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Interleite Sul 2012 se destaca por suas palestras de qualidade e debates instigantes

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 10/04/2012

6 MIN DE LEITURA

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O Simpósio interleite Sul 2012, realizado entre 3 e 5 de abril em Chapecó/SC, com a presença de 738 pessoas, teve seu primeiro dia marcado por palestras e debates em que as oportunidades, pontos fortes, ameaças e pontos fracos do setor foram discutidos abertamente pelos participantes, tendo sempre como foco a competitividade.


Mesa solene na abertura do evento

O painel da manhã contou com um debate sobre sistemas de produção para a região Sul, em que técnicos das cooperativas CCGL, Aurora e Castrolanda apresentaram suas visões de futuro e números a respeito de custos. Wagner Beskow, pesquisador da CCGL TEC, foi taxativo ao comentar a discrepância de custos de produção entre o Brasil e outros países: "temos de produzir com custo de até US$ 0,30/kg, caso contrário estaremos fora do mercado". Beskow foi polêmico ao propor que só com a abertura do nosso mercado ao produto importado do Mercosul, Nova Zelândia e outros países teremos um choque de eficiência que fará com que a produção brasileira se desenvolva. "Vivemos uma situação artificial", comentou.

Selvino Giesel, da Aurora, mostrou que é possível em Santa Catarina produzir a esse custo, porém há ainda muita heterogeneidade na produção. Giesel comentou sobre a dificuldade da indústria de lidar com custos crescentes da matéria-prima, em um ambiente em que não se consegue repassar integralmente os custos ao mercado. "Mesmo assim, Santa Catarina está crescendo a 9% ao ano", refletiu ele.

Hernani Alves da Silva, da Castrolanda, mostrou o crescimento de quase 10% ao ano nos últimos 10 anos na região paranaense, porém com um custo de produção mais alto, na casa dos R$ 0,75/litro. Mesmo assim, diante dos bons preços dos últimos anos o retorno sobre o capital investido chegou a 20%, competitivo com a agricultura. Quando questionado sobre se a diferença da região de Castro está no clima ou na organização, Hernani comentou que ambos os fatores são relevantes - o clima favorável ao azevém auxilia em muito o sistema de produção, mas a organização da cooperativa, investindo em assistência técnica, pagamento por qualidade e verticalização são os fatores que determinam o resultado atual da região.


Na ordem da esquerda para direita: Wagner Beskow, Marcelo Carvalho, Selvino Giesel e Hernani da Silva.

Verticalizar ou não: o leite ainda é o "patinho feio" do agronegócio

O painel da tarde teve apresentações e rico debate entre Alexandre Mendonça de Barros, da MBAgro, Paulo do Carmo Martins, da Embrapa Gado de Leite, Fábio Ribas Chaddad, do Insper e da Universidade do Missouri, e Marcelo Pereira de Carvalho, do MilkPoint.

Pela primeira vez nos Interleites, uma das palestras foi previamente gravada, já que Fábio Chaddad não pode estar presente pessoalmente no evento. Na hora do debate, Chaddad, que estava na Austrália, contribuiu com a discussão via skype. A metodologia apresentou uma ótima repercussão e a "ausência" física do palestrante não prejudicou o rendimento e a qualidade da palestra e das discussões.

Barros colocou que não há razão para que o setor leiteiro não tenha o destaque que outros setores do agronegócio têm. "Vocês estão fazendo alguma coisa errada", provocou. Para Chaddad, o calcanhar de aquiles está na coordenação da cadeia, onde a relação entre indústria e produtor é de curto prazo, apresenta altos custos de transação, dificuldade de coordenar oferta e demanda e problemas de qualidade. Segundo Chaddad, que com suas intervenções provocou a reflexão no público, o fato da Fonterra decidir produzir seu próprio leite na China, na Índia e agora no Brasil é um sinal de que o mercado não funciona bem no Brasil.

Nesse sentido, Marcelo Carvalho comentou criticamente a possibilidade de integração vertical, a exemplo do que ocorre em suínos e aves, como uma possível solução para melhorar essa coordenação. "Para a indústria, pode ser uma alternativa, mas demanda investimentos muito elevados (mais do que nas indústrias), além das dificuldades de se implantar, pois leite não é igual a aves e suínos". Segundo ele, independentemente de se ter ou não integração vertical mudando as relações de mercado, o fato é que diante de custos mais elevados e com a nossa ineficiência exposta, a captação de leite precisará ser encarada como algo mais estratégico pelas indústrias, e não simplesmente como mais um centro de custos. "Será preciso desenvolver o fornecedor", prevê.

