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Indústria de lácteos reclama das margens reduzidas nos últimos meses

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

PANORAMA DE MERCADO

EM 17/04/2012

9 MIN DE LEITURA

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Diante da realidade atual que combina altos custos de produção, refletida nos preços pagos no campo, com preços praticamente estabilizados no atacado e varejo, incapazes de reagir para recompor as margens, a indústria de laticínios se vê frente a uma situação difícil, segundo várias lideranças industriais.

O gráfico 1 apresenta a variação do índice de preços de derivados lácteos no varejo, calculado pelo IBGE, tendo janeiro de 2009 como índice 100. Para efeito de comparação com a inflação, foi incluído o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) e também o índice de preços ao produtor (Cepea/USP).

Quando analisamos os preços praticados no varejo, a maior parte dos derivados subiu um pouco mais do que a inflação, embora alguns deles, como os queijos passaram boa parte do tempo abaixo do IPCA. Entretanto, os preços ao produtor subiram mais do que os preços dos derivados no varejo.

Gráfico 1. Variação de preços (Fonte: MilkPoint, a partir de dados do IBGE e Cepea/USP)


Os preços no varejo, no entanto, podem não refletir a situação da indústria, uma vez que este elo pode eventualmente captar uma parcela maior do valor, reduzindo as margens do varejo. Não é, porém, o que mostram os preços no atacado (gráfico 2). Fica evidente que, tomando como base janeiro de 2007 (índice 100), os preços ao produtor subiram mais do que os preços no atacado, o que se traduz de fato em margens mais apertadas para a indústria.

Gráfico 2. Preços no atacado e ao produtor (janeiro de 2007 = 100) - (Fonte: MilkPoint, a partir de dados do Cepea/USP)


Estas margens mais apertadas podem ser vistas no gráfico 3, em que calculamos a diferença entre os preços no atacado menos o preço da matéria-prima para cada derivado, levando em conta a quantidade de quilos de leite necessária para a produção (em média) do derivado. O valor residual é então corrigido pelo efeito inflacionário, sendo aplicado o fator 100 novamente para janeiro de 2007. O que se percebe é que, embora o queijo esteja em situação melhor do que a verificada em janeiro de 2007, os demais produtos estão com rentabilidade piorada. Além disso, analisando os últimos 2 ou 3 anos, a tendência é declinante, desafiando de fato as margens industriais.

Gráfico 3. Receita no atacado menos custo de matéria-prima, valores corrigidos pela inflação (janeiro de 2007 = 100) - (Fonte: MilkPoint, a partir de dados do Cepea/USP)


O produtor, por sua vez, também teve de lidar com custos mais elevados, como pode ser observado pelo gráfico 4, que traz os dados de preços ao produtor, comparados com a variação do custo de produção, calculado pela Embrapa.

Gráfico 4. Variação de preços e custos de produção (Fonte: MilkPoint, a partir de dados da Embrapa Gado de Leite e do Cepea/USP)


Para Laercio Barbosa, Diretor Comercial da Usina de Laticínios Jussara S.A. e presidente da ABLV (Associação Brasileira de Leite Longa Vida), uma das explicações possíveis para que o preço pago ao produtor tenha dado saltos maiores que os preços no atacado e no varejo, está no fato de as empresas terem visualizado oportunidades de mercado, com muitas delas ampliando seu parque industrial, aumentando sua capacidade instalada de processamento ou entrando em novas áreas de captação. Isso fez com ocorresse uma disputa mais acirrada na busca do leite no campo. "A indústria saiu na frente e antecipou-se para atender a demanda, adotando uma política de preços para atrair mais leite, mas tudo tem limite" diz Carlos Humberto Mendes de Carvalho, presidente do Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados do Estado de São Paulo (Sindileite/SP).

Segundo Luiz Fernando Esteves Martins, Presidente do Laticínio Regina e da Associação Brasileira das Indústrias de Queijo (ABIQ), desde a febre de exportação em 2004-2005 as indústrias têm investido anualmente valores muito grandes no aumento de sua capacidade instalada, em grande parte do território nacional, o que fez com que o leite tornou-se uma matéria-prima muito procurada nos últimos anos".

Barbosa exemplifica e complementa: "Uma região onde essa situação é mais clara é o Sul, nos estados do RS e SC. Além disso, acredito que os produtores estão mais organizados e com maior acesso à informação, assim, tendem a ter mais força nas negociações."

