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Raça Holandesa: pontos fortes, limitações de hoje e oportunidades no futuro

POR RODRIGO DE ALMEIDA EU

PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/06/2007

8 MIN DE LEITURA

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É inegável a superioridade da vaca Holandesa na produção de altos volumes de leite, particularmente em sistemas mais intensivos. Esta capacidade de grande produção de leite e de seus componentes faz com que a raça Holandesa seja reconhecida hoje por sua alta lucratividade, particularmente em períodos de justa remuneração pelo litro de leite.

Por ser a raça bovina de maiores produções de leite, tem sido a raça de escolha em diversas regiões, tanto no Brasil como em outros países. No Brasil, além das regiões de clima mais ameno onde a raça Holandesa já é explorada há muitas décadas, poderíamos citar a escolha da raça Holandesa em novos projetos leiteiros no estado de Goiás, hoje o segundo maior produtor de leite nacional, ou ainda no sudoeste paranaense, regiões até pouco tempo atrás consideradas inóspitas para uma raça européia especializada.

Em outros países poderíamos mencionar a predominância de rebanhos Holandeses hoje nos EUA e em outros países de pecuária leiteira mais intensiva. Como está descrito na Figura 1, a raça Holandesa constituía 60% do rebanho leiteiro norte-americano em 1940. Hoje, mais de 90% da população de vacas leiteiras nos Estados Unidos é de gado Holandês. Percebam que todos os demais grupamentos raciais perderam espaço, particularmente a raça Guernsey.

Figura 1. Principais raças bovinas leiteiras nos Estados Unidos em 1940 e em 2005.


Fonte: Hoard´s Dairyman (2006)

Pontos fortes

A raça Holandesa originalmente era uma raça de dupla aptidão (Frísia), e passou a ser selecionada exclusivamente para aptidão leiteira na América do Norte, a partir do fim do século XIX.

A principal qualidade da raça Holandesa é a sua extraordinária capacidade de produzir grandes volumes de leite. Por causa do seu sucesso como uma raça de altas produções leiteiras, por longos períodos de lactação, a raça Holandesa tem uma demanda crescente em todo o mundo.

Outro ponto a ser destacado é o notável melhoramento alcançado na raça Holandesa em volume (ou quilogramas) dos componentes gordura e proteína. Embora a raça Holandesa seja corretamente associada com a produção de leite com os mais baixos teores de gordura e de proteína é importante salientar que o mais importante para a indústria são volumes de componentes, e não seus percentuais. Como pode ser constatado na Tabela 1, a raça Holandesa é a raça leiteira que produz as maiores quantidades de gordura e de proteína, até mesmo superiores a raças reconhecidas pela excepcional composição do seu leite.

Tabela 1. Produções médias de leite, gordura e proteína nas principais raças leiteiras nos Estados Unidos em 2006, oriundas de rebanhos em controle leiteiro.


Fonte: USDA, Summary of Herd Averages (2007)

Um último ponto que gostaríamos de destacar é a diversidade de material genético existente hoje na raça Holandesa e a possibilidade de escolher sêmen de centenas de reprodutores provados de distintas famílias e linhagens. Em contraste, para criadores das raças Jersey e Pardo-Suíço as opções de sêmen provado são em menor número no mercado. Basta abrir qualquer catálogo de Central de I.A. com sêmen comercializado no Brasil para constatarmos que esta afirmação não é exagerada. Portanto, nestas raças de menor população, e com número reduzido de opções de reprodutores provados, os riscos de consangüinidade são maiores.

Limitações

O tamanho atual de uma típica vaca Holandesa é considerado excessivo por muitos. Vacas demasiadamente grandes apresentam de fato maiores exigências energéticas de mantença e, portanto precisam ter altos consumos de alimentos para atender esta alta demanda. Vacas demasiadamente grandes não produzem mais leite do que vacas medianas. E por outro lado, estas vacas excessivamente grandes apresentam longevidade 15% inferior às vacas medianas.

