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Cana-de-açúcar: Saiba como reduzir a frequência de cortes na capineira sem utilizar cal micropulverizada

POR THIAGO BERNARDES

E RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

THIAGO FERNANDES BERNARDES

EM 25/04/2012

3 MIN DE LEITURA

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O lançamento de dezenas de variedades e o domínio das técnicas de cultivo provenientes da agricultura estão impulsionando a utilização da cana-de-açúcar nas fazendas zootécnicas nos últimos anos. Aliado a esses fatos, este volumoso se justifica como ingrediente na dieta dos ruminantes pela sua elevada produtividade e valor nutritivo satisfatório (alta concentração de sacarose nos colmos).

Tradicionalmente, a cana-de-açúcar é utilizada na forma de capineira. Contudo, o corte diário tem sido uma das principais dificuldades quanto ao uso dessa cultura como alimento para os animais. Com o objetivo de contornar este entrave, produtores e pesquisadores estão em busca de estratégias alternativas, as quais possibilitem colher a forragem com menor frequência.

O tratamento da cana-de-açúcar com cal micropulverizada passou a ter intenso uso nos últimos anos; porém, os resultados da maioria dos estudos mostraram efeito discreto do aditivo sobre o valor nutritivo quando o volumoso é picado e estocado em montes por diversas horas (ou dias). Do ponto de vista prático e econômico, a aplicação de aditivo pode ser um entrave para o produtor, pois o mesmo necessita investir na compra do insumo e de maquinário específico para a sua aplicação.

Desse modo, ferramentas de manejo mais simples e de menor impacto econômico devem ser alcançadas para se reduzir os turnos de colheita, migrando assim para um sistema de maior flexibilidade nas fazendas que utilizam a cana-de-açúcar na forma de capineira. Desse modo, um estudo foi conduzido no Departamento de Zootecnia (DZO) da Universidade Federal de Lavras (UFLA), com o objetivo de avaliar o efeito do tempo de estocagem da cana-de-açúcar com ou sem palhas e ponteiros sobre as perdas de massa e alterações no valor nutritivo.

As plantas maduras de uma capineira (segundo ano de cultivo) foram colhidas manualmente, realizando-se corte nos colmos, rente ao solo. Todo o montante de plantas colhidas foi dividido em duas porções. Em uma delas, o ponteiro (folhas) e as palhas foram separados dos colmos, os quais constituíram o primeiro tratamento (colmos sem ponteiro e palhas - CSPP). Da segunda porção, nenhum dos componentes (ponteiro e palhas) foi retirado, definindo-se então o segundo tratamento (colmos com ponteiro e palha - CCPP). Cada porção (com ou sem os componentes morfológicos) foi separada em feixes, com o objetivo de se avaliar o efeito do tempo de estocagem (2, 4, 6, 8 e 10 dias).

As concentrações de fibra e de açúcares não foram alteradas ao longo do armazenamento em ambos os tratamentos. Características sensoriais, tais como o odor e a coloração também não foram alteradas.

Contudo, observou-se que a presença de ponteiros e palhas potencializou as perdas de matéria seca ao longo da estocagem, conforme pode ser observado na Figura 1. Quando se estocou somente os colmos as perdas foram discretas. Perceba que no décimo dia de estocagem as perdas para o tratamento CSPP foram semelhantes ao CCPP no segundo dia de armazenamento (14,9 e 11,5%, respectivamente).
 

 


Outro estudo realizado no DZO/UFLA (Siécola Júnior, 2011), encontrou resposta positiva em ganho de peso de novilhas leiteiras quando somente os colmos (CSPP) foram comparados com a cana integral (CCPP). Quando os tratamentos foram avaliados em vacas, a cana despalhada tendeu a aumentar a digestibilidade da dieta e os animais apresentaram produção de leite numericamente superior, frente à CCPP. Isso nos remete a pensar que a gestão do canavial e do pós-corte é essencial quando se deseja elevar a eficiência com dietas a base de cana-de-açúcar fresca.

Estocar cana-de-açúcar, por um período de até dez dias, na ausência de ponteiros e palhas é a estratégia mais adequada para aqueles que desejam reduzir frequência de cortes na capineira, pois a presença dos componentes não-colmo potencializa as perdas de massa, ocupa maior área no galpão para a estocagem e reduz o valor alimentício deste volumoso, conforme foi observado no estudo de Siécola Junior (2001).

Produtor rural, tenha sempre esta mensagem em mente: "Faça a opção pelo simples". Simplificar em alimentação animal é investir em manejo, ou seja, no seu dia-a-dia. Aditivo (cal) é um recurso que utiliza em casos especiais e para cana-de-açúcar fresca ele não se aplica.