Ou seja, a indústria acabou pagando um valor alto para os produtores e esse valor não foi repassado ao consumidor, como bem lembra Cesar Helou, diretor comercial do Laticínio Bela Vista (Piracanjuba): "As empresas não conseguem repassar preços pois são os consumidores que de certa forma impõem os limites do preço do produto final; se estiver muito caro, a dona de casa não leva o produto". Para ele, o varejo já está há algum tempo trabalhando com altas margens e não há possibilidade de aumentar mais.

Ainda nessa linha, Martins coloca que o consumidor brasileiro paga hoje mais caro - por um queijo para sanduíche por exemplo - do que o consumidor belga, inglês ou norte americano. "Esta situação é insustentável e - por mais que o produtor necessite cobrir seus custos - o consumidor não aguenta pagar."

O que chama a atenção é que mesmo com os preços mais altos para a matéria-prima, a produção não está crescendo no mesmo ritmo do consumo, o que reflete também na sustentação dos preços ao produtor. O gráfico 5, que traz os dados da balança comercial até março de 2012 em relação ao consumo total, mostra que o déficit tem aumentado nos últimos anos, ou seja o Brasil está a cada ano aumentando sua dependência do mercado externo, ainda que os valores estejam próximos da auto-suficiência.

Gráfico 5. Importação e exportação como % do consumo interno estimado (Fonte: MilkPoint, a partir de dados do MDIC)


A balança comercial de lácteos preocupa. "Os preços ao produtor no Brasil já estão em patamares incompatíveis com o mercado internacional, o que tem provocado um aumento da importação de lácteos. Esses produtos importados, principalmente o leite em pó e os queijos, ao entrar no país com preços muito baixos, tem funcionado na prática como um teto de preços para o mercado, o que tem limitado o repasse do aumento dos custos internos da matéria-prima da indústria ao varejo", explicaBarbosa.

Com essa situação, as margens das empresas de laticínios ficam cada dia mais apertadas. "Já há casos de laticínios que estão com dificuldades de rolar estoques. Até o final do ano de 2011 o estoque estava baixo, mas atualmente, a maioria das empresas apresenta estoques altos e essa realidade acontece com vários derivados: leite UHT, leite em pó e queijos" desabafa Carvalho.

Quando questionou-se sobre porque a oferta não está acompanhando o consumo, as opiniões variaram. Martins abordou a questão da expansão dos laticínios, justificando que as fábricas processadoras ficaram prontas antes da resposta na produção. "Fabricar mais automóveis ou geladeiras decorre de investimentos que levam um a dois anos para dar frutos. Produzir mais leite in natura, no grau tecnológico mais amplamente aplicado no país, decorre de investimentos que levam cinco ou mais anos para começar a dar resultado", diz.

Para Barbosa, as razões para o menor crescimento da produção são fontes de dúvida. "Em anos anteriores, quando a indústria aumentava o preço em 5-10%, o aumento de produção era quase que imediato. Nesses 2 últimos anos, aumentamos em média 15% ao ano, e a produção subiu muito pouco", analisa.

Para ele talvez tenha sido alcançado um limite técnico de produtividade e que para ser ultrapassado precisaria de muito investimento em tecnologia. "Antigamente a produção respondia mais rápido porque bastava dar mais ração às vacas que a produção aumentava".

Carvalho lembrou de um ponto crítico da produção leiteira: "A atividade do leite é difícil e muitos produtores não estão estimulados pois é necessário muita dedicação, há problemas com a mão de obra e também a concorrência com outras atividades." Esse último item também lembrado por Barbosa: "nos dias atuais há outras opções mais rentáveis ao produtor, como soja, milho ou café".

Já Helou não vê dessa forma. Para ele, a produção tem aumentado muito e o número de produtores no Brasil também está em um ritmo crescente. " Segundo um levantamento da Federação da Agricultura e Pecuária de Goiás (FAEG), em Goiás havia aproximadamente 55 mil produtores e hoje há 69 mil", explica o industrial, que afirmou também ter elevado sua capacidade de processamento de 1 milhão de litros diários há 3 anos, para 3,5 milhões hoje.

