Uma pergunta bem simples e uma resposta que pode não estar tão “na ponta da língua”.
Primeiramente, para saber o quanto se perde é necessário ser eficiente em medir/mensurar/calcular as perdas. Então, temos alguns outros questionamentos importantes:
- “Você faz o monitoramento de todos os processos que podem gerar perdas?”;
- “Quais são esses processos que podem resultar/ocasionar perdas?”;
- “Onde/quando/como pode acontecer perdas na ensilagem?”;
- “Você consegue identificar, quantificar e calcular as perdas?
Uma dica: para entender melhor sobre os tipos de perdas, volte no texto anterior aqui da Coluna SilagemBR.
Para começar a responder estas perguntas, vai aqui outra dica valiosa:
As perdas na ensilagem sempre devem ser determinadas com base na matéria seca!
Então, vamos pensar se estamos conseguindo calcular as perdas adequadamente:
Figura 1. Sequencia de ações para medir perdas na ensilagem.
É importante enfatizar que é algo muito positivo se você estiver fazendo algo semelhante ao que mostramos nesta simulação! Mesmo tendo alguns erros/problemas no que foi apresentado, se você faz já é um sinal que está tentando fazer um monitoramento ou um certo gerenciamento do processo.
Então, o que pode ser melhorado? O que fizemos de errado ou incompleto nesta simulação?
- Perceba que usamos apenas valores em toneladas de matéria natural e não em toneladas de matéria seca, esse é o primeiro problema. Então, em momento nenhum analisamos o teor de matéria seca da forragem triturada ou da silagem pronta para o consumo.
- Também não quantificamos o que foi realmente ensilado, consideramos apenas o valor inicial de uma estimativa de produção da lavoura. Ou seja, não “pesamos” o que foi colhido e colocado dentro do silo.
- Quando coloquei a silagem no cocho para os animais, não quantifiquei as sobras do que não foi consumido. Esse não é um “erro grave” do ponto de vista de quantificação de perdas na ensilagem, mas, posso fazer um detalhamento das perdas no processo se realizar esse procedimento.
Como mensurar as perdas na ensilagem adequadamente?
Sabendo que as perdas devem ser calculadas com base na matéria seca (MS), é importante lembrar que precisaremos de mecanismos para chegar à estes valores, como: balanças para pesagens, estufas de secagem ou equipamentos alternativos para estimar a %MS.
Vamos ver um exemplo prático de como calcular as perdas na ensilagem de milho de planta inteira:
Figura 2. Exemplo prático de cálculo de perdas na ensilagem de milho de planta inteira.
Observe que no exemplo acima nós utilizamos os valores em toneladas ou % de MS. Para isso houve um monitoramento cuidadoso em todos os processos desde a estimativa de produção da lavoura de milho até a contabilização das sobras de silagem no cocho.
Este cuidado e gerenciamento nos permite, inclusive, fazer um detalhamento das perdas no processo em cada uma das etapas específicas da ensilagem.
Figura 3. Detalhamento das perdas por etapas do processo de ensilagem.
Conhecer as perdas e conseguir identificá-las é um grande passo rumo a melhorias no processo de ensilagem. Este detalhamento permite entender em quais etapas do processo estão acontecendo falhas, onde a eficiência está abaixo do esperado e, a partir daí, definir as estratégias para reduzir perdas e aumentar a eficiência de produção de silagens.
E você já imaginou como cálculos equivocados de perdas na ensilagem podem impactar a sua estimativa de custo da silagem? No próximo texto aqui da Coluna SilagemBR vamos falar um pouquinho sobre isso. Fique de olho!
Autores:
Rafael Henrique Pereira dos Reis
Instituto Federal de Rondônia Campus Colorado do Oeste
Pós-Doutorando em Ciência Animal e Pastagens – ESALQ/USP
Greiciele de Morais
Pós-Doutorando em Ciência Animal e Pastagens – ESALQ/USP
Luiz Gustavo Nussio
Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz, ESALQ/USP