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Embrapa: microrganismos que causam mastite em caprinos resistem à ação de antibióticos

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 28/11/2018

5 MIN DE LEITURA

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Bactérias causadoras da mastite caprina (inflamação nas tetas das fêmeas) estão apresentando resistência aos antibióticos mais utilizados contra a doença. A constatação é de um estudo da Embrapa Caprinos e Ovinos (CE), no qual testes com microrganismos isolados mostraram, em alguns casos, resistência de até 100% para alguns medicamentos, o que pode ser causado pela aplicação indiscriminada dos antibióticos.
 
“Essa resistência pode estar associada à administração indiscriminada de antibióticos, sem a prescrição de um médico veterinário, proporcionando com isso a resistência a drogas antibacterianas”, alerta a médica-veterinária Viviane de Souza, pesquisadora da Embrapa e integrante da equipe que conduziu os testes com o rebanho. Ela acredita que o êxito na terapia das mastites vem sendo prejudicado pelo crescente número de cepas resistentes.
 
No estudo, foram isoladas cepas da bactéria Staphylococcus aureus, uma das principais causadoras da mastite, obtidas a partir de 160 amostras de leite de cabras com mastite subclínica, que é a manifestação da doença com alterações na composição do leite. Ela só pode ser diagnosticada pela utilização de testes auxiliares, pois alguns dos principais sintomas não são visíveis a olho nu. O material foi coletado de 40 cabras das raças Saanen e Anglo Nubiana do rebanho da Embrapa Caprinos e Ovinos. As cepas foram submetidas aos testes de sensibilidade (antibiogramas) aos antibióticos mais utilizados nos tratamentos contra mastite: Azitromicina, Cefoxitina, Ciprofloxacina, Clindamicina, Cloranfenicol, Eritromicina, Gentamicina, Linezolida, Penicilina G, Rifampicina e Tetraciclina.
 
Para cada um dos medicamentos, as cepas foram classificadas como sensíveis (quando há eficácia do medicamento contra o microrganismo testado), resistentes (o medicamento testado não se mostra eficaz) ou intermediárias (o medicamento poderá não apresentar eficácia no controle dessa doença ou cepa). Para a Penicilina G e Rifampicina, foi encontrada resistência de 100% por parte dos microrganismos. Para Eritromicina e Tetraciclina, foi encontrado percentual de resistência de 75%. Os demais variaram entre 25 e 50%. Somente o Cloranfenicol não encontrou indicadores de resistência no rebanho avaliado.
 
Produção caprina no Brasil
 
O rebanho de caprinos do Brasil está estimado em 8,2 milhões de cabeças, segundo o último Censo Agropecuário produzido pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os animais estão concentrados em três regiões: Nordeste, com 7,6 milhões de cabeças; Norte, com 188 mil; e Sul, com 152 mil. A produção nacional de leite de cabra girou em torno de 25 milhões de litros em 2017.
 
Segundo o zootecnista Fernando Lucas de Mesquita, pesquisador do Instituto Agronômico de Pernambuco (IPA), esses dados não chegam a surpreender, em virtude de uma realidade já visível de uso indiscriminado de antibióticos. “A resistência já existe. É muito comum a aplicação indiscriminada de medicamentos. Na maioria dos casos, os produtores não procuram auxílio técnico e aplicam de forma errada”, ressalta.
 
Até o fim deste ano, testes semelhantes conduzidos pela Embrapa estarão em andamento, em criatórios nos estados da Paraíba, Pernambuco, Minas Gerais e São Paulo, cujos resultados devem ser concluídos nos próximos meses. Viviane de Souza acredita que indicadores semelhantes de resistência apareçam em rebanhos comerciais, uma vez que resultados parecidos foram observados até mesmo em outro rebanho da Embrapa, que adota práticas regulares e orientadas de prevenção.
 
Na avaliação da pesquisadora, as dificuldades no controle e tratamento da mastite, a partir de uma realidade maior de resistência dos agentes causadores, preocupam o setor produtivo, principalmente porque há perda de qualidade do leite nas cabras com mastite e a possibilidade de contaminação para consumo humano, o que pode acontecer inclusive durante períodos de tratamento, quando o leite não deve ser aproveitado. “Os laticínios remuneram produtores pela qualidade. Esse mercado penaliza quem não produz leite com as características desejadas”, afirma a cientista.
 
Boas práticas para prevenção
 
Esses indicadores de resistências reforçam a preocupação com o controle da mastite nos rebanhos brasileiros. Causada em grande parte por microrganismos, como bactérias e fungos, a doença provoca inflamação nas glândulas mamárias de fêmeas e provoca impacto direto na produção de leite, por causar redução na produção, depreciação do leite e seus derivados, além de descartes precoces de fêmeas acometidas.
 
Uma vez que a aplicação indiscriminada de antibióticos pode resultar em resistência e ineficácia de tratamentos, reforça-se a necessidade de prevenção contra a doença por meio das boas práticas na ordenha e na produção leiteira. Uma má higienização pode ser fator causador do surgimento da mastite, seja no uso de ordenha manual ou de ordenha mecânica.
 
“Pode haver transmissão de um animal para outro durante o processo da ordenha. Por isso, o ordenhador deve ficar atento à limpeza das mãos, das unhas, do cabelo. Usar solução de iodo a 0,5% para limpeza das tetas (ver vídeo abaixo) e secá-las com um papel toalha para cada teta. Se a ordenha for mecânica, o produtor deve higienizar o equipamento segundo as recomendações do fabricante”, recomenda Viviane de Souza.
 
No conjunto das boas práticas, também é recomendável fornecer alimento, ao fim da ordenha, para evitar que animal fique deitado. “Após a ordenha, o esfíncter da teta [orifício por onde passa o leite] leva 30 minutos para se fechar. Isso, assim como algum trauma nas tetas, pode ser porta de entrada para microrganismos, principalmente em caso de imunidade baixa do animal”, reforça a pesquisadora. Uma solução tecnológica recomendada pela Embrapa é o Kit Embrapa de Ordenha Manual para Caprinos Leiteiros (veja vídeo abaixo), conjunto de equipamentos que facilita não somente a prevenção contra a doença e a higiene nos procedimentos de ordenha, mas também uma melhor qualidade sanitária do leite e seus derivados.
 
Para Fernando Lucas, do IPA, ainda há necessidade de se compartilhar conhecimentos sobre as boas práticas com os produtores rurais. “O quadro é muito pulverizado. Há situações em que produtores só aplicam as boas práticas minimamente. Em outras, a adoção é maior. Mas, certamente, precisa-se de muito mais informação”, avalia ele.
 
Em alguns casos, a adoção de boas práticas na ordenha pode fazer diferença significativa na prevenção contra a doença. Valdir Neves, produtor rural de São Sebastião do Umbuzeiro, na Paraíba, relata não ter percebido mais os casos de mastite clínica em sua propriedade após as práticas de higienização na ordenha manual e mudanças em suas instalações, com adoção de aprisco suspenso.
 
“Melhorou consideravelmente. Antes das boas práticas, a gente identificava algum grumo [aglomeração de pequenos grãos ou partículas no leite, que podem ser sintoma da infecção]. Depois que começamos a usar [as boas práticas], praticamente zerou, não há mais”, afirma ele, que possui plantel de 35 caprinos produzindo leite para laticínio e para consumo na propriedade.
 
As informações são da Embrapa Caprinos e Ovinos.

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