Segundo os industriais, a situação não parece favorável ao se projetar o desenvolvimento do mercado em 2012. Ao que tudo indica, o crescimento do deverá ficar um pouco abaixo das marcas atingidas em 2011, que já foram menores do que nos anos anteriores. Martins acredita que a razão da desaceleração é exatamente o forte crescimento ocorrido nos dois anos anteriores (2009 e 2010), que foi a base para comparação. "No caso dos queijos chegamos de 13 a até 16% de crescimento em tonelagem em um só ano", diz.

"Está ocorrendo em 2012 uma desaceleração do consumo, pois não é mais possível manter o ritmo anterior. Também com o Produto Interno Bruto (PIB) crescendo na casa dos 3%, acaba influenciando negativamente a taxa de crescimento do setor.", analisa Carvalho.

Barbosa aborda um outro aspecto para tentar explicar a desaceleração: "Para mim, a maior causa desse desaquecimento é o aumento da inadimplência e restrição ao crédito". Para ele, o mercado de UHT verificou um crescimento em torno de 6% em 2011. "Acredito que o setor lácteo em geral deve ter ficado entre 4-5%, o que é um bom número. No entanto, esse crescimento não foi uniforme durante todo o ano, tendo o ano começado mais forte e ter se desacelerado durante o ano. O último trimestre foi bem decepcionante, particularmente o mês de dezembro".

Tendo opinião diferente, Helou diz não sentir essa desaceleração e acredita que o consumo continuará forte, pois a população está em busca de produtos mais baratos e que talvez, as marcas mais caras é que estejam sentindo esta retração no mercado.

Ele concorda com os demais, no entanto, ao afirmar que o preço da matéria-prima está muito elevado e precisará se adequar. Para Martins, da ABIQ, "as margens da indústria já se estreitaram muito abaixo do mínimo aceitável. Chegou a hora de passarmos a dividir a conta também com o produtor".

"A manutenção dessa situação já está insustentável, com algumas indústrias já apresentando sinais de dificuldades devido à rentabilidade negativa nos últimos meses. Em minha opinião, uma correção significativa dos preços ao produtor será feita, com queda nominal nos preços ainda no primeiro semestre desse ano", prevê Barbosa.

A grande questão é como "dividir a conta" se, mesmo com os preços atuais (e estáveis por vários meses), a produção não vem reagindo a ponto de gerar excedentes que, em um mercado regido pela oferta e demanda, seria o de se esperar em situações como essa. Em outras palavras, os preços da matéria-prima, em que pesem os investimentos industriais que acabam refletindo na competição pelo leite no campo são, afinal, o resultado das forças do mercado.

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MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

MARIA BEATRIZ TASSINARI ORTOLANI

Médica Veterinária (UEL), Mestre em Medicina Veterinária (UFV), e coordenadora de conteúdo e analista de mercado do MilkPoint.

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JOSEPH CRESCENZI

ITAIPÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE CAFÉ

EM 08/05/2012

Na verdade Sandro, temos que ter capacidade produtiva para vencer os desafio dos nossos concorrentes.

Se os importados são o problema, é apenas devido a nossa incapacidade de concorrer. Descubrir, e resolver os entraves que tiram do Brasil essa capacidade, é a solução definitiva.
SANDRO COSTA NUNES

ITANHÉM - BAHIA - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 08/05/2012

Vamos resumir:

A importação é a nossa grande concorrência, ai gera todo esse desconforto no setor. Precisamos de representação no governo que tenha poder de decisão e conhecimento.
LEONARDO DE ALMEIDA BRAGA

FORMIGA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 05/05/2012

Meus Amigos

Apesar da queda do preço do leite no mercado internacional, temos no momento a compensação pela valorização do dólar. No Brasil a demanda segue firme com aumento constante do consumo e queda na produção no último ano. Aumento significativo no custo de produção. Preço do farelo de soja, fertilizantes, combustível e energia elétrica nas alturas. O valor da mão de obra com ganhos reais nos últimos anos. A indústria brasileira investiu e modernizou com muita competência e mesmo assim com margens apertadas e fabricas ociosa. O setor produtivo esta passando por  uma revolução  com ganhos de produtividade significativos e seguramente reposicionando de forma positiva com relação  ao setor a nível mundial, sem contar com as benesses dos  subsídios que existem nos outros países. As importações de produtos lácteos crescentes. Qualquer aumento ou diminuição de produção de pequena monta traz um transtorno para o negócio. Aí vai um ponto para discussão. Onde esta o problema do setor no Brasil? Acredito que o assunto é bem complexo para ficar a indústria falando que precisa diminuir preço ao produtor em função das margens apertadas. Caso isto aconteça  teremos queda na produção, mais importações para suprir mercado interno  e em consequência disto indústrias mais ociosas. De outro lado o produtor falando que precisa de aumento de preço em  função dos altos custos e investimentos e o varejo assistindo isto tudo de camarote. Será se todos os esforços  e investimentos das indústrias e dos produtores,  acreditando no setor,  para requalificar seus negócios no intuito de os tornarem mais competitivo serão perdidos?  Será se o Brasil tornará importador em vez de exportador? Será se o problema é o custo Brasil, combustível, energia elétrica, impostos, etc.? O que podemos fazer para tornar o setor rentável em todos os seus elos?  Em função da importância e pujança do setor,  será se não é momento de criar um fórum para discutir e diagnosticar, planejar e executar um plano de ação para o setor?
LAÉRCIO BARBOSA

