Em seu primeiro ano de operação, a Alvoar Lácteos, resultado da fusão entre Betânia e Embaré, registrou receita líquida de R$ 4,09 bilhões, um aumento de 23% ante a receita pró-forma somada duas companhias em 2021, de R$ 3,3 bilhões, antes da união.
A empresa, que é o quinto maior laticínio do país, teve um lucro líquido de R$ 175,5 milhões em 2022, onze vezes superior ao pró-forma das duas empresas juntas, de R$ 15,95 milhões em 2021. A Alvoar atribuiu o resultado do último ano às boas condições do mercado de leite e derivados, que permitiram o repasse da alta nos custos com a captação de leite cru, sua principal matéria-prima.
“A gente conseguiu repassar mais preço e houve aumento de volume. Então foi a combinação das duas coisas. Lembramos ainda que o ano passado foi um ano eleitoral, um ano que voltou a ter o pagamento do benefício emergencial num determinado momento. Foi um ano que a economia cresceu, principalmente no primeiro semestre”, disse o diretor financeiro da Alvoar, Ricardo Fernandes.
De acordo com o executivo, a união das duas companhias também contribuiu para a empresa resultante criar um portfólio de produtos de maior valor agregado, o que deu impulso às margens no período. Com um EBTDA de R$ 339 milhões (em comparação ao R$ 125,6 milhões pró-forma das duas somadas) e uma margem operacional de 8,3%, a marca apostou em produtos ricos em proteína e de baixo teor calórico.
“Existe uma grande complementariedade de portfólio entre as empresas. A Betânia já era líder do mercado do Nordeste, só que tinha uma fragilidade no negócio de leite em pó. Ela tinha acabado de inaugurar uma fábrica no final de 2021 que, comparada a da Embaré, era bem menor. Então foi uma junção perfeita porque no mercado nordestino o leite em pó tem um consumo muito maior do que em outras regiões do país”, disse.
Ele reforçou que a estratégia ainda é a de manter-se líder no Nordeste, apesar do crescimento da operação em Minas Gerais após a união com a Embaré.
“A Embaré, apesar de estar em Minas Gerais, tem de 70% a 80% do volume dela destinado para o Nordeste. O que aconteceu com a junção das duas empresas é que a gente passou a ter uma conexão entre as bacias leiteiras do Nordeste e de Minas Gerais, e a nossa atuação em Minas também começou a crescer”, afirmou Fernandes.
Apesar do impacto da seca no Sul do país, que afeta todo o mercado nacional de lácteos e pressiona os custos de produção do setor, a Alvoar espera ter mais um ano de resultados positivos em 2023, com captação crescente na região Nordeste - favorecida pelas chuvas acima da média no último ano, reflexo de três temporadas consecutivas sob influência do La Niña.
“O Ceará, por exemplo, continua com um nível de captação crescente e no Sudeste, no caso da bacia que a gente capta, em Minas, ela está mais constante, não teve nenhuma oscilação, enquanto o Nordeste ele continua crescendo em termos de captação. Então o nosso panorama ainda é positivo de avançar no crescimento. Talvez menor do que no ano passado em termos de volume, mas ainda positivo”, completou o diretor financeiro da Alvoar Lácteos.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.