 

 

THIAGO BERNARDES

Professor do Departamento de Zootecnia da Universidade Federal de Lavras (UFLA) - MG.
www.tfbernardes.com

RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

Zootecnista pela Unesp/Jaboticabal.
Mestre e Doutor em Ciência Animal e Pastagens pela ESALQ/USP.
Gerente de Nutrição na DeLaval.
www.facebook.com.br/doctorsilage

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PAULO EUSTAQUIO MACEDO

BETIM - MINAS GERAIS

EM 20/10/2014

Parabéns pelo trabalho,fico feliz em saber que ainda tem muitos técnicos comprometidos com uma classe que trabalha e sofre muito com a falta de orientação, e saibam o qto é importante o trabalho de vcs , e  que o pequeno produtor com este suporte se algum dia não fizer a diferença em termos de produção terão realmente qualidade de vida no seu cantinho.  
PAULO BITENCOURT TEIXEIRA

VILA PAVÃO - ESPÍRITO SANTO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 20/10/2014

Parabéns colega! o seu trabalho trouxe uma luz ao verdadeiro problema da adoção da cana de açúcar como recurso forrageiro na época seca ("o corte diário").
EMÍLIO CINTRA IOVINO

JAÍBA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/10/2013

Gostaria de saber, se para ensilar a cana,   o melhor é sem palha e ponteiro ou se pode ir toda a planta ?
MATEUS MORALES CALVE

CAJOBI - SÃO PAULO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/05/2013

Prezados boa tarde,



Qual a diferença nutricional entre a cana in natura com uréia da cana ensilada?

Qual tem maior valor nutricional e melhor aceitabilidade? A produção tonelada hectare é a mesma?



Obrigado, um grande abraço a todos.
EVANDRO CARLOS FDA CRUZ

JARDIM ALEGRE - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/05/2013

também trabalho com cana a 4anos  gostaria de saber qual a melhor maneira de tratar das vacas com ela fresca
WELLINGTON MARCOS DE PAIVA SILVA

CARRANCAS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 06/05/2013

Parabéns aos autores, simplificação e objetividade como nesse estudo é quem tem feito falta na academia!

Saudações!
JOSÉ CARLOS RODRIGUES DA LUZ

SERRA TALHADA - PERNAMBUCO - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 04/05/2013

Olá Caros Thiago Fernandes e Rafael Camargo! Parabens pelo vosso trabalho e orientação. Embora  dirigido às fazendas zootécnicas, eu  como  pequeno produtor e técnico do Semi-Árido Nordestino também me alimentei com suas informações claras e objetivas. Sei que os Governantes tentam resolver os problemas sócios-econômicos do nosso grande Brasil através de leis , o que não deve ser. Bom seria que todos os departamentos pesquisadores aplicassem suas pesquisas direcionadas  a toda e qualquer região que ás necessitassem.Daí, talvez não estivéssemos passando por esta grande queda em nossos rebanhos e na agricultura do Nordeste brasileiro. Enquanto por aí vc se preocupam com a colheita e armazenamento, nós, simplesmente daríamos graças a Deus pelo produto todo e todo o dia para cortá-lo e servi-los aos animais sem presenciar o seu estado de inanição e morte; ainda assim agradecemos a Deus por permitir superar estes tempos difíceis. Aqui me parece que os pesquisadores estão distantes dos pequenos produtores e que os governos não se interessam em aplicar  tais pesquisas  que poderiam ter evitado esta calamidade em nossa região . O clima  não deve ser culpado , ele é sempre o mesmo  desde a criação do mundo e  do descobrimento do Brasil. O que vem mudando são os governantes e seus planos, bons, porém não bem aplicados e NÃO FISCALIZADOS, ficando muito lindo nas propagandas do governo Federal dizendo  o que fez (só nas leis). Só as verbas pagas pelas propagandas veiculadas pela televisão e grandes catálogos dariam para pagar Engenheiros e Técnicos suficiente para  guiar os agricultores e pecuaristas (pequenos) no campo de trabalho e produção . Assim não seriamos mais vistos como os primos pobres no brasil. Afinal nós somos os grandes compradores de genéticas caras de animais e de grande parte do industrializado do Sul e Sudeste do Brasil, infelizmente não permitiram que o Nordeste  se auto industrializasse - na época da Sudene  os empresários beneficiavam-se na compra de equipamentos e os transferiam com o passar de tempos  para  outras regiões- Isto ocorreu  em regime Ditatorial. E hoje, o que justifica estarmos em crises piores  sendo  um regime DEMOCRÁTICO ?

Isto é apenas um grande desabafo que espero ser compreendido. Abraços; e que Deus continue nos abençoando e que nós sejamos mais fraternos.






JÚNIOR

ANAGÉ - BAHIA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 07/12/2012

Estou pretendendo formar uma área de cana irrigada e gostaria de saber quantos cortes são possíveis ao ano e que quantidade de massa ela produz por corte?
JOSÉ CARLOS DA SILVA

COMODORO - MATO GROSSO - INSTITUIÇÃO PÚBLICA

EM 31/07/2012

Ola Rafael e Thiago, parabéns, este trabalho vem ao encontro dos anseios do produtor em maximizar mão-de-obra na propriedade, e conseguir melhorar a alimentação no periodo da seca, quando a produção cai em média 50%.