PATROCÍNIO PAULISTA - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 02/05/2012

Prezados,

Contra fatos não há argumentos!

Para os que ainda não acreditam que a indústria está tendo prejuízos, basta conferir os balanços de 2011 das maiores empresas do setor, publicados recentemente.

Esse é o resumo:

BRF: prejuízo de R$ 24 milhões (em lácteos)

Itambé: prejuízo de R$ 59 milhões

Vigor: prejuízo de R$ 7,5 milhões

LBR: prejuízo de R$ 305 milhões

Esclareça-se que esses são os números do ano passado, que teve ainda um bom primeiro semestre, sendo que o resultado ruim somente começou a aparecer no final do ano.

O ano de 2012 começou muito pior que o ano passado, e somente o primeiro trimestre deve apresentar resultados negativos equivalentes ao ano de 2011 inteiro.

Será que todas essas grandes empresas desaprenderam a trabalhar seu principal produto, o leite? Ou o mercado não consegue absorver os altos custos da matéria prima nacional?

Me parece que a segunda opção é a mais racional e lógica.
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 02/05/2012

Prezados Laércio e Guilherme,

O leite pode sim ser rentável e é. Se não fosse, seria caso de estudo psiquiátrico de loucora coletiva, já que existem tantos produtores e indústrias investindo pesadamente na produção.

Sobre os ineficientes Guilherme, acho sim que devem sair do mercado como vem acontecendo a cada crise provocada em grande parte por eles. Tive um exemplo clássico disso ontem, feriado nacional. Um diretor de um laticínio da região me ligou contando que uma "Cooperativa" que só repassa leite, ligou pra ele querendo enviar um bitrem de leite "sem preço" porque não tinha onde colocar. E ele não pegou, porque está com o estoque abarrotado (um ineficiente morrendo e o outro (eficiente) perdendo oportunidade de lucrar pela crise de mercado)... Quanto a "choradeira da indústria" é que não concordo. O que está acontecendo vai sim atingir aos ineficientes provocando a tal seleção natural, mas é uma realidade de mercado a qual vão passar todos os envolvidos, incluíndo os eficientes.

Mas tem o lado positivo da seleção natural. "Após a tempestade vem a bonança".

Abraço,
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 01/05/2012

Prezado Sávio: Você não acha que os ineficientes devem, mesmo, sair do mercado? Por lado outro, se existem eficientes é porque o setor promove lucros e, portanto, não há por quê esta choradeira toda, mormente quando ela vem dos laticínios. Finalmente, a situação dos ineficientes, sejam produtores ou laticinistas,  será eternamente ruim se eles não modificarem a sua mentalidade. A sua intervenção confirma as minhas assertivas.BR>
Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
CARLOS HENRIQUE PASSOS

ARAGUAÍNA - TOCANTINS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 30/04/2012

O problema maior que todos querem desprezar ou coloca-lo em uma escala de menor valor, é e sempre será as importações que desestabilizam o mercado, gera no comerciante uma segurança para ditar os preços pagos, gera no consumidor uma sensação de que comprando importado, levará mais qualidade e menor preço, e aterroriza  a indústria e consequentemente os produtores de leite, por isso deveríamos lutar para acabar com essas importações discriminadas, devemos ser mais protecionistas como os outros países são para com seus.
LAÉRCIO BARBOSA MARQUES

GOIÂNIA - GOIÁS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 27/04/2012

Guilherme, tenho convicção que a indústria de laticínios e produtor de leite eficientes são lucrativos.