Para os (poucos) criadores que têm uma fatia significativa de sua receita oriunda da comercialização de animais e dependem de participações em exposições e leilões, há suficiente variabilidade na raça Holandesa para escolher indivíduos com avaliações genéticas positivas para tipo e características corporais. Mas para o produtor que basicamente depende da comercialização de leite, as características de conformação que deveriam receber maior ênfase são as de sistema mamário e pernas & pés. Para este produtor "comercial" vacas Holandesas de porte médio, com 625 kg PV são mais eficientes e lucrativas.

Criadores e técnicos da raça Holandesa devem ter uma preocupação crescente com o aumento nas incidências de distocia e de natimortos em rebanhos especializados. Natimortos são os bezerros que nascem mortos ou que morrem poucos minutos após o nascimento. A meta é limitar esta proporção de natimortos em 4%. Sabemos que a incidência de natimortos é particularmente alta em partos distócicos e em novilhas de primeira cria que não receberam a devida atenção no período pré-parto.

Segundo dados recentemente publicados (março de 2007) pelo Laboratório de Melhoramento Animal do USDA, a raça Holandesa tem as maiores taxas de partos distócicos (ou dificuldade de parto) entre novilhas de primeira cria: 7,9%, em relação as primíparas Pardo-Suíço e Jersey, com 4,7 e 0,8%, respectivamente.

A raça Holandesa tem que continuar a se preocupar com características de saúde, resistência e conformação que afetam a lucratividade vitalícia da vaca leiteira. É evidente que para dar retorno econômico a um produtor exige-se que esta vaca permaneça um tempo mínimo no rebanho.

O tempo entre o nascimento e o primeiro parto é um longo período, onde os animais ainda não entraram na sua vida produtiva e, portanto, não estão gerando receitas. Considerando o fato que muitas vacas leiteiras somente completam três ou menos lactações na sua vida produtiva, muitos animais passam praticamente metade das suas vidas como novilhas!

Um dos parâmetros mais aceitos na avaliação de longevidade é a chamada "vida produtiva em meses"; hoje nos EUA uma vaca Holandesa tem em média somente 28,2 meses de vida produtiva. Como uma novilha tem idade média a primeira parição de 26,8 meses, podemos afirmar que a idade média que a vaca é descartada nos EUA é 55 meses (ou 4,5 anos). Este dado impressiona porque mostra que hoje a pressão e o estresse associado às altas produções são tão grandes, que a maioria das vacas não tem a oportunidade de alcançar a idade de máxima produtividade, 6-7 anos, segundo referências clássicas.

Mas há diferenças entre raças na longevidade dos rebanhos? Parece que sim: hoje nos EUA vacas Jersey e Pardo-Suíço permanecem no rebanho 35,0 e 31,6 meses, respectivamente, em contraste com os 28,2 meses da vaca Holandesa (Cassell, 2006). Ainda não foi determinado se esta menor longevidade da raça Holandesa é um "preço" a ser pago pelas altas produções ou se a vaca Holandesa é intrinsecamente mais frágil ou menos robusta que as outras raças.

Por que vacas leiteiras deixam os rebanhos? Segundo dados de outros países (Figura 2), a maioria das vacas é descartada por três principais razões: baixa produção de leite (descarte voluntário), problemas reprodutivos e mastite/problemas de úbere. Neste ano começamos a coletar estes dados junto aos cooperados da Capal Cooperativa Agroindustrial, em Arapoti-PR, e esperamos ter novidades sobre este assunto no próximo ano!

Figura 2. Principais razões de descarte de vacas na província de Quebec, Canadá.


Fonte: Quebec Dairy Herd Analysis Service (2003)

Segundo dados preliminares, a mortalidade explica 25% dos descartes de uma propriedade leiteira. Em outras palavras, de cada 4 vacas que deixam os rebanhos, 1 morre e 3 são na verdade descartadas.
Em uma pesquisa recente com 20 grandes rebanhos confinados norte-americanos determinou-se uma média de 8% na taxa de mortalidade anual, com uma variação entre rebanhos de 3,5 a 16,8% (Stone et al., 2006). Esta é uma outra área que criadores e produtores comerciais de gado Holandês, particularmente em sistemas de produção mais intensivos, têm que começar a se preocupar. A meta para rebanhos confinados são taxas inferiores a 4%.

