Danone anuncia grande plano de aposentadorias voluntárias na Argentina

A Danone anunciou que deu início a um grande plano de aposentadorias voluntárias na Argentina. Coube a Gonzalo Velazco, diretor da empresa, explicar aos executivos e a uma parte dos trabalhadores de escalões superiores a implementação do reajuste anunciado da empresa francesa

 E ele anunciou um ambicioso plano de aposentadoria voluntária em três etapas que culmina em 19 de fevereiro. Quando questionado por um dos trabalhadores sobre o que poderia acontecer se ninguém se inscrevesse, Velazco foi franco: "Não sei".

Assim, explicou que há um ano e meio a ação do líder francês em iogurtes, laticínios, sobremesas e água mineral não para de cair no mundo e por isso de Paris tomaram a decisão de reorganizar o grupo, começando pelos chefes, decidindo-se demitir cerca de 1.000 executivos globalmente.

A outra decisão é abandonar os negócios que estão dando prejuízo. Desde setembro passado a empresa está fazendo uma “revisão estratégica”. Um dos negócios é uma pequena empresa nos EUA e outro é uma fábrica de leite e água na Argentina.

Em sua mensagem, Velazco foi categórico: “Na França eles verão o que fazem, ainda não há uma decisão tomada. Eles podem revisar e vender, ficar ou encontrar um parceiro. Não é uma decisão da qual possamos participar ”.

Ele informou que continuam operando graças aos fundos que estão recebendo de Paris e que, neste contexto, “com o declínio dos últimos anos não vemos um futuro com 300 a 400 mil toneladas de leite para processar. Por isso, sabendo que temos de nos adaptar ao tamanho do negócio, perguntamos à França se ela poderia nos dar dinheiro adicional para saques voluntários, para que a situação seja menos ruim", disse.

O gerente de recursos humanos explicou que com três etapas escalonadas até o dia 19 de fevereiro, a pessoa deve se cadastrar. Numa primeira fase, as condições são mais vantajosas com uma quantia em dinheiro equivalente a 170% da indenização e que tudo é recebido juntamente com o apoio após a partida com várias prestações de 100.000 pesos (US$ 1170,00)  por mês. Na segunda etapa, a soma é menor, 150%.

Como fica claro que o peso desvalorizado favorece um ajuste desse porte, uma operadora perguntou o que poderia acontecer se ninguém se inscrevesse.

“Nós montamos o plano de forma que seja o menos ruim. Em setembro, fomos informados de que estávamos passando por uma revisão estratégica que está sendo feita na França. Fizemos um acordo para gerar esse plano de aposentadoria. Mas não sei o que pode acontecer a partir daí. Isso também gera incerteza pessoal ”, respondeu Velazco.

A verdade é que a Danone France colocou seu negócio à venda globalmente há seis anos. A família que controla a empresa decidiu que era hora de deixar o negócio e assumir o controle de uma empresa maior.

Mas algo inesperado aconteceu. Quando estavam para fechar com a Pepsico, o presidente liberal francês do momento, Nicolas Sarkozy, recusou, alegando que isso significava abrir mão de um pedaço da soberania francesa.

Hoje a empresa está em um processo de reestruturação global. Seus negócios na América do Sul, tanto na Argentina quanto no Brasil, estão com perdas milionárias.

Com mais de 25 anos de mercado, a Danone é uma das principais empresas de alimentos e bebidas do país, dona de indústrias de laticínios, produtos nutricionais e engarrafadoras de água. Ela também é acionista de um negócio de biscoitos, sob a marca Bagley.

Desde que chegou ao país, a Danone mantém uma aliança estratégica com a La Serenísima, da qual comprou sua divisão de iogurtes e sobremesas, que produz na fábrica de Longchamps. A distribuição dos produtos é coordenada a partir de uma área de logística localizada no distrito de General Rodríguez, onde atua a laticínios La Serenísima.

Em águas minerais, a empresa é a número um do mercado, com as marcas Villavicencio, que engarrafa em Las Heras (Mendoza) e Villa del Sur, com engarrafamento em Chascomús. A Danone Argentina também possui a fábrica Kasdorf em Garin, na zona norte, onde produz produtos especializados de nutrição infantil em duas áreas, nutrição "precoce" e "médica".

A empresa foi compradora da emblemática marca de biscoitos Bagley, em 1994, mas hoje esse negócio é dividido em uma joint venture com a Arcor local, que se encarrega de administrar o negócio. Em todos os negócios diretos, sem contar os cookies, a empresa emprega 5 mil pessoas.

As informações são do Clarín, traduzidas pela Equipe MilkPoint.