Marcelo ainda mostrou os dados da pesquisa sobre o ambiente de investimentos no setor, feita em parceria com Paulo do Carmo Martins, da Embrapa Gado de Leite. Chama a atenção o baixo nível de endividamento dos produtores, quando comparado a produtores de outros países. "O baixo endividamento implica em alavancagem reduzida, o que não é necessariamente bom", comentou Paulo Martins. Apesar de dever cerca de 3 vezes a produção anual, o produtor neozelandês, por exemplo, cresceu 61% nos últimos 10 anos. Airton Spies, sub-secretário da Agricultura de Santa Catarina e que moderou os paineis da tarde, complementou dizendo que essa dívida não se refere a custeio, mas sim a investimentos. Sobre o custeio, Spies colocou que é necessário rever o modelo: "porque o dinheiro não fica com o produtor, sendo pagos apenas os juros da dívida?".

Alexandre Barros comentou ainda a respeito das razões do baixo endividamento e alavancagem. Para ele, é errado concluir que falta dinheiro: "O que falta é saber fazer as contas para justificar o investimento no setor, o que é piorado pela incerteza", avalia.


Público participante

Cooperativas predominam em países com excedentes

A polêmica final ficou por conta das cooperativas. Chaddad finalizou sua apresentação dizendo que em todos os países com excedentes de produção, as cooperativas dominam o mercado. "O que vem primeiro, excedentes que estimulam os produtores a se organizar em cooperativas, ou o setor cooperativo forte, gerando excedentes exportáveis?" Chaddad, especialista no setor cooperativista, colocou que as cooperativas de leite brasleiras estão comendo poeira quando comparadas com outros países. Marcelo Carvalho comentou que em um mercado marcado pela demanda maior do que a oferta, os produtores são assediados pela indústria, diminuindo os estímulos para que fortaleçam as cooperativas.

Por fim, Chaddad colocou que o produtor também tem responsabilidade sobre seu destino. "Porque a indústria é que tem que fazer todo o papel de coordenação da cadeia?", provocou. "Temos de parar com essa imagem do ´produtor coitadinho´. O produtor precisa se organizar e as cooperativas são um meio para isso", provocou. Para Paulo Martins, a situação brasileira é distinta na norte-americana ou neozelandesa, onde o módulo de produção é muito maior e os produtores já passaram por tudo aquilo que ainda vamos passar. "Não podemos esquecer que o produtor brasileiro produz em média cerca de 100 kg de leite/dia. Cabe a indústria um papel de maior coordenação do setor".

Os dois debates do primeiro dia mostraram o alto nível das discussões que ocorreram no Interleite Sul. Pontos polêmicos, franqueza, mas maturidade e respeito entre as posições fizeram parte dos paineis.

"De todos os eventos que realizamos, tenho a impressão de que esse foi o mais coeso, com todas as apresentações muito bem encaixadas e alinhadas entre si, além de proferidas com grande clareza e objetividade", diz Marcelo Pereira de Carvalho, coordenador do evento. "Além disso, ao contrário do que muitas vezes ocorre em eventos do setor, o debate (do primeiro dia) foi bastante franco, levantando pontos importantes para a competitividade do setor. Tenho certeza que todos que foram ao Interleite Sul saíram de lá com uma visão bem mais ampla da atividade, sinal de maturidade do evento e do próprio setor".

O evento ainda contou com um lounge aconchegante onde as empresas patrocinadoras Agroceres Multimix, Aurora, Bayer HealthCare, Beraca, CRV Lagoa, Dow AgroSciences-pastagens, DPA, Hipra, LBR, MSD e Sulinox apresentaram seus produtos e serviços ao público participante.


Lounge dos patrocinadores


Lounge: ambiente para negócios

As palestras foram filmadas e estarão disponíveis para a aquisição dentro de 30 dias.

A matéria é da Equipe MilkPoint.

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WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 09/05/2012

Felipe,

Como deves ter percebido, minha apresentação não se detinha a detalhar custos (não foi este o convite que recebi do Marcelo) e sim a dar uma visão geral. Por isso compreendo que possas ter essas dúvidas.

