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Controlar para decidir

RICARDO FERREIRA GODINHO

EM 21/07/2015

7 MIN DE LEITURA

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Os controles são uma ferramenta essencial na gestão de uma propriedade leiteira e sua importância reside na obtenção de indicadores que permitam medir o desempenho do sistema produtivo, para monitoramento, para identificar os problemas a serem corrigidos ou de pontos fortes para aproveitar melhor o que a propriedade já faz bem. A avaliação de indicadores pode ser feita a partir de diferentes abordagens, e a interação entre estes deve produzir uma visão holística do sistema de produção e de gestão, permitindo que a tomada de decisão seja feita de forma objetiva, fundamentada e abrangente.

Como justificativa para a implantação de um eficiente sistema de controle e indicadores, pode-se citar que a tomada de decisão deve se apoiar na análise de fatos, dados e informações dos ambientes de "dentro e fora da porteira". Entretanto, estas observações e fatos devem atender as necessidades da propriedade, do proprietário, da assistência técnica, dos animais, além de fornecer informações confiáveis sobre processos e resultados. Este acompanhamento permite que o produtor/gestor tome conhecimento, por meio de contatos sistematizados, dos resultados parciais ou totais da atividade, podendo organizar e planejar melhor o ano seguinte ou as próximas tarefas, aumentando a possibilidade de acerto quanto as decisões tomadas, pois deixa de decidir com base em "achismos".

Na maioria das conversas sobre controle, invariavelmente surge a pergunta: "qual software usar?". É importante ressaltar, que controlar não é sinônimo de informatizar. Um software ajuda muito sem dúvida, mas pode não ser uma solução de imediato em algumas situações, pois sem um eficiente sistema de coleta de dados, não há software que consiga gerar informações úteis e confiáveis.

Os controles também podem ser chamados de Indicadores de Desempenho, e são resultados de um sistema de coleta de dados. Nesta coleta de dados ficar atento para "o que controlar" e "para que controlar", mas jamais esquecer o "como e quem irá controlar". Tem pessoas que não se adaptam a preencher uma planilha, mas anotam muito bem em uma "agenda" ou caderno qualquer, e outros lançam diretamente no computador. São realidades e situações diferentes, e estes cuidados não devem ser desconsiderados por quem cria e implanta um sistema de coleta de dados, pois o que é de fácil entendimento para o técnico ou mesmo para o produtor, pode ser complicadíssimo para quem irá fazer a anotação. Já me deparei em situações em que uma planilha feita com espaço inferior a 0,5 cm foi entregue a uma pessoa não alfabetizada, que mal desenhava alguns números, evidenciando falta de sensibilidade e observação de quem criou a planilha.

De acordo com o tipo de indicador, eles são utilizados para acompanhar o dia a dia da propriedade e o seu desempenho ao longo do tempo, e ganham maior ou menor importância conforme sua natureza e tipo. Se constituem no elo entre as estratégias e o resultado das atividades. Devem atender as seguintes características:,
 
• Fácil visibilidade/acesso: se é um indicador de qualidade do leite, ele deve ser facilmente visto pelas pessoas envolvidas na ordenha, pois representa o resultado do trabalho da equipe. Por outro lado, se é um indicador que apenas o produtor ou técnico tenha acesso, também deve ser de fácil acesso para ambos;

• Possibilitar uma visão balanceada do desempenho da propriedade: naturalmente dá-se atenção a áreas que temos maior domínio ou interesse. O sistema de indicadores não pode ter maior foco em uma área apenas, pois todas elas estão interligadas. Desta forma, é necessário contemplar números que permitam ter uma visão sistêmica da propriedade, da produção e dos resultados econômicos;

• Facilitar o entendimento de quem está à frente do negócio: não adianta ter uma planilha completa, com vários indicadores, se o produtor ou mesmo o técnico, olhar para esta planilha e não entender o que ela está mostrando. Ou seja, a forma e os indicadores têm que ser entendidos por quem irá utilizá-los;

• Suportar a tomada de decisões visando influenciar os ambientes interno e externo: tem que ser úteis para o processo decisório. De nada adianta fazer análises individuais de CCS (Contagem de Células Somáticas) dos animais, se quando chegar o resultado, estes não serão utilizados; ou mesmo fazer anotações que não são confiáveis, pois foi "mais ou menos isso que deu", ou "acho que a bezerra morreu por picada de cobra".