Outro fato que tem gerado preocupação, particularmente em rebanhos de maior produtividade, é a queda da eficiência reprodutiva de rebanhos leiteiros.

Nas décadas de 50 e 60, taxas de concepção estavam em torno de 60 a 65%. Hoje, 50 anos mais tarde, muitos rebanhos se dão por satisfeitos se alcançam taxas de concepção de 30-35%. Aqui no Paraná, chegamos ao ponto que alguns rebanhos leiteiros de alta produção já nem estão tentando re-inseminar as vacas antes dos 150 dias pós-parto. Estes (ainda poucos) rebanhos constataram que em rebanhos de alta persistência e com somatotropina bovina é mais lucrativo um intervalo entre partos de 15 meses (ao invés dos tradicionais 12-13 meses).

Em grande parte, esta queda do desempenho reprodutivo pode ser atribuída às maiores produções de leite: vacas de alta produção têm menores taxas de concepção, maior perda de prenhez, maior taxa de múltipla ovulação e redução do estro comportamental (Wiltbank et al., 2006). Mas neste caso não parece ser correto associar a raça Holandesa com baixa fertilidade! Se muitos rebanhos Holandeses estão se deparando com baixa eficiência reprodutiva, isto não parece estar associado com a raça em questão, mas sim com as altas produções típicas deste grupamento racial.

Também acredito ser este o caso na crescente incidência de mastite e de desordens metabólicas no pós-parto (febre do leite, retenção de placenta, metrite, cetose, fígado gorduroso, deslocamento do abomaso, laminite, etc.). Não acredito que uma vaca Holandesa de 25 kg/dia tem mais mastite ou é menos resistente que vacas Jersey e Pardo, também produzindo os mesmos 25 kg/dia. Mas concordo que vacas Holandesas produzindo 40 kg/dia estão sob maior risco do que vacas Jersey e Pardo produzindo 25 kg/dia. Em outras palavras, parece que temos que pagar um "preço" se quisermos produções cada vez mais altas...

Por último há uma crescente preocupação com os limites térmicos que afetam a produção de leite. Neste verão de 2007 acredito que todos os criadores nacionais de raças leiteiras européias especializadas se depararam com muitos dias de estresse calórico e produção deprimida pelo baixo consumo alimentar. Embora todas as raças européias tenham sua termoneutralidade (temperatura de conforto) entre 5 e 20°C, há evidências que a raça Pardo-Suíço e principalmente a raça Jersey tenham limites térmicos um pouco mais altos que a raça Holandesa.

Para rebanhos Holandeses de alta produção será cada vez mais importante investir em instalações, práticas nutricionais e de manejo para amenizar o impacto das altas temperaturas que certamente teremos nos próximos verões.

Conclusões

Esta preocupação em discutir as limitações ou fragilidades da raça Holandesa não é idéia original minha. No ano passado a própria Associação de Gado Holandês dos EUA (Holstein Association USA) se reuniu e convocou uma "força-tarefa" para discutir os pontos fortes e fracos da vaca Holandesa de hoje. Este comitê de criadores e técnicos, denominado "Breed of the Future", relacionou alguns pontos que representam oportunidades de melhora e todos eles foram aqui brevemente discutidos.

Este artigo não teve como objetivo criticar a raça Holandesa, meramente relacionando seus pontos fracos e suas fragilidades. Admiro a raça Holandesa e seus criadores. Mas acredito que a seleção da raça Holandesa pode ser aperfeiçoada, em busca de um animal mais balanceado, em que a produção de grandes volumes de leite continuará a ser importante, mas sem esquecer que nosso produtor precisa de uma vaca saudável, longeva e fértil para ter lucro e permanecer na atividade leiteira.