Acredito também que o mercado não é perfeito para equalizar os preços pagos ao produtor.

Existe uma busca frequente da indústria a novos fornecedores  que tenham volume de produção, qualidade,acessibilidade e próximos às fábricas ou  zonas de produção.

Nosso mercado consumidor é imenso e nossos produtores  precisam  ganhar dinheiro produzindo leite!
LAÉRCIO BARBOSA MARQUES

GOIÂNIA - GOIÁS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 27/04/2012

Brilhantes palavras Sávio!

Essa multidão de ineficientes mencionada por você são os responsáveis por propalar que leite é um péssimo negócio!!  Pior é que pra esses produtores é muito ruim!!!

É preciso cada dia mais mostrar que há produtores ganhando dinheiro na atividade!!

Costumo dizer que essa fama de que leite é mal negócio interessa principalmente aos eficiêntes!!

Abraço
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 25/04/2012

Só pra complementar Guilherme, lembrei em tempo de mais um vício de mercado importante e você como produtor bem informado que é já deve ter ouvido o que segue:

Grandes (enormes) indústrias e cooperativas de MG atrasando pagamentos. Elas entram em um cilclo vicoso assim: Formam estoque, vendem barato (promoções...ações de mercado...) pra fazer caixa e pagar contas em atraso. Pagam as contas e voltam ao preço de tabela, o comprador sabe da situação delas e não compra esperando novamente as (promoções...ações de mercado...), o outro pagamento chega e elas repetem as: (promoções...ações de mercado...) pra fazer caixa e pagar ainda assim em atraso...

Repito: são grandes indústrias com grandes volumes de captação e portanto com um risco de mercado altíssimo. Pra comprovar basta ir ao supermercado entre os dias 10 e 20 (período em que precisam fazer caixa) ver as tais promoções e ações de mercado no UHT.

Abraço;
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 25/04/2012

Boa noite Guilherme,

Prazer em voltar a falar com você,

Vamos lá:

Partindo do princípio da eficiência, concordo com você que existem indústrias e indústrias, assim como existem produtores e produtores. Conheço indústrias que implementaram um plano de expansão bem estruturado e que cresceram mais de 200% em cinco anos gerando lucro e se solidificando no mercado e outras como vc disse que mantiveram faturamento e continuam sólidas. Também conheço produtores de leite que a cinco anos atrás produziam 20% do que produzem hoje, com eficiência administrativa, plena rentabilidade e crescimento contínuo. O problema é que esses participantes de sucesso infelizmente são minoria na cadeia produtiva nacional. A maioria se apressa (indústria e produtor) a colocar a culpa da sua ineficiência no mercado e o mercado não perdoa. Por serem maioria, os ineficientes da cadeia produtiva pioram ainda mais a conjuntura de mercado nacional quando analisamos alguns exemplos práticos de vícios que seguem: indústrias especulando preço sem retorno do mercado iludindo o produtor e causando um aumento de produção em época errada; produtores "extrativistas" que produzem nas piores épocas principalmente no centro oeste e norte do país (mussarela de Rondônia a R$ 8,00 colocada no RJ HOJE), produtores que produzem a custo de R$ 1,00...1,20...por hobby (acredite, existem muitos). Indústrias investindo dinheiro de financiamento em ampliações fabris sem nenhum embasamento mercadológico, fusões de grandes indústrias "capengas" buscando valorização de mercado para salvar suas vidas... ENFIM...

O mercado sofre influências que não são definitivamente de mercado, mas que produzem um efeito gigantesco nas variações de preço no Brasil.

O que afirmo, não é que a situação de TODOS os laticínios é ruim, é que a valorização do leite de janeiro pra cá foi puramente especulativa, buscando um aumento de captação contando com um bom mercado em 2012 ("ovo na galinha"). Só que o mercado não aconteceu por influência da economia fria no mundo todo, e está até pior que em dezembro quando começou a especulação.

Então a questão é matemática. Para continuar pagando, as indústrias vão ter que reduzir os preços senão não pagarão mais.

O Spot já caiu 0,04 em abril com previsão de R$ 0,08 a R$ 0,10 em maio. Conversei com um grande comprador que dispensou  a bagatela de 500.000 litros dia de Spot em 15 de abril. O mesmo disse que o "mega" concorrente dele dispensará outros 400.000 litros a partir de 1º de maio...Porquê? Mais barato comprar a U$$ 2.847 a Ton lá fora. Todos os grandes tem produtos com pó reconstuido nas formulações.

