O terceiro painel do Dairy Vision 2021, realizado nesta quinta-feira (17/11), trouxe uma visão fora da caixinha. Com o apoio da Engineering, os palestrantes abordaram novos negócios na cadeia do leite, em mercados de nicho, mas que são promissores.
O Dairy Vision 2021 é uma iniciativa do MilkPoint com o patrocínio da Arla Foods Ingredients, Chr. Hansen, Engineering, Tetra Pak, Hexis Científica, Rousselot Peptan, Cap-Lab, Doremus e Separatori, apoiadores e palestrantes.
Este ano o evento reúne quase 400 pessoas (sendo 57% do público indústria de laticínios e 21% empresas de insumos) de 12 países, ocorrendo online nas manhãs dos dias 17, 18, 23 e 24 de novembro.
Iniciando a discussão sobre o assunto, Luis Fernando Laranja, Fundador da Guaraci Agropastoril, abordou o NoCarbon, primeiro leite zero carbono do Brasil, que desenvolveu um modelo verticalizado e sustentável de produção de leite.
“Nosso modelo de produção é baseado no que nós chamamos de sistema Agrosilvopastoril, ou seja, uma integração entre o componente da pecuária, das lavouras para produção de alimentos para os animais e florestas,” explicou Laranja.
Segundo o palestrante, além do sistema orgânico, foram incluídos dois outros componentes: o bem-estar animal e o carbono neutro. “Para isso, nós começamos a plantar árvores intercaladas tanto nas áreas de pastagem quanto de lavoura, montando uma integração de agrofloesta com a produção de leite.”
Luis Fernando enfatizou que a “marca NoCarbon foi o resultado de um conceito que nós desenvolvemos. Um conceito aplicado na produção primária que ao longo do tempo se traduziu em uma marca.” Neste sentido, Laranja completou dizendo “na verdade o que estávamos propondo não é uma marca de leite. Nós estávamos propondo a criação de um movimento que propõe uma nova forma de produzir alimento, muito pautado pela tese de carbono neutro.”
Fomentando as discussões sobre a sustentabilidade e carbono neutro, Rafaela Gontijo Lenz, CEO na Nuu Alimentos, abordou como é possível produzir alimentos regenerativos no setor lácteo. “Um terço das emissões de gases do efeito estufa, que são grandes influenciadores para as mudanças climáticas, vem de sistemas alimentares. Somos parte do problema.” Entretanto, Gontijo apontou que podemos também fazer parte da solução.
Para isso, expôs o case da Nuu Alimentos, focado em uma agricultura regenerativa e economia circular, integrando os fornecedores, fábrica e produto. “A jornada regenerativa realmente é uma jornada, não existe um fim. Quanto mais você caminha, mais você vê que tem muito mais para caminhar,” disse Rafaela.
Além da proposta de valor pautada em questões ambientais, outros negócios na cadeia do leite também incluem diferenciação do próprio portfólio das empresas. Este é o caso Keiff Kefir, pioneira e líder na produção de kefir no Brasil, fundada em 2017. Rafael Abad, CEO e Fundador da Keiff Kefir, contou um pouco deste case de sucesso no Dairy Vision 2021.
“Um ponto que acredito ser bem importante na nossa empresa é a questão da saudabilidade. Nós entendemos que as pessoas estão cada vez mais antenadas a essa questão, cada vez mais interessadas em ler rótulos e cada vez mais interessadas no propósito da companhia,” disse Abad.
Para Rafael, existem muitas oportunidades no nicho de produtos com apelo de saudabilidade. “Quando olhamos mercados mais maduros, como os Estados Unidos e a Europa, esses produtos são mais difundidos do que no Brasil. Então, nós entendemos que esse processo ainda está iniciando [no Brasil] e enxergamos muitas oportunidades neste sentido.”
Contudo, Abad ressaltou que existem fatores preocupantes, como a questão inflacionária e falta de insumos para embalagens. “Ao mesmo tempo que entendemos que existem diversas oportunidades, é um cenário macroeconômico que nos preocupa bastante.”
