Num estudo conduzido durante um ano na Europa, 249 rebanhos foram acompanhados para a determinação dos pontos críticos para a contaminação do leite por Listeria monocytogenes, bactéria que causa a listeriose no homem, com sintomas de febre, dores musculares e às vezes sintomas gastrintestinais, como náuseas e diarréia.
Como resultado, pôde-se verificar que a prevalência de contaminação pela bactéria era maior em material fecal que em outros, como o volumoso oferecido aos animais. Portanto, a devida atenção às boas práticas de ordenha e higiene do estábulo são procedimentos importantes para redução dos riscos de contaminação do leite não só pela L. monocytogenes, como também por outros microorganismos, como Campylobacter spp. e Salmonella spp., por exemplo.
Figura 1: Representação esquemática do fluxo de produtos da fazenda até o consumidor.
Anteriormente, os riscos aos quais as vacas estavam expostas para adquirir a mastite ambiental era o argumento para justificar os procedimentos para o controle do ambiente na propriedade leiteira. Realmente, a vaca está exposta à contaminação por bactérias de origem ambiental, as quais são oportunistas e causam infecções agudas na glândula mamária. Entretanto, em algumas situações estes microorganismos podem se tornar melhor adaptados ao ambiente da glândula mamária, resultando numa infecção de quadro crônico, aumentando a possibilidade de transmissão desta cepa para outros animais.
Portanto, o controle dos fatores ambientais envolvidos com a aparição de casos de mastite ambiental num rebanho é importante não só para a redução dos casos desta infecção intramamária, mas também na prevenção da emergência de novas cepas que migrem do ambiente externo e se adaptem ao ambiente da glândula mamária, e aí permaneçam promovendo infecções de caráter mais crônico.
Existem inúmeras razões para a manutenção de um ambiente limpo na propriedade leiteira. Os estudos demonstram a importância de adotar procedimentos que controlem os fatores ambientais para melhorar a qualidade do leite, e ainda controlar os riscos de contaminação do leite por bactérias que causem doenças no homem.
Apesar de ser impossível a erradicação desses microorganismos na propriedade rural, a única maneira de prevenir a contaminação e manter a boa qualidade microbiológica do leite é controlando os fatores ambientais aos quais as vacas estão expostas. Além dos benefícios imediatos do produtor, com a redução dos casos de mastite ambiental e um leite de melhor qualidade, pode-se buscar também um aumento da credibilidade dos consumidores em relação aos alimentos de origem animal.
Fonte:
Schukken et al., Mastitis in dairy production - Current knowledge and future solutions. Pp, 109 - 114. 2005.