Pra onde vai esse leite Spot? UHT...Mussarela...BARATOS.  Infelizmente a situação não é nem de readequação mas de baixa em relação ao preço real que é o de dez/2011.

Quanto a recomposição econômica, concordo que deveria ser assim. Mas o mercado é cruel e não respeita nossas necessidades de custo e financeiras. A realidade é infelizmente outra.

Forte abraço
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 25/04/2012

Prezado Laércio: Bom você ter tocado neste assunto. Você acha que se Laticínio fosse mal negócio, se o preço pago ao produtor pelo leite fosse mesmo o vilão, os neozelandêses, o Roberto Jank Júnior, e tantos outros grandes produtores nacionais se aventurariam em produzir marcas próprias? Por certo que não. Isto é mais uma evidência de que esta é mesmo uma tentativa de baixar o preços na entressafra, como bem alertou o amigo Roberto Jank Júnior.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
JOSÉ HUMBERTO ALVES DOS SANTOS

AREIÓPOLIS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/04/2012

Já ouvi de muitos captadores de leite das indústrias o seguinte:

O mercado se acomoda; se um produtor para, outro entra, é a vida...

Se algumas indústrias fecharem, outras estarão no mercado, é a vida......
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

JUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/04/2012

Prezado Sávio: Peço-lhe desculpas para discordar de seu ponto de vista, por alguns sintomas pontuais. O primeiro deles é que a baixa remuneração do leite produzido sempre foi o tópico na pecuária leiteira nacional, mesmo quando o mercado exigiu mais o produto. O segundo deles é que, tanto quanto nós, os produtores temos que nos ater às nossas contabilidades e sermos profissionais para que seja perene nossa sobrevivência na atividade, o mesmo se pode afirmar com relação à indústria que tem a obrigação de fazer sua lição de casa e promover a previsão orçamentária com eficiência, como, aliás, não tem acontecido. O terceiro deles, é muito cômodo colocarmos a culpa por nossas caminhadas fracassadas nos ombros dos outros e, é isto mesmo que os laticínios estão tentando fazer, com a devida permissão, eis que é de meridiana sabença que as margens do setor produtivo primário (produtores de leite) sempre foram muito apertadas e, na maioria das vezes, não remuneram ao trabalho e ao capital investidos. A culpa da situação dos laticínios é deles mesmo, que não souberam avaliar as dificuldades do setor, acreditaram na evolução geométrica do mercado, como acontece, também, com inúmeros produtores.

Esta assertiva é facilmente comprovada quando vemos diversos laticínios com margens amplas de lucro (pequenos ou grandes) e que não passam pelas dificuldades anunciadas, porque possuíram planejamento sério, não deram passos maiores que as próprias pernas.

E, o quarto e último deles, não há aumento excessivo do valor pago pelo leite ao produtor, uma vez que, sabemos nós, o que existe é mera recomposição deste valor, anos e anos defasado.

Um abraço,

GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO

FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG

=HÁ SETE ANOS CONFINANDO QUALIDADE=
LAÉRCIO BARBOSA MARQUES

GOIÂNIA - GOIÁS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS

EM 24/04/2012

Moisés, com relação ao que você disse:

"Se a industria ja não agüenta mais pagar tanto assim pelo leite, ela deveria ao inves de ter produtores de leite, poderia ela sim deveria produzir o seu leite".

Já existem várias propriedades com este perfil, produzir industrializar e colocar este produto no mercado.

O exemplo mais recente é a Faz. Leite Verde (Neozelandezes produzindo no Brasil). com a marca de longa vida Leitíssimo.

Vamos observar este movimento, pois, acredito que será o modelo que exigirá do produtor e indústria brasileiros trabalharem com maior eficiência!!

Quantas outras virão?

As metas desta propriedade são 100.000 litros / dia salvo engano!

Att.

Laércio Marques

CLAUDIO WINKLER

CARAMBEÍ - PARANÁ - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 24/04/2012

Concordo totalmente com aqueles que afirmaram que as melhores remunerações ao produtor nestes últimos 12 meses não resultaram em aumento de produção devido ao custo de produção estrangulante.