Ao implantar um sistema de indicadores, é importante um equilíbrio entre os tipos de indicadores, os quais devem subsidiar decisões econômicas e zootécnicas. A análise econômica da atividade mediante o custo de produção e de indicadores de eficiência econômica, como a margem bruta, margem líquida e resultado (lucro ou prejuízo), é um forte subsídio para a tomada de decisões. Justifica-se o cálculo dos vários indicadores econômicos porque eles têm maior ou menor importância dependendo do prazo de tempo (curto, médio ou longo) em questão.

Quanto ao desempenho produtivo, os índices zootécnicos refletem em forma numérica o desempenho dos diversos parâmetros da produção leiteira. A interpretação dos índices deve ser feita de forma conjunta com as características de produção empregadas na propriedade. Diversas formas e nomenclaturas são encontradas, sendo assim, devemos nos atentar quanto à metodologia de cálculo do índice em discussão. Os indicadores zootécnicos são fundamentais para ações simples como um arraçoamento de vacas em lactação por produção, ou ações mais complexas como um programa de melhoramento genético, mas essencialmente devem contemplar dados sanitários, reprodutivos e de produção. Podemos apontar como exemplo: produção por vaca rebanho/ano, Taxa de Prenhez, Taxa de Mortalidade de Animais Jovens, CCS individual, entre outros.

Mas atenção! o uso de indicadores, controles, planilhas e dados, gestão orientada por resultados, não significa controlar tudo e de toda forma. O uso extensivo de indicadores em todos os detalhes de todos os processos é questionável e pode gerar consequências como:

• Tornam-se de difícil gestão devido a grande quantidade;

• Provocam desperdícios de tempo e dificuldades para análise; e

• Podem estar “escondendo” os indicadores realmente relevantes para o negócio.

Desta forma, o gestor deve eleger os indicadores principais, quais deles fornecerão dados e informações necessárias à gestão. Uma dica é utilizar o princípio geral "80/20", estabelecido pelo Economista Italiano Vilfredo Pareto (1848-1923), o qual em suas pesquisas estabeleceu que:

• 80% dos resultados são devidos a 20% dos esforços;

• 80% das consequências são derivadas de 20% das causas; e

• 80% das “saídas” são derivadas de 20% das “entradas”.

Na prática, esta relação não precisa ser "exatamente" 80/20. Com base em um controle de "Causa Morte", fez-se uma lista com 19 itens, dos quais apenas 5 itens correspondiam a 75,3% das causas das mortes. Entre elas, 2 causas representam 59,3% das mortes, ou seja, o gestor deve concentrar seus esforços nestes 5 itens, e principalmente nos dois primeiros, avaliando os fatores predisponentes destas causas de mortes, alternativas de solução e estabelecer um plano de ação para eliminá-las/diminuí-las. Se olharmos na relação de itens que compõem os custos, chegaremos a mesma situação, e o mesmo raciocínio pode ser feito com outros itens.

Quais indicadores adotar? Esta definição deve ser feita em conjunto com o(s) técnico(s) que assiste(m) a propriedade, mas respeitando, e em coerência com os objetivos do produtor. Fiquem atentos ao conceito de cada indicador, sua fórmula de cálculo, a informação que ele fornecerá, sua forma de registro, os dados necessários para seu cálculo e a forma de anotação/registro destes dados. Como o profissional de ciências agrárias pode auxiliar neste processo? Este será o tema do nosso próximo artigo. Não deixe de comentar e apresentar suas sugestões.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ARTUNDUAGA, M.A.T; VALENZUELA, J.F.T.; GARCÍA, I.D.C; JIMÉNEZ, J.F.V.; PANADERO, A.N. Gerencia sistémica agropecuaria: indicadores de gestión. Parte II. Rev. Ciencia Animal. n.º 3: 97-105, 2010. ISSN: 2011-513X

CANZIANI, José Roberto Fernandes. Assessoria Administrativa a Produtores Rurais. 2001. 236f. Tese (Doutorado em Ciências) – Universidade de São Paulo, Escola Superior de Agricultura “Luiz de Queiroz”. Piracicaba, 2001.

FASSIO, L.H.; REIS, R. P. e GERALDO, L. G.. Desempenho técnico e econômico da atividade leiteira em Minas Gerais. Ciênc. Agrotec., Lavras, v. 30, n. 6, p. 1154-1161, nov./dez., 2006.

GODINHO, R. F. Gestão Empresarial em Sistemas de Produção de Leite na microregião de São João Batista do Glória/MG. Dissertação de Mestrado - UNICASTELO. Descalvado – SP : [sn.], 2010. 112p.;

LOPES, M.A.; CARVALHO, F.M. Custo de Produção do Gado de Corte: Uma ferramenta de suporte ao pecuarista. 1ª Jornada Técnica em Sistemas de Produção de Bovinos de Corte e Cadeira Produtiva: Tecnologia, Gestão e Mercado, 28 e 29 de setembro de 2006.