Primeiro, já que foi levantada a questão da indústria pelo Roberto acima, aproveito para informar que não mais trabalho para a CCGL. Há cerca de 30 dias saí para trabalhar de forma mais independente, do meu próprio jeito, com produtores e técnicos do leite em geral (ao invés de uma única indústria). Tenho 20 anos de atuação profissional nesta área, como pesquisador isento, professor universitário e consultor, por isso me inquietou o que escreveu Roberto, que não me conhece.

Sabes que cada produtor tem seu custo, mas no sistema que descrevi no Interleite Sul, um produtor de 20ha, familiar, típico, que o tenha adotado, tem os seguintes custos:



DES     0,31 (COE)

DEP     0,09 (COT = 0,31 + 0,09 = 0,40)

COT     0,05 (custo oportunidade da terra = arrendamento)

COK     0,08 (CO do capital fora terra)

COE     0,01 (CO do "empresário" = 1 sal. + encargos x 2 pessoas)

CT        0,54 (custo total)



Pela descrença que demonstras não vais acreditar. O que importa é que os produtores que encamparam as mudanças que falei estão ganhando 10 vezes mais dinheiro líquido.

Quanto à máxima eficiência econômica, nestes 20 anos trabalhando com produtores te afirmo que poucos compreendem isso e qdo ensinados, poucos desejam, pelo que isso significa. O produtor busca resultado postivo e sustentado; estabilidade de renda; um mínimo de bem-estar; e futuro para os filhos (mesmo que seja fora da propriedade).

Um exemplo é a terceira ordenha. A academia põe isso na cabeça dos profissionais e os números mostram de 10-15% mais leite com mínimo custo extra. Só que empregado não dura num lugar desses e, se for casal, se destrói. Se com apenas 2 ordenhas atingimos neste sistema 32L/vaca/d de média ano, com vacas de até 70L no pico, comendo ração duas vezes e emprenhando, para que 3 ordenhas? ...

A propriedade é um sistema complexo, que além da vaca e da economia, tem gostos pessoais, limites de sacrifícios que o produtor está disposto a fazer e um peso crescente no tempo e no bem estar. Por que tu achas que muitos maridos nessas propriedades aqui ainda plantam soja? Vida mansa enquanto a mulher rala com as vacas, mas ele sabe que perde dinheiro...
FELIPE FERROLI

ITUPEVA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 02/05/2012

Prezado Wagner;

Ao contrário do Roberto, assisti atentamente a tua apresentação, assim como a todas as outras do evento, e sinceramente, pareceu-me um tanto quanto equivocada a composição dos custos totais médios do produtor gaúcho apresentados por ti. Fiquei com a impressão que quando se referiu a um custo de R$0,54 por litro, este se refere apenas ao custo operacional efetivo (custo variável) e não ao custo total (Que engloba amortização de terra e instalações, custo de oportunidade, etc.), gostaria que esclarecesse se estou correto em minha compreensão. De toda forma, julgo os custos apresentados pelo Hernani muito mais coesos e fiéis a realidade não só do PR mas do BR em geral. Números estes são intrigantes, pois o custo da terra assim como dos principais insumos utilizados na produção leiteira no estado do RS figuram entre os mais elevados entre todos os estados da federação.

Pertinência a parte, mas também acho inapropriado afirmar que nem toda propriedade busca o máximo resultado econômico, gostaria que esclarecese, pois as propriedades que não o buscam devem se enquadrar em atividade de caráter filantrópico.

Atenciosamente;

Felipe Ferroli
WAGNER BESKOW

CRUZ ALTA - RIO GRANDE DO SUL - PESQUISA/ENSINO

EM 12/04/2012

Roberto, há tanto uma incorreção na matéria como um desencontro no que colocas.

1) O que eu disse na palestra foi que "em países concorrentes, US$0,30/L é, historicamente, um PREÇO alto ao produtor e que estes países se adaptaram ao preço que teem". Isto é fato e permanece válido para o momento, mesmo todo o planeta estando com o dólar subvalorizado frente às suas moedas, graças à política de imprimir dinheiro do governo Obama.