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GABRIELA SCOPEL LOVATEL

ANTÔNIO PRADO - RIO GRANDE DO SUL - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 25/05/2020

Não sei se concordo com a seguinte frase: "Embora a raça Holandesa seja corretamente associada com a produção de leite com os mais baixos teores de gordura e de proteína é importante salientar que o mais importante para a indústria são volumes de componentes, e não seus percentuais", pois o gasto com a pasteurização varia conforme a quantidade de leite beneficiado, então talvez a Jersey, por ter um leite mais concentrado seja mais vantajosa, olhando por essa perspectiva.
GUILHERME RISTOW

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 17/06/2016

muito bom artigo!!!
DONIZETI DA SILVA

CAMPO NOVO DE RONDÔNIA - RONDÔNIA - ESTUDANTE

EM 29/10/2014

Realmente vc disse  tudo, ainda mais devido nosso país ter diversos climas. Quanto a produção é indiscutível, é a melhor, mas encontra limitações em nosso país (clima).
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/01/2008

Prezado Dr. Rodrigo: Muito se fala na dificuldade de parto dasvacas Holandesas. Todavia, como eu afirmei em resposta anterior, lido com elas há bastante tempo e nunca presenciei nenhuma dificuldade na parição, nem de novilha, muito menos uma que conduzisse à morte do animal ou de sua cria. Acredito que esta "dificuldade" tão cantada apareça em cruzamentos com raças zebuínas, onde o bezerro é consideravelmente maior que o puro e, por isso, demande tal complicação.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG
HELDER DE ARRUDA CÓRDOVA

CASTRO - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 16/06/2007

Realmente, para quem trabalha há anos com a raça Holandesa e lê alguns trabalhos que são publicados periodicamente e, além disso leciona, fica evidente que vários aspectos em relação à raça precisam ser revistos, quanto a eficiência reprodutiva, incidência de doenças metabólicas, longevidade, problemas de cascos, etc.

Inclusive é preciso rever a forma de avaliação de algumas características na classificação para tipo como estatura, angulosidade, força e largura de garupa, que de acordo com vários trabalhos publicados em países como a Holanda e Estados Unidos (Weigel, 2002), os extremos biológicos tornam as vacas menos longevas.

Salvo mellhor juízo, a própria forma de julgar os animais nas exposições também precisa ser revista, a exemplo do que outras raças já fizeram, incorporando alguns dados de desempenho do animal. Para concluir acho o artigo pertinente e oportuno. Parabéns!
GIOVANI ANTONIO FERRONATO

CASCAVEL - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 16/06/2007

Parabéns pelo seu artigo. Concordo em tudo o que está escrito. Esta também é a minha opinião sobre vaca e leite.

Giovani
FRANCISCO DE ASSIS LAMAR

SÃO LUÍS - MARANHÃO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 14/06/2007

Dr. Rodrigo de Almeida, Boa noite,

Gostaria de preguntar: se atentarmos e atender a todos os itens bem comentados pelo Dr. Luís Fermando Bonin Freitas, poderemos eliminar um dos problemas mais crucial da raça, que é o da dificultade de partos?

Lamar.

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Lamar,

Obrigado pela sua participação. Agora respondendo a sua pergunta, não acredito que boas práticas de manejo pré-parto, treinamento e valorização dos funcionários e níveis nutricionais adequados no período de transição sejam suficientes para eliminar ou reduzir substancialmente a dificuldade de parto na raça Holandesa.

É lógico que tudo isto é fundamental, mas para "encararmos o problema de frente" teremos que também cuidar da seleção dos animais, em particular da escolha dos touros que entram nas centrais de IA.

Também acredito que o produtor pode fazer a sua parte, escolhendo touros provados com facilidade de parto para suas novilhas e evitando que estes touros com facilidade de parto sejam usados nas vacas adultas! Por quê? Se usarmos touros com facilidade de parto em todo o rebanho, mesmo em vacas grandes que dificilmente terão problemas de parto, a médio e longo prazo o tamanho do rebanho diminuirá em excesso e estas vacas estarão mais propensas a apresentar dificuldade de parto.

Enfim, na minha modesta opinião, não será um problema fácil de ser resolvido, mas é hora de começarmos a nos preocupar com esta questão...

Abraços

Prof. Dr. Rodrigo de Almeida
Departamento de Zootecnia - Universidade Federal do Paraná
JOSÉ PEDRO WESTIN AGUIAR

SÃO JOÃO DA BOA VISTA - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/06/2007

Primeiramente parabéns pelo artigo!