NETO, Antonio Chaker El-Memari . Gestão de sistemas de produção de bovinos de corte: índices zootécnicos e econômicos como critérios para tomada de decisão. Maringá, PR. Disponível em https://www.ruralcentro.com.br/Artigos, 2009. (Acesso em 20/03/2009).

REICHERT , Lírio José. A administração rural em propriedades familiares. Teor. Evid. Econ., Passo Fundo, v. 5, n. 10, p. 67-86, maio 1998.

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RICARDO FERREIRA GODINHO

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MARIANA POMPEO DE CAMARGO GALLO

PIRACICABA - SÃO PAULO

EM 19/11/2015

Olá pessoal,



Para quem quiser aprender como controlar os custos na pecuária leiteira, na próxima semana começará o Curso Online "Custos de produção na pecuária leiteira", com a instrutora Carina Barros.

Durante o curso, o aluno aprenderá como montar sua própria planilha para cálculo e, poderá tirar dúvidas diretamente com a instrutora.



Para participar acesse: https://www.agripoint.com.br/curso/custos-producao/



Ou entre em contato: cursos@agripoint.com.br / (19) 3432-2199  
RITA DE CÁSSIA RIBEIRO CARVALHO

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 18/08/2015

Mais um artigo de excelente repercussão. Linguagem simples e que atinge profundamente nós que caminhamos e passamos por situações de difícil controle. O segredo é conhecer a fundo indicadores de controle

que por vezes são tão simples e deixamos de aplicá-los. Parabéns Ricardo por mais uma aula apresentada a uma rede de interessados na área. Você contribui muito para nosso conhecimento. Assim, caminhamos! Aprendendo com o conhecimento de colegas experientes.
ALECSANDRO MARCELO GOMES DE SOUZA

SÃO LUÍS DE MONTES BELOS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 28/07/2015

Boa noite.

Prezado Ricardo,

estudar sempre, revisar sempre... ensinar sempre...

PDCA...

Tenho um pensamento comigo que:



" Difícil não é não saber,

   Difícil é não querer saber."



No País que é o coração do mundo e Pátria do Evangelho ( e que muitos dizem Deus dever ser Brasileiro),  o grande desafio é educação, conhecimento e aplicação.

E passar adiante.



Estarei acompanhando seus próximos artigos.

Este artigo introdutório é excelente.



Alecsandro Souza
RICARDO FERREIRA GODINHO

SÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/07/2015

Prezada Geisiane e João Leonardo,

Sem dúvida, acredito que os técnicos possuem um papel fundamental no processo de gestão e busca de resultados. Entretanto, algumas revisões de conceitos e posicionamento técnico são necessários, por parte de técnicos e produtores. No próximo artigo, pretendo aprofundar um pouco esta discussão.

Obrigado pelos comentários.

Atenciosamente,

Ricardo
RICARDO FERREIRA GODINHO

SÃO JOÃO BATISTA DO GLÓRIA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/07/2015

Prezado Bruno,

Em um dos próximos artigos, posso apresentar alguns indicadores básicos como sugere. Está anotado sua sugestão.

Agora se desejar aprofundar no tema de imediato, o Agripoint tem um treinamento on line e um DVD (https://www.agripoint.com.br/dvd/indices/) sobre indicadores zootécnicos bastante interessante com o professor Rodrigo de Almeida.

Atenciosamente,

Ricardo
JOÃO LEONARDO PIRES CARVALHO FARIA

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 24/07/2015

O desafio está em nossas mãos!
GEISIANE GONÇALVES DA SILVA

CONTAGEM - MINAS GERAIS

EM 22/07/2015

Excelente artigo! Nós, técnicos, temos um papel fundamental neste contexto.
BRUNO DA SILVA PEREIRA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 22/07/2015

Ótimo Artigo.

Aproveito para sugerir que se possível nos informe pelo menos quais seriam os indicadores BÁSICOS que uma propriedade leiteira deveria ter, e consequentemente os seguintes dados sobre eles :

Nome indicador, fórmula de cálculo, a informação que ele fornecerá, sua forma de registro, os dados necessários para seu cálculo e a forma de anotação/registro destes dados.

Obrigado.
JOSÉ OLÍMPIO DIAS DE FARIA

SÃO PAULO - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 22/07/2015

Muito bem; gestão eficaz!

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