Em 2009, 2010 e 2011, Assessoramos produtores que desenvolveram silagem de milho com guandu, cana hidrolisada, sacharina e banco de proteínas com guandu, o melhor resultado veio da silagem de milho com guandu, seguido da sacharina, banco de proteínas e cana hidrolisada.

Este ano estamos orientando  a silagem de cana com inoculante especifico e uréia, como forma de minimizar custos, mas, a PB e palatabilidade é muito baixa, aumentando com isso, o consumo de ração concentrada, e em consequencia o custo de produção.

Pensei em  fazer silagem de cana com guandu, como forma de melhorar a PB, palatabilidade, e baixar custos de produção, mas não encontrei nenhuma pesquisa que desse suporte teórico.

Se tiverem ao  souberem de algum  trabalho neste contesto, ficarei muito grato.
RAFAEL CAMARGO DO AMARAL

PIRACICABA - SÃO PAULO - PESQUISA/ENSINO

EM 23/05/2012

Prezado Renato,



O Armazenamento deve ser realizado em locais secos e protegidos contra a radiação solar e a intempéries climáticas.



Atenciosamente



Rafael & Thiago
RENATO MASCARENAHAS XAVIER

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL

EM 18/05/2012

Artigo interessantíssimo, parabéns aos autores. Os Doutores poderiam falar um pouco mais sobre os detalhes do armazenamento do produto? Grato
THIAGO BERNARDES

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/05/2012

Caro Antônio Carlos,

O primeiro experimento constitui uma dissertação de mestrado que foi desenvolvida aqui no DZO/UFLA. Abaixo segue o link da mesma.

Att,

Thiago & Rafael

https://www.grupodoleite.com.br/site/artigos/SANCHO%20SIECOLA%20JUNIOR%20-%20Dissertacao.pdf
THIAGO BERNARDES

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 07/05/2012

Caro Milton Sato,

Ao contrário das outras culturas utilizadas na alimentação animal, a cana-de-açúcar apresenta valor nutricional muito reduzido em suas folhas. Talvez as mesmas possam ser aproveitadas como ingrediente da dieta dos animais em baixa quantidade, mas nós não temos uma informação segura para te passar. Precisamos estudar mais sobre isso!

Att,

Thiago & Rafael
ANTÔNIO CARLOS RIBEIRO LIMA II

MONTES CLAROS - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 06/05/2012

Bom trabalho.

Consegui ler o segundo experimento e realmente os resultados são bons.

Mas qual o nome do artigo do primeiro experimento realizado ?

Obrigado
ABIAS SANTOS SILVA

ITAPETINGA - BAHIA - PESQUISA/ENSINO

EM 04/05/2012

artigo muito esclarecedor,parabéns.
MILTON SHIGUEO SATO

REGENTE FEIJÓ - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 04/05/2012

caro Thiago,

O ponteiro da cana não tem valor nutricional algum?  Pensei em aproveitar os ponteiros qdo do corte da cana no primeiro dia.

THIAGO BERNARDES

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 04/05/2012

Caro André Luis,

O texto aqui postado por nós se refere ao corte manual. Portanto, pedimos desculpas por não sermos tão claros quanto ao nosso raciocínio, pois você compreendeu que estávamos relatando algo sobre o corte mecânico.

Att,

Thiago & Rafael
ANDRÉ LUIS

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - ESTUDANTE

EM 02/05/2012

PARABENS PELO TRABALHO. MAS O GRANDE PROBLEMA NAO E CORTE DIARIO, MAS O CORTE MANUAL DA CANA, ELE QUE ENCARECE O PROCESSO.
THIAGO BERNARDES

LAVRAS - MINAS GERAIS - PESQUISA/ENSINO

EM 02/05/2012

Caro Francisco,

A recomendação de retirar o ponteiro e as palhas é para aqueles que cortam as plantas manualmente. Utilizando colhedora (como é o seu caso) não é possível eliminar essas partes das plantas.

O estudo que comparou cana-de-açúcar com ou sem ponteiros, mostrou que o ganho de peso em novilhas foi da ordem de 270g/dia superior para o tratamento com despalha. O outro estudo, o qual comparou a produção de leite, mostrou que as vacas produziram 400 ml/dia a mais quando alimentadas somente com colmos.

Att,

Thiago & Rafael
FRANCISCO JOSÉ BUOSI

FERNANDÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/04/2012

No caso então não poderíamos usar ensiladeira mecânica no corte e sim cortar com facão, limpa-la e depois triturar? Temos um canavial de 2,00 alqueires e cortamos com ensiladeira macânica (silagem de milho), qual seria a alternativa, para não ter que corta-la manualmente?

Quanto seria o aumento de leite em vacas em lactação tratadas com CSPP?

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