Desculpe-me a ignorância no assunto, mas sempre que vejo o tema de posicionamento de raças leiteiras, aborda-se a questão da concentração ou produção total na lactação de gordura/proteína, no entanto, o lógico não seria tratarmos de conversão alimentar x gordura/proteína.

Acredito que se analisarmos a produção de gordura/proteína em função da conversão alimentar, estaríamos com isto neutralizando os itens como tamanho da raça, concentração e produção/animal. No fundo o que queremos é a maior produção possível de gordura e proteína para um determinado alimento, correto? Existem dados na literatura suficientemente representativos para uma discussão neste sentido?

Abraço!

<b>Resposta do autor:</b>

Prezado Sr. José Pedro,

Inicialmente obrigado pelos comentários pertinentes ao meu artigo.

Quanto a sua pergunta, acredito que você está rigorosamente certo: hoje há uma grande preocupação em produzir grandes volumes de leite, mas sem aumentar excessivamente o consumo alimentar (e por consequência, os custos de produção). Qual parâmetro a indústria leiteira tem utilizado? A chamada "Eficiência Leiteira", que é calculado pela divisão da produção de leite em litros/dia pelo consumo alimentar em quilogramas de MS/dia.

Idealmente um bom rebanho leiteiro deveria ter uma eficiência leiteira entre 1,3 e 1,5, com as melhores vacas do plantel apresentando eficiência superior a 1,5.

Uma forma de aprimorar ainda mais este parâmetro e colocar numa mesma base vacas que produzem maiores ou menores percentuais de gordura é substituir a produção de leite pela chamada "produção de leite corrigida para 3,5% de gordura". Como calculá-la? Através da seguinte fórmula:

PLC3,5%G = 0,4255 x PL + 16,425 x (%G/100) x PL
onde PL = produção de leite e %G = percentual de gordura

Depois de calcular a produção de leite corrigida para 3,5% de gordura, basta dividir pelo consumo alimentar em kg de MS/dia e assim você terá a eficiência leiteira de uma vaca, de um lote ou de um rebanho, corrigida para a mesma composição (3,5% de gordura).

Abraços e obrigado pela sua participação.

Prof. Dr. Rodrigo de Almeida
Departamento de Zootecnia - Universidade Federal do Paraná
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 13/06/2007

Prezado Dr. Rodrigo,

Fico feliz que, aos poucos, voltam as apologias ao Gado Holandês, dentro de um mercado que vem, ultimamente (de forma até mesmo irresponsável e pouco verdadeira) concitando o produtor de leite à criação de mestiços, como Girolandos.

Envolvo-me com a criação de Gado Holandês desde que nasci, porque meu avô, José Moreira de Mello Franco, por ele era apaixonado e, por mais de cinqüenta anos se dedicou à sua seleção, na Fazenda Sesmaria, que se localiza na Zona da Mata/Sul de Minas Gerais, na cidade de Olaria.

Continuei sua saga e, hoje, tenho um rebanho de vacas puras, que possuem média diária de 46,5 quilos de leite por animal, que jamais seria alcançada por outra raça, em regime de confinamento total.

Defendo, com dentes e unhas, a raça Holandesa como a que mais produz leite no mundo (e esta constatação não é minha, é científica, como vislumbramos em seu próprio artigo).

Num mercado em que a quantidade sempre será mais interessante que o teor de gordura ou de sólidos, a raça Holandesa tende a crescer cada vez mais (mais valia tem um produtor como eu, que fornece 1302 quilos de leite/dia, tirado de vinte e oito holandêsas, do que um de jersey, leite mais apurado em sólidos, mas que destina, apenas e tão somente, trezentos quilos/dia ao laticínio).

Parabéns pelo excelente artigo.

