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Brasil deve ganhar espaço no "novo" mercado de lácteos

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 02/10/2008

5 MIN DE LEITURA

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O mercado global de leite sofreu uma reconfiguração após a alta de preços de 2007, abrindo espaço para o Brasil crescer e se firmar como um importante player nesse setor no longo prazo. A conclusão é de um estudo do Rabobank, instituição financeira com foco no agronegócio, intitulado "O setor de lácteos no Brasil: uma força emergente nas exportações globais de lácteos?"

O relatório sobre o segmento de leite no Brasil, lançado em agosto passado na Holanda, foi feito pelo analista do Rabobank, Paulo Carletti, depois do banco holandês receber várias consultas de investidores internacionais sobre esse mercado. "Investidores internacionais começaram a nos procurar para entender o mercado", afirma Carletti.

O interesse dos estrangeiros, aliás, permanece, apesar do recente recuo das cotações no mercado brasileiro e internacional - por causa da maior oferta de leite - e do recrudescimento da crise financeira nos Estados Unidos.

Carletti observa que o Brasil foi favorecido pela alta de preços dos lácteos - estimulada por estoques menores nos EUA e na Europa e aumento da demanda em países em desenvolvimento da Ásia e nos países exportadores de petróleo. Esse quadro de consumo mais aquecido coincidiu com um momento de menor produção na Nova Zelândia e Austrália, países afetados por uma seca severa no ano passado.

Tal conjuntura permitiu ao Brasil ampliar produção e exportações, principalmente de leite em pó. E como a sinalização é de que os preços internacionais permanecerão acima dos níveis históricos, o Rabobank acredita que a produção brasileira continuará a ser estimulada. Para este ano, a previsão é de uma produção de 30 bilhões de litros de leite no país, ante 27 bilhões em 2007.

Carletti, pondera, entretanto, que o cenário positivo previsto para o segmento de lácteos pode ser alterado dependendo do impacto da crise financeira americana no crescimento econômico mundial e também brasileiro. "Algum impacto deve haver. Em caso de recessão, será necessário refazer projeções", afirma ele.

Mas, até agora, o que o estudo mostra é que o crescimento econômico do Brasil - projetado entre 4% e 4,6% ao ano nos próximos cinco anos - deve seguir estimulando o mercado interno de lácteos. Nos últimos anos, o aumento do consumo per capita de lácteos foi de 2,5%, e com isso o mercado cresce a uma taxa de 4%. A expectativa também é de incremento da demanda por produtos de maior valor agregado como queijo e iogurte. A projeção é que em dez anos o consumo de lácteos atinja o equivalente a 34 bilhões de litros, 6,7 bilhões a mais do que neste ano.

O mercado externo também deve continuar ganhando espaço. Segundo o estudo do banco holandês, os maiores exportadores mundiais de lácteos são atualmente Nova Zelândia, União Européia e Austrália, mas nos últimos cinco anos, Estados Unidos, Argentina e Brasil foram os países que mais ampliaram suas vendas externas de lácteos.

Carletti afirma que Brasil e Nova Zelândia são os países em melhores condições para atender ao avanço da demanda por lácteos. Ele explica que a produção se recupera no país da Oceania, após a seca de 2007, com a entrada em operação de 300 novas fazendas. O executivo reconhece, porém, que há limitadores no crescimento neozelandês, como a pequena disponibilidade de terras e a possibilidade de ganhos apenas marginais na produtividade do gado leiteiro.

Aqui, enquanto isso, ainda há potencial para elevar a produtividade do gado. Atualmente, o rendimento por vaca/ano no Brasil é de 1.700 litros de leite; já na Argentina é de 4.900 litros e na Nova Zelândia, de 3.700 litros por vaca por ano. "[Preços mais altos] devem estimular investimentos e melhorias na produção primária e no processamento, melhorando assim a capacidade do país de participar do mercado internacional", afirma o relatório.

