotar boas práticas de manejo.
Alimentação adequada
A alimentação de vacas e novilhas deve ser adequada para que estas cheguem ao parto em boa condição corporal, pois vacas e novilhas gordas têm maior incidência de problemas de parto.
A dieta das novilhas tem que ser formulada para que estas continuem crescendo no período de gestação e consigam parir sem dificuldades (consultar radares anteriores sobre manejo pré-parto e manejo de novilhas).
Piquete maternidade
Providencie uma área limpa, seca, bem ventilada e espaçosa para minimizar a possibilidade de contaminação do bezerro e da vaca durante o parto e no pós-parto imediato.
Observe o parto - a observação deve ser discreta e contínua
O piquete maternidade deve estar localizado em área de fácil acesso, para que as vacas próximas ao parto possam ser observadas com freqüência.
A taxa de mortalidade dos bezerros que são facilmente puxados (auxílio moderado ao parto) é menor do que dos bezerros que nascem sem ajuda, provavelmente porque nos partos que não são ajudados, o bezerro não recebe os mesmos cuidados pós-parto que o bezerro que é puxado recebe, como: limpeza do nariz, estimulação da respiração e outros cuidados.
Deixe a vaca parir
Um erro comum, especialmente das pessoas inexperientes, é ficar ansioso e puxar o bezerro muito cedo. Se a cérvix não estiver suficientemente dilatada, o ato de puxar o bezerro pode causar lesões sérias na vaca e estressar o bezerro.
O parto das novilhas é mais demorado do que o das vacas maduras.
O parto começa com as contrações uterinas e a dilatação da cérvix. Inicialmente, as contrações ocorrem a cada 15 minutos. O trabalho de parto continua, as contrações se tornam mais intensas, mais freqüentes, e a cérvix se dilata até o ponto em que o útero e a vagina se tornam um canal único. A partir dessa fase inicia-se a expulsão do bezerro, primeiramente com a liberação de líquido pela vulva. As vacas podem levar 4 horas para parir, e as novilhas até 6 horas.
O parto normal inicia com a apresentação das patas dianteiras do bezerro primeiro, seguida da cabeça, ombros, costado e membros posteriores. O bezerro deve estar com a coluna voltada para cima.
Quando existe problema?
Os dois sintomas da distocia são: trabalho de parto a mais de 8 horas e evidências de que o bezerro não está na posição correta. Se o parto não ocorre no tempo esperado e o bezerro está fora de posição, a assistência deve ser iniciada.
Se existe suspeita de que o bezerro não está posicionado corretamente, a vaca deve ser examinada por palpação pelo canal do parto, depois da devida higienização da área. Luvas devem ser usadas para evitar contaminação da pessoa que está executando o serviço e do canal do parto.
A má posição do bezerro ocorre em 2% dos partos de novilhas e vacas, e 95% delas necessitam de assistência, que varia de simples reposicionamento dos membros anteriores até cesariana. Essas manobras devem ser feitas por uma pessoa experiente.
Se o bezerro precisa ser puxado, isto deve ser feito obedecendo o ritmo das contrações da vaca, sem força exagerada, e com material devidamente higienizado.
Intervenção no parto:
• Novilhas entre 60 a 90 minutos após o aparecimento das membranas fetais
• Vacas entre 30 a 60 minutos após o aparecimento das membranas fetais
Assistência ao bezerro recém-nascido
Após o parto, a boca e o nariz do bezerro devem ser limpos para a retirada do muco e início da respiração. O umbigo deve ser curado com iodo, para desidratar o coto umbilical, prevenindo infecções.
A ingestão de colostro de alta qualidade deve ser feita imediatamente após o nascimento, pois a placenta dos bovinos impede a transferência de imunoglobulinas maternas para os bezerros, e, 24 horas após o nascimento, o intestino do bezerro perde a capacidade de absorver as imunoglobulinas.
Seleção de touros para novilhas
Uma das estimativas feitas na seleção de touros é a porcentagem esperada de dificuldade no primeiro parto. Uma estimativa de 13% significa que o parto do bezerro filho desse touro nascido de uma novilha terá alguma dificuldade de parto. Touros com estimativa de 10% ou menos devem ser usados em novilhas.
Como prevenir distocia
• Crie as novilhas para que venham a parir com tamanho adequado aos 24 meses de idade, e evite que vacas e novilhas tenham excesso de peso no parto.
• Providencie um piquete maternidade limpo, seco, ventilado e de fácil acesso.
• Observe o parto (de forma discreta e contínua)
• Espere o tempo necessário antes de auxiliar o parto.
• Preocupe-se com higiene em todos os procedimentos de auxílio ao parto.
• Reconheça suas limitações em resolver o problema, chame um veterinário antes que a vaca esteja exausta, e o bezerro morto.
• Providencie boa assistência ao bezerro recém-nascido
• Selecione touros para cobrir as novilhas com provas para facilidade de parto de 10% ou menos.