Com uma visão mais voltada para o business, Rodrigo Studart, CEO e Fundador da Lowko Sorvetes, startup que oferece aos consumidores sorvetes de baixa caloria sem açúcar e feito com ingredientes naturais, além da linha de produtos veganos, abordou como escalar uma startup de alimentos.
“O primeiro passo para uma startup de alimentos é identificar uma oportunidade real de mercado. De fato, precisa ser identificada uma dor do consumidor, que ainda não tenha sido resolvida pelas ofertas que existem no mercado. Acredito que isso é um conceito para qualquer startup, não só de alimentos, e é um conceito superimportante para a escalabilidade do negócio. Além disso, é importante que essa dor se insira dentro de um mercado grande e que esse mercado também esteja crescendo. Isso não atributos extremamente necessários.”
Para Rodrigo, os próximos passos do escalonamento das startups são: criar uma marca que se conecte com os consumidores; ter em mente que não dá para acertar tudo na primeira tentativa; começar pequeno, ajustar e replicar, e entender o gargalo da sua indústria e como você pode resolvê-lo.
Atualmente, a análise de dados vem ganhando força e não podia ficar de fora das discussões do Dairy Vision 2021. Dessa forma, o evento teve a palestra do Leandro Campos, Analista de negócios de Agribusiness na Engineering Brasil.
Campos apontou a Big Data como uma das ferramentas utilizadas na conectividade e colaboração de dados na cadeia produtiva do leite. De acordo ele, o Big Data “coleta, organiza, limpa e contextualiza as informações para um BI [Power Bi].”
Além disso, Leandro frisou que por meio desse modelo é possível agilizar as tomadas de decisões dentro da empresa. “Nós conseguimos interagir e integrar dados de vários locais e sistemas, buscando uma solução mais completa e abrangente.”
Encerrando este terceiro painel do Dairy Vision 2021, Kieran Gartlan, Business partner no The Yield Lab, trouxe os direcionadores da inovação no setor de alimentos e a visão do investidor. De acordo com Gartlan, na primeira onda de AgTechs, a tecnologia agrícola focou diretamente nos agricultores. “O foco era aumentar a eficiência e a produtividade, tirar o máximo da terra e dos recursos disponíveis.”
“Não era muito eficiente ou atraente para o capital de risco, porque o grande problema era a escalabilidade. Focar-se diretamente em agricultores é logisticamente difícil, pode levar algum tempo para ganhar momento. E, tudo isso, de certa forma, afasta os investidores de capital de risco,” explicou.
Por outro lado, Kieran disse que “o que estamos vendo nos últimos três anos é um maior foco no modelo B2B. Portanto, o foco é fora da fazenda, especificadamente crédito e fintech, como marketplaces de seguros.”
“Também temos visto mais foco em produtos biológicos, logística e em gerenciamento de resíduos. Então, estamos vendo soluções com escalas mais de acordo, que não são necessariamente agronômicas, mas são do ponto de vista empresarial, ou muito mais escalonáveis, e atraentes para o capital de risco,” complementou.
Sobre os impulsionadores da inovação, Gartlan ressaltou as soluções simples. “Deve ser fácil de usar, o que significa que a tecnologia é invisível, mas oferece uma solução que seja de fácil acesso, em termos de custos e compatibilidade com a tecnologia existente. E do ponto de vista do investidor, deve ser algo escalonável e repetível. Qualquer coisa que seja de capital intensivo normalmente não é uma proposta atraente para o capital de risco.”
Após as palestras, Marcelo Carvalho, CEO do MilkPoint e Co-Fundador do AgTech Garage, moderou um debate ao vivo com a presença de todos os palestrantes. O terceiro painel do Dairy Vision 2021 com a certeza mostrou que as oportunidades de novos negócios na cadeia do leite são muitas e acima de tudo: são possíveis!
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