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO
PAULO ROBERTO BARRETO PIEKARSKI

CURITIBA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 11/06/2007

Parabéns uma vez mais ao colega Dr. Rodrigo de Almeida. Como sempre coerente, atualizado e preocupado com o futuro da cadeia do leite!
LUIZ FERNANDO BONIN FREITAS

NOVA FRIBURGO - RIO DE JANEIRO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 11/06/2007

Quando se fala em volumes (gordura /proteína ) a nível de indústria, a hpb é inquestionávelmente superior às demais, porém, nem todos os ¨produtores¨ têm funcionários envolvidos com a empresa leite, sem especialização, sem manejo adequado, sem instalações, oferecendo condições para que sobressaiam os pontos negativos.

No meu caso procuramos utilizar tecnologia adequada, genética superior e direcionada sempre para que nosso rebanho comercial seja aperfeiçoado (programas de acasalamento) e produza volumes de leite compatíveis com nossas necessidades econômicas.

Outro aspecto importante que observamos é: como se criar uma vaca saudável, longeva e fértil em lamaçais, pasto de braquiária, falta de mineralização, usando-se o touro do vizinho, em resumo - animais famintos, mal instalados, não expressarão nunca seu potencial .

Entendo que hoje o problema não está na raça e sim nos tiradores de leite que desconhecem completamente a atividade e desacreditam nos técnicos. O governo não possui política para um produto, que ao meu ver representa segurança nacional. Somos um dos maiores produtores mundiais, empregamos mais que as indústrias, entre outros fatores, possuímos técnicos extremamente capacitados, potencial genético, condições climáticas.

Este desabafo é de um ténico que acredita no agronegócio, em especial no leite. Obrigado pelo artigo e parabéns ao colega Dr. Rodrigo.
CLEBER MEDEIROS BARRETO

UMIRIM - CEARÁ

EM 07/06/2007

Prezado Rodrigo, é com satisfação que o parabenizo pela forma simples (científica) e acima de tudo respeitosa, com que o senhor tratou do tema que envolve um tipo racial utilizado para produção de leite.

Infelizmente, no Brasil, ainda existem muitos produtores e pessoas do meio acadêmico que quando tratam de assuntos ligados à agropecuária se sentem verdadeiros donos da "Fórmula Mágica" que finalmente trará a redenção para um ou outro setor. É aí que começamos a ouvir repetidamente argumentos "brilhantes", tais como, que a única forma de se viabilizar a produção de leite numa propriedade em determinada região do país só se for a partir de um animal de tipo racial recém descoberto e "autorizado" e que com toda certeza apresenta todas as credenciais para o produtor captar rios de dinheiro.

Muitas vezes a propaganda é tão forte que vemos gente que nunca pensou em produzir leite e tem algum trocado guardado e aquele sitiozinho de fim de semana se habilitar rapidamente à produção de leite, até que chega o dia em que sua esposa já não aguenta mais a sangria de dinheiro para manter o mal fadado empreendimento.

Aqui no Ceará estamos passando no momento por um processo que traduz muito bem esse troço. Por nossa sorte, não é no ramo de vacaria e sim das estranhas avestruzes. Existe um projeto de governo em parceria (e que parceria) com uma empresa do tal bicho que só de saída conseguiu emplacar a venda de 5.000 aves em fase de reprodução.

Não sabemos ao certo quem está bancando o grande negócio, mas o fato é que gente que há 500 anos vem tendo problemas "zootécnicos" com suas galinhas e bodes, estão recebendo gratuitamente um casal da espécie para produção em seus quintais.

Caro professor, peço desculpas pelo desabafo mas é que achamos que não devemos perder a oportunidade de protestar contra algumas coisas que vivenciamos como zootecnista e produtor de leite de pequenas áreas.

Voltando ao tema do artigo, achei interessante quando foram discutidos os pontos fracos da raça em pauta, isso mostra que estamos buscando informações que subsidie o criador nas suas tomadas de decisão.
Para finalizar, acreditamos que o que continua e que cada vez mais continuará a tirar muita gente do ramo é a incapacidade de gerenciamento e que esperamos alcançar o dia em que teremos um terço de produtores do total hoje existente produzindo o tal leite de vaca em maior volume e de forma mais organizada.

Mais uma vez parabéns pelo artigo.

Atenciosamente,
Cleber Barreto

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