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Benefícios do consumo de produtos lácteos para a saúde humana - Parte 3

MARCOS VEIGA DOS SANTOS

EM 21/05/2004

6 MIN DE LEITURA

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Por Marcos Veiga dos Santos, Ygor Vinícius Real de Lima e Gustavo Braga Sanvido1

Consumo de lácteos e prevenção do câncer

O risco de um indivíduo desenvolver câncer depende de fatores genéticos e ambientais. Pesquisas científicas em animais e estudos epidemiológicos em humanos indicam que a dieta é um dos fatores ambientais importantes, podendo aumentar (por exemplo, excesso de calorias na dieta) ou reduzir (ingestão de vitaminas e cálcio) a ocorrência de câncer. Estima-se que até 1/3 das mortes por câncer podem estar relacionadas com a dieta.

Nenhum nutriente isolado ou alimento apresenta demonstração científica de causar câncer ou proteger contra a sua ocorrência. No entanto, as atuais recomendações nutricionais visando reduzir os efeitos da dieta sobre a ocorrência de câncer incluem elevada ingestão de frutas e vegetais, moderação no consumo de gorduras, manutenção do peso corpóreo, atividade física regular e ingestão de produtos lácteos com teor reduzido de gordura. Atualmente, existem evidências científicas de que vários nutrientes do leite e produtos lácteos sejam potencialmente benéficos na prevenção do câncer, tais como o cálcio, a vitamina D e esfingolipídios. Estudos com animais demonstraram que dietas ricas em cálcio podem estar associadas com a redução do risco de câncer do cólon, mama e pâncreas. Este papel protetor pode justificar-se pela capacidade de o mineral ligar-se a substâncias irritantes do cólon (tais como os ácidos biliares), tornando-as menos tóxicas ao epitélio do intestino. Além destes nutrientes, alguns componentes da gordura do leite apresentam características anticarcinogênicas, tais como o ácido linoléico conjungado (CLA) e ácido butírico.

O ácido linoléico conjugado (CLA) é uma mistura de isômeros de ácido linoléico (um tipo de ácido graxo essencial) presente em carnes e leite de ruminantes e que, como mostram trabalhos recentes com modelos animais, parece possuir um efeito protetor contra o câncer. O leite e carne de ruminantes são as principais fontes de CLA. Entre os potenciais benefícios do CLA, podem ser listados:

a) Efeitos anticarcingênicos: os estudos em animais de laboratório apontam que o CLA inibe a proliferação de alguns tipos de câncer, tais como o de cólon, mama e estômago. Um estudo realizado com dieta contendo manteiga naturalmente enriquecida com CLA demonstrou que a ingestão deste derivado lácteo teve efeito protetor contra câncer de mama em animais de laboratório.

b) Efeitos anti-aterogênicos: o CLA apresenta efeitos de redução do colesterol total e níveis de triglicérides, resultando em diminuição da severidade de lesões na aorta de animais com dieta com níveis aumentados de CLA.

c) Mudanças na composição da massa corporal: a ingestão de CLA está relacionada com a diminuição da gordura corporal e aumento da massa magra em animais em crescimento.

d) Aumento da função imune: o CLA aumenta a resposta imune em animais experimentais.

Aparentemente, o CLA interfere no crescimento de células tumorais que possuem receptores de estrógenos (estruturas capazes de regular a divisão de células). O mais interessante no uso desta gordura é que mesmo a ingestão de pequenas doses deste componente, como 0,5% do total da gordura ingerida, é capaz de produzir este efeito protetor.

Outros componentes, como a lactoferrina bovina (bLF), também apresentaram, em estudos recentes, um efeito positivo no combate ao câncer.


Leite e segurança alimentar

O leite pode ser utilizado também como um excelente veículo para fortificação de alguns micro-nutrientes carenciais na dieta de populações de risco, devido ao seu amplo consumo como alimento. Vários países do mundo apresentam programas de fortificação do leite com ferro, zinco, cobre, vitaminas A e D, e outros nutrientes, em alguns casos sendo obrigatório por lei, devido ao grande impacto social e de saúde pública que apresentam estas medidas.

A FAO (Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação) vem promovendo em muitos países do mundo programas de incentivo à distribuição de leite na merenda escolar. A União Européia e diversos países como Canadá, Dinamarca, China, Argentina, EUA, Índia, Japão e Arábia Saudita já promovem ações educacionais de incentivo e programações especiais para crianças em idade escolar visando ao aumento do consumo do leite. No Brasil, são conhecidos alguns programas estaduais e municipais de distribuição de leite, como os do governo do Estado de São Paulo (772 mil crianças, 130 milhões de litros de leite pasteurizado por ano) e da Prefeitura de São Paulo (870 mil crianças, distribuindo mensalmente, 1,6 milhão de quilos de leite em pó). Em alguns países, os programas de leite escolar podem representar parcela significativa do mercado de leite fluido: Japão (9%), Estados Unidos (7%), Dinamarca (3%).

Os programas de leite na merenda escolar representam importante ferramenta para intervir nutricionalmente no desempenho educacional de crianças. Estes programas auxiliam no aumento da freqüência e na redução da desistência escolar, tornando a utilização dos recursos gastos na educação infantil mais eficaz. Adicionalmente, a inclusão do leite na dieta de crianças em idade escolar incentiva o hábito de consumo dos produtos lácteos durante toda a vida, o que apresenta efeitos benéficos de longo prazo para a saúde. Por outro lado, sendo as crianças um grupo com altos requerimentos de cálcio para o crescimento do esqueleto, pode-se concluir que o consumo de leite favorece o adequado desenvolvimento e o crescimento físico.

Consumo de leite e intolerância à lactose

Apesar do leite e seus derivados apresentarem inúmeros benefícios para a saúde, ainda nos deparamos com algumas crenças contrárias ao consumo deste produto. Muitas delas apregoam que o leite seja um alimento específico para os recém nascidos, e que, portanto o homem adulto perderia sua capacidade de aproveitar os seus nutrientes.

Uma destas crenças ligadas ao consumo do leite é de que pessoas com dificuldades de digestão da lactose devem evitar o consumo de leite e derivados lácteos. A intolerância à lactose consiste na ocorrência de sintomas gastrintestinais em indivíduos com baixos níveis de lactase, uma enzima necessária para a digestão da lactose (o principal carboidrato do leite). Com baixa atividade da lactase, a lactose não digerida pode atingir o intestino grosso, onde sofre fermentação por bactérias produzindo sintomas leves como acúmulo de gases ou diarréia.

Em algumas populações, a lactase sofre redução na sua atividade após a adolescência, o que não necessariamente significa intolerância à lactose. Para estes casos, recomenda-se o consumo de produtos lácteos em pequenas porções diárias que forneçam quantidade de cálcio suficiente para atender as necessidades. Outro importante fator é que mesmo aquelas pessoas notadamente intolerantes à lactose, podem consumir produtos com baixos níveis de lactose, como os leites sem lactose (ou lactose reduzida), queijos ou iogurtes, ou mesmo pequenas doses de leite diversas vezes ao dia, mantendo assim uma adequada ingestão de cálcio, sem apresentar os efeitos negativos da não digestão da lactose.

Outra crença freqüentemente observada é de que os indivíduos com dificuldades de digestão da lactose também não absorvem o cálcio do leite e dos derivados lácteos. Na verdade, nestes casos o cálcio é absorvido independentemente da digestão ou não da lactose. Entretanto, caso haja redução do consumo de produtos lácteos, existe grande risco de falta de cálcio e de ocorrência de osteoporose, pois estes alimentos são as principais fontes deste elemento nas dietas tradicionais.

Conclusão

O leite, em função de ser um alimento criado exclusivamente para ser fonte de nutrientes no período de maior demanda nutricional, é sem dúvida um item de elevada importância na dieta da maioria dos países ocidentais. Além da sua excelente composição como alimento, resultando no alto valor nutricional, os estudos epidemiológicos e clínicos feitos nos últimos anos apontam que o seu consumo também apresenta benefícios para a saúde humana. Atualmente são conhecidos alguns mecanismos que associam o consumo do leite e a prevenção da osteoporose, hipertensão, obesidade, entre outras. É ainda altamente relevante o papel do leite e derivados como estratégia de intervenção nutricional em crianças de idade escolar, atuando como fonte de nutrientes essenciais para indivíduos com elevadas demandas nutricionais, e adicionalmente como veículo para fortificação de nutrientes carenciais na população escolar.

Referências consultadas

Heaney, R.P. (2000). Calcium, dairy products and osteoporosis. Journal of the American College of Nutrition 19, 83S-99S.
Zemel, MB. Role of dietary calcium and dairy products in modulating adiposity. Lipids. 2003; 38(2):139-146.
McBean, L.D. and Miller, G.D. (1998). Allaying fears and fallacies about lactose intolerance. Journal of the American Dietetic Association 98, 671-6.

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1Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da USP / Campus de Pirassununga, SP

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