O baixo custo da terra e da mão-de-obra também fazem do Brasil um dos países mais competitivos na produção de leite. Mas tudo isso não basta para o país se tornar um agente importante no mercado mundial de leite e acessar novos mercados, como países da Ásia e Oriente Médio - hoje os principais clientes do Brasil são Venezuela e Argélia. "O mercado importador ainda não é confiante em relação à qualidade do leite e à constância da oferta", afirma Carletti.

A constância está relacionada com a sazonalidade na produção de leite, já que o gado é criado basicamente a pasto, com suplementação alimentar. "A oferta oscila, e a indústria tem capacidade ociosa em alguns momentos do ano", explica. Além disso, a avaliação é de que a qualidade do leite no Brasil "ainda não é muito boa".

De acordo com o estudo, alguns laticínios têm seus próprios programas de pagamento de prêmios por qualidade, mas isso não ocorre em todo o país. Ainda assim, os incentivos para os fazendeiros produzirem leite de alta qualidade sob tais sistemas são consideráveis, e o prêmio pago por qualidade, fidelidade e oferta consistente pode alcançar até 30%, segundo o estudo.

Para Carletti, o recente movimento de aquisições no setor de lácteos "não é uma bolha". "O mercado global está entrando numa era diferente. O aumento dos preços mudou o mercado. (...) Há uma janela aberta para o Brasil crescer", diz. Ele afirma, porém, que diante da recente acomodação do mercado, empresas estrangeiras "vão esperar um pouco para investir" no país. O executivo destaca que essa chegada será importante pois vai trazer know-how para a indústria de laticínios brasileira.

Ainda que as exportações também devam continuar crescendo nos próximos anos - a projeção "otimista" do Rabobank é de que em 2018 , o país exporte o equivalente em produtos a cerca de 10 bilhões de litros de leite contra 1,5 bilhão ano passado -, o estudo lembra que esse avanço depende de outros fatores além de oferta e demanda maior, como câmbio.

Pelas projeções do banco, o crescimento anual histórico de 4% na oferta de leite no país combinado com a demanda local pode gerar um excedente de leite em 10 anos de até 9 bilhões de litros. Com um crescimento de 3%, o excedente seria de 5 bilhões de litros no período. O destino desse excedente deve ser o mercado internacional.

A matéria é de Alda do Amaral Rocha, publicada no jornal Valor Econômico, adaptada pela Equipe MilkPoint.

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ANTONIO PATRUS DE SOUSA FILHO

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 03/10/2008

Somente participando do mercado externo sairemos do atoleiro no qual se encontra o produtor de leite. Caso contrario a sobra de leite e evidente e precos baixos continuarao. As entidades representativas do produtor, se e que existem, devem procurar facilitar as exportacoes junto com o governo federal. Ja nao era hora de criarmos a CNPL [Central Nacional do Produtor de Leite] para trabalhar por esses interesses?
CEZAR PIMENTA GUIMARÃES

PONTA GROSSA - PARANÁ

EM 02/10/2008

Aproveito para reafirmar minha posição perante o mercado atual, não estamos em crise não, acredito que a virada já esta acontecendo, dolar subindo, favorecendo exportações, preço baixo internamente, bom para exportar, crise na China e vizinhos, é só processar e exportar. Bom para as industrias processadoras, eldorado.

Vamos assistir, e demoradamente, talvez vejamos em nossas granjas melhoria a longo prazo.
JOSÉ ANTONIO ESPÍNDOLA

CAMPINAS - SÃO PAULO - ESTUDANTE

EM 02/10/2008

Esse crescimento está intimamente ligado ao fato de o Brasil contar com oferta de energia elétrica suficiente para atender aos crescentes consumos - é uma ameaça.
JEFERSON PIROLI

VIDEIRA - SANTA CATARINA - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 02/10/2008

Parabéns pela matéria, acredito sim que temos o maior potencial competitivo comparando com qualquer país.

Um abraço a todos.

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