2) Afirmei que "vivemos uma situação artificial pelas barreiras que mantemos, mas que isso não deverá durar para sempre". Disse ainda que "temos que estar preparados para o dia em que se abrirem as comportas, pois haveria uma enxurrada de importações, achatando preços e margens aqui dentro". Prova disso é o pó a US$3200 lá fora US$4400 aqui dentro. Se permitido, certamente NZ e AUS estariam colocando tudo que pudessem aqui.

3) Vai fazer 20 anos que atuo no leite (professor/pesquisador/consultor), sempre com pé na bosta. Não defendo discurso de ninguém, pois tenho o meu próprio: trabalho pela rentabilidade do produtor em um cenário de independência política, econômica e financeira deste. Creio que não conheces meu trabalho, Roberto. Defendo que temos que buscar alta produtividade com baixo custo, não máxima produtividade nem mínimo custo isoladamente. Afirmo ainda que quem tem alto resultado com alto custo tem maior risco num cenário como o acima (Item 2).

4) Vejo que extrapolas tua experiência de Sudeste para o Sul. Aqui produtor não tem baixa auto-estima e nem mania de perseguição. Foi vítima, sim, no passado, da falta de opção de comercialização de seu produto, mas hoje isso aqui é livre-concorrência e ele manda MUITO.

5) Por opção pessoal e por ter levado na cabeça, não gasto sequer 5 segundos com produtor "coitadinho" como pareces te referir, nem do tipo "sabe-tudo" como eu costumava me topar, pois não sou útil a nenhum dos dois. Aqui temos uma leva grande de produtores que estão se tornando profissionais justamente porque não se acham coitadinhos nem sabe-tudo e é para este público que trabalho (assim meus colegas).

6) Para quem é do Sul é duro ver profissionais do Sudeste se referindo ao Sul como se fosse tudo a mesma coisa. Muitos destes quando aqui falam em época das águas, bagaço de laranja, cana-de-açucar, "fazenda de leite", de origem patronal, girolando, 1300kg/lactação e por aí vai. Nada disso existe aqui e é por isso que o MilkPoint criou o Interleite Sul. Tu me pareces incorrer no mesmo equívoco, pois sem ter vindo no evento fizeste uma avaliação de algo que não presenciaste e pouco conheces. Ainda deste azar com o erro na matéria. Te assisti pessoalmente no Interleite 2011 e percebi o quanto te dedicas a esse negócio e concordei com muito do que apresentaste, por isso te respeito.

Sabemos que não existe uma solução única. Nosso desafio é encontrar uma eficiente combinação para melhor atender o que cada propriedade busca, e nem todos buscam máximo resultado econômico...

Um abraço, Wagner Beskow
RONALDO MARCIANO GONTIJO

BOM DESPACHO - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/04/2012

Custo de US$ 0,30 com o dólar valendo quanto? R$ 1,70, R$ 1,80, R$ 2,00 ou mais?
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 11/04/2012

Não sou de polemizar e posso estar errado, mas essa história de que temos que produzir leite a U$ 0,30 (R$ 0,54) ou estamos fora do negócio não faz o menor sentido.

Não podemos assumir os problemas do câmbio e da macroeconomia dentro da porteira da fazenda.

Se assim fosse, o pessoal do boi ainda teria que produzir a arroba a U$ 20,00, os canavierios a U$ 15 a tonelada de cana, os sojicultores a U$ 12,00 a saca de soja e os avicultores a U$ 0,50/ kg de frango, que eram os custos históricos anteriores ao desequilibrio cambial iniciado em 2006 e a crise americana de 2008, quando o custo do leite também oscilava entre U$ 0,25 a U$ 0,30.

Digo isso porque o produtor de leite em geral já tem baixa auto-estima e mania de perseguição; esse tipo de comentário parece papo da indústria e não contribui em nada para o equilibrio do mercado ou para a evolução dos padrões de produtividade e eficiência do produtor.

É uma verborragia gratuita porque considera apenas que o desequilibrio do cambio vai inundar esse pais de leite importado, sugerindo nas entrelinhas que a culpa é exclusiva da incompetencia do produtor brasileiro. Isso não é verdade e não vai acontecer.

O produtor precisa saber que o melhor resultado nem sempre vem do baixo custo e sim da máxima eficiência; nem sempre as duas coisas caminham no mesmo sentido.

Se quisermos deixar de parecer o "patinho feio" como disse o Fabio,  não será por aí.

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