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Venezuela já não compra lácteos uruguaios e Sendic negocia uma solução

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 30/04/2015

6 MIN DE LEITURA

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A grave crise econômica na Venezuela tem sido um golpe para vários setores exportadores do Uruguai, em particular, o lácteo, que tem os negócios com esse país totalmente parados e que enfrenta, além disso, outro grupo de dificuldades, o que tem levado o Uruguai a acelerar esforços de maior nível ante ao governo de Nicolás Maduro para lidar com a situação, que está afetando gravemente as empresas Calcar (Carmelo), Pili (Paysandú), Claldy (Young) e Conaprole.

O vice-presidente do Uruguai, Raúl Sendic, reuniu-se em Montevidéu na semana passada com seu colega venezuelano, Jorge Arreaza, para analisar, por um lado, soluções para os exportadores que não podem receber pelos envios à Venezuela e por outro que, no futuro, a troca comercial bilateral não desapareça.

Negocia-se uma forma para que os exportadores uruguaios possam receber cerca de US$ 70 milhões de envios que a Venezuela não pagou. A Ancap financia 25% de suas compras de petróleo à Venezuela há 15 anos. A ideia é que a metade dessa quantidade, em vez de ser paga à Venezuela, seja canalizada aos exportadores, que não têm recebido. A entrega seria de US$ 70 milhões. A ideia requer a aprovação de Petroleos de Venezuela (Pdvsa), que Arreaza se comprometeu a gerenciar, disse Sendic. O Uruguai comprou no ano passado cerca de US$ 600 milhões de petróleo da Venezuela.

Porém, essa fórmula somente solucionaria o pagamento de dívidas passadas, enquanto o fluxo comercial futuro ficaria sob um grande ponto de interrogação. As exportações já caíram devido à enorme dificuldade que a Venezuela tem para ter acesso aos dólares com os quais pagar suas compras. Inclusive os Estados Unidos parecem dispostos a dar uma mão ao presidente venezuelano Nicolás Maduro. Quanto ao Uruguai, talvez Maduro não encontre em seu colega uruguaio, Tabaré Vázquez, um interlocutor muito compreensivo. Vázquez e, sobretudo, seu chanceler, Rodolfo Nin Novoa, enviaram sinais de reprovação ao governo venezuelano. Com o novo governo, o idílio com o chavismo parece ter terminado.

Sendic disse que “A vontade é que a Venezuela siga comprando, de forma que estamos analisando outras modalidades para o que vem depois”. Ele disse também que pediu a Arreaza que sua resposta fosse dada o quanto antes.

A Venezuela era um mercado chave para os lácteos uruguaios e teve uma queda. Para a Calcar, a Venezuela tinha sido nos últimos anos o principal mercado para suas exportações, cujo faturamento dependia em mais de 50% das vendas externas. A Calcar enviava à Venezuela queijos duros e semiduros, em uma grande variedade de apresentações. A empresa vende à África e à América Central, mas em nenhum caso esses mercados conseguem compensar a perda do mercado venezuelano, de forma que a empresa está aumentando seu estoque de queijos.

A Claldy também não pode enviar seus queijos tipo Colonia esse ano à Venezuela. Fontes da empresa disseram que o tema é sensível, porque esse país era seu principal mercado de exportação. Nesse caso, as vendas externas explicam 70% das receitas. Fontes da empresa reconheceram que a Venezuela não deve à Claldy “nem um peso”, mas que já não emite cartas de crédito pelo que não compra.

Quanto à Pili, o último embarque foi em 23 de fevereiro. Essa empresa tinha suas vendas ao exterior de queijos totalmente concentradas na Venezuela, mercado em que entrou há três décadas. “Não podemos embarcar, porque não tem dinheiro”. A empresa exportava queijos Colonia, Edam, Sbrinz e Gouda, que enviava aos portos de La Guaira e Puerto Cabello.

Claldy, Calcar e Pili são três das cinco principais queijeiras do Uruguai. Porém, a Conaprole não está alheia a essas dificuldades. Seu vice-presidente, Wilson Cabrera, disse que nos últimos dez anos, a Venezuela se transformou em um mercado muito importante e que agora “está realmente complicado”. No caso da Conaprole, a maior parte das vendas correspondia ao leite em pó e, em segundo lugar, vinham os queijos. “Vendíamos muito e agora vendemos muito menos. As últimas entregas foram no começo do ano”. Esta situação se produz em um momento em que a China (que tinha sido um destino importante em 2014) está praticamente fechada aos lácteos uruguaios assim como a Rússia; o Brasil, no entanto, “está complicado” devido à lentidão de sua economia. À Venezuela, a Conaprole tinha vendido em 2014 US$ 150 milhões que representaram 35% de tudo o que exportou.

A Venezuela pagava valores interessantes e é dificilmente substituível. Por esse motivo, os exportadores estiveram durante anos dispostos a lidar com um complicado e lento sistema de licenças. A Rússia começou a prover-se de queijos em sua vizinha Bielorrússia e, embora haja um acordo de livre comércio assinado com o México, a produção uruguaia tem dificuldade de disputar em preço com seus competidores mexicanos.

Os dados do Instituto Uruguay XXI são bem eloquentes com relação ao que está ocorrendo no setor de lácteos e na Venezuela. Em 2014, os lácteos foram o terceiro setor de exportação do Uruguai. Porém, declinaram em 9% em valor. Esse ano, a Venezuela passou a ser o principal destino dos lácteos uruguaios, substituindo o Brasil, que passou para o segundo lugar. Em seguida vieram Rússia, China e Argélia.

No entanto, já