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E não é que o mercado de leite está finalmente subindo ?

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

EM 15/03/2002

4 MIN DE LEITURA

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Não há mistério: tanto se apertou os produtores que, nem bem a entressafra climática começou, já está faltando leite no mercado. O desestímulo à produção finalmente se materializou; por trás dos inúmeros leilões de liquidação ocorridos e agendados, começa a faltar leite no mercado. Em conversa com técnicos do setor, mesmo os produtores mais eficientes, seja confinado ou a pasto, não toleram mais um ano com a corda no pescoço. Desta forma, a situação atual não é surpresa para ninguém.

As informações que nos chegam é que o leite "spot", comercializado entre empresas, já chegou a R$ 0,45/litro em Minas Gerais e Goiás, ou até mais. A procura por leite é grande por parte dos grandes laticínios.

No caso da Nestlé, esta coluna havia previsto, no ano passado, que a empresa poderia mudar a forma de atuar no país e que, nesta mudança, a busca por mais leite poderia ser uma realidade. Veja o trecho da coluna de 1/11, intitulada "Vai ser mesmo um Fla x Flu ?", sobre a polarização entre Nestlé e Parmalat:

"A Nestlé tem tido estratégia oposta, permanecendo sem grandes aquisições e com crescimento lento na captação de leite nos últimos anos. Porém, isto pode vir a mudar daqui para a frente. Segundo matéria da Revista Exame (31/12/2001), a Nestlé, que vende US$ 2,5 bilhões no Brasil, acha que pode chegar aos US$ 5,0 bilhões, o que envolve, possivelmente, aumento da produção, com prováveis reflexos no processamento de leite, que poderiam vir pelo aumento da captação ou, de forma mais rápida, por aquisições. A Exame voltou a levantar, na mesma edição, a possibilidade da Itambé ser vendida, sugerindo inclusive que a Nestlé já se candidatara a comprar parte da empresa.

Verdade ou não, o fato é que a Nestlé parece ter planos mais ousados do que outrora, não só no Brasil, mas a nível global, sendo o exemplo mais contundente a associação com a Fonterra, esta resultado da associação entre as duas maiores cooperativas de lácteos da Nova Zelândia, com impactos que sentiremos em breve por aqui."

Em relação a esta última afirmação, a sombra da Fonterra em solo brasileiro vai crescendo e o mercado se enche de expectativas (clique aqui e leia matéria recente do MilkPoint). Afinal, como e quando vai funcionar a joint venture da empresa com a Nestlé?

Voltando ao mercado, já há quem diga que do mesmo jeito que o preço está subindo, vai acabar caindo lá na frente. Quanto maior o salto, maior será o tombo. Há quem especule que a busca por leite agora visa a produção de leite em pó, para a segurar os preços quando oportuno. É possível. Seja lá por que razão, é provável que o preço do leite volte em algum momento, dependendo de quanto subir agora. E isto ocorreria por dois motivos básicos. Primeiro, há um teto para o preço do leite no varejo. Experiências passadas nos mostram que o leite encalha nas prateleiras a partir de um determinado preço, talvez algo em torno de R$ 1,20-R$ 1,40/litro de longa vida. Se isto vier a ocorrer, a pressão (supermercadista, principalmente) para redução dos preços é imediata e o pêndulo volta para trás.

O outro fator é o risco Argentina. Com o real valendo mais do que o peso, a Argentina se torna o novo paraíso para produção eficiente de leite (sigo dizendo que o principal fator de eficiência de produção, ao menos em países do dito terceiro mundo, com moedas instáveis, é o câmbio). Na situação em que se encontra o país como um todo e, sem exceção, os produtores de leite, podemos esperar por aqui ao menos a tentativa de recuperação de mercados perdidos. Está certo que existem as salvaguardas para o leite em pó, mas dependendo do câmbio e da disponibilidade de leite na Argentina, até leite fluido pode cruzar a fronteira em grande quantidade. Afinal, o produtor argentino recebe, hoje, menos de US$ 0,10/litro, igual ou pior do que o produtor brasileiro (achei que não seria possível, mas está aí). Nessa conjuntura, estados do Sul, principalmente, que se cuidem.

Um fator que amenizaria a entrada de leite argentino neste ano seria o fato da produção por lá estar ainda mais desestimulada do que a nossa - e isso já há um bom tempo. Logo, a disponibilidade de leite pode não ser grande. Mas não nos iludamos: com o câmbio mais favorável à Argentina, cria-se a perspectiva e, com ela, voltam os investimentos na atividade. É assim em todos os setores. Na agricultura, não é diferente.

Com todos os senões, em matéria de otimismo, eu deixaria um pé atrás por causa da Argentina. Talvez os dois.

Por tudo isso, acho que o produtor deve buscar capitalizar a atual situação de mercado, negociando seu leite da melhor forma possível. Não é sempre (aliás, quase nunca) que seu poder de barganha lhe permite esta situação. É preciso aproveitar, portanto. Não deveria ser assim, como já colocamos anteriormente. Deveria haver maior harmonia entre os elos da cadeia do leite. Havendo harmonia, poderia haver maior planejamento e fidelidade, mas esta mudança de atitudade depende principalmente dos laticínios. Na falta disso, seria de bom tom ter mecanismos que evitassem a ocorrência de preços inviáveis para grande parte dos produtores e mesmo do leite produzido no país.

NOTA: Na esteira da desvalorização do peso, vale lembrar que quem está com o "mico do câmbio" agora é o Uruguai. Os produtores locais já perceberam que ficará cada vez mais difícil exportar commodities lácteas tendo que competir com a Argentina, esta agora com clara vantagem cambial.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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JOSELITO GONÇALVES BATISTA

OUTRO - MINAS GERAIS - EMPRESÁRIO

EM 10/04/2002

Caro companheiro Marcelo, até quando vamos continuar imaginando que liquidaçao de plantel significa diminuição de produção de leite. Ou será que as matrizes não estão apenas mudando de endereço? Notícia de matança eu não tenho, mas estou vendo produtores profissionais aumentando seus volumes, como também pecuaristas de corte iniciando suas produções de leite de forma estruturada e consciente, para fazer renda mensal para suas propriedades, ou seja, novos produtores de leite estão surgindo, porém mais profissionais que os anteriores, não acha?

Resposta MilkPoint: <i><font color="#006666">Concordo com você que não há relação direta entre leilões de liquidação de rebanhos de elite e falta de leite, mesmo porque a produção vêm crescendo, mesmo com as liquidações que, em maior ou menor grau, já ocorrem há algum tempo. Porém, o que aconteceu mais recentemente é que os leilões se intensificaram e, nesta mesma época, vários produtores do perfil que você mencionou também foram afetados. Basta ver as expectativas de redução no crescimento da produção em Goiás, daí a analogia que fiz no texto. Mas concordo que, como foi colocado, pode ter passado a impressão de que a ocorrência de leilões é sinal de redução na produção, o que de fato não é verdade.</i></font>

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