Quanto aos reclames das indústrias, não deixa de ser irônico ler algo assim exatamente duas semanas depois de ter lido isto:

https://www.milkpoint.com.br/cadeia-do-leite/giro-lacteo/nestle-preve-faturar-7-mais-no-brasil-este-ano-78593n.aspx

MOISÉS VITOR DIAS

PASSOS - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 23/04/2012

Gostaria de lançar um desafio aqui. Se a industria ja não agüenta mais pagar tanto assim pelo leite, ela deveria ao inves de ter produtores de leite, poderia ela sim deveria produzir o seu leite.

Simples não.

Pronto não teria despesas com logística da fazenda ao laticínio nem com o lucro que o produtor deveria ter.

Não precisaria de ter de tolerar este tipo de situação.

Poderia ter a produção de leite perfeita:

CCS abaixo de 100 mil, CBT abaixo de 5 mil, PROTEÍNA acima de 7% e por ai vai...

Pra que pagar bem o produtor

Tudo sobe com a inflação.

Milho e soja sal mineral (fosfato bicalcio) são commodities  e claro logicamente o leite nunca acompanhou estes números, pois nunca precisou. Produtor aceita qualquer preço, ele não manda no produto final, mesmo que seja cooperado, pois pode um diretor de uma cooperativa (pegar emprestado) o dinheiro da instituição, ficar extremamente rico, quebrar a mesma, destruir todo um patrimônio, deixar de fornecer concentrado aos produtores para que tratem de seu rebanho, abalar a estrutura financeira da região inteira, ainda mandar a conta da falência para os produtores pagarem, não vai dar em nada mesmo.

Podem vir para a região, comprem o gado de quem já faliu e pronto, conseguiram  um leite de baixíssimo custo.

Fica aqui o meu abraço a todos aqueles que se levantam as 3 da matina, de domingo a domingo não importa de estiver geando, chovendo, se o cachorro latiu a noite inteira ou se o seu filho novo chorou a noite toda, pois o leite vai chegar la na cidade sem o menor problema. O produtor não saberá a respeito disso, pois não se informou, não estudou, não teve como ir na cidade pois o tempo não deu, não teve acesso a internet e nem se quisesse os seus dedos já calejados não conseguiriam digitar nada, não cabem no teclado.

Pronto basta abaixar o preço ao produtor.

Para deixar a cadeia do leite mais  rentável basta excluir o produtor.

BETO BELMIRO

LAGOA FORMOSA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 23/04/2012

Prezado Jank, concordo que deveriamos estar discutindo outros temas como margens do varejo, programas de marketing, desoneração fiscal.....mas precisamos viver o hoje. E esse hoje é realidade exposta pelo Sávio de Barbacena e pelo produtor Jose Lemes...a queda de preço do leite está ai em pleno Abril e Maio...não é orquestração para derrubar preço, é a lei de mercado, e isso fica ainda mais claro quando 2 grandes empresas de MG atrasam pagamentos de transportadores e produtores. Esta faltando dinheiro no caixa!
CLOVIS RODRIGUES FELIPE

AVARÉ - SÃO PAULO - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 23/04/2012

A cadeia do leite, no meu entender, além do produtor e da industria, inclui a rede do varejo (supermercados, padarias, mercados, etc) . As margens praticadas pelo varejo superam em muito a que o produtor e a pequena industria consegue ter.

Está na hora de livrar o produtor do papel de mola onde o resto da cadeia senta em cima para manter suas margens e só ele vê o seu preço ser comprimido.
SAVIO

BARBACENA - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE LATICÍNIOS

EM 23/04/2012

Senhores,

Comparar um mercado cheio de influências internas e externas e que não tem uma produção (disponibilidade) definida com o mercado de água mineral e refrigerante não é razoável.

Sobre a fusão de grandes indústrias, não acho que elas indiquem exatamente uma união de forças. Todos nós sabemos que essas fusões tiveram como objetivo aumentar a eficiencia industrial e resolver problemas de fragilidade financeiro/administrativa dessas empresas. Muitas se fundiram para não fechar as portas.

Ainda nessa linha de raciocínio, querer questionar o investimento industrial de algumas empresas em virtude da atual situação de mercado de leite ("se o custo é alto porque investiram") seria como questionarmos os resultados de leilões de raças leiteiras com médias de 5.000 a 10.000 por vaca somente com potencial para produção e não exploração genética ("se o custo é alto porque investiram").

O problema está na cadeia produtiva. As margens vão ser adequadas para o bem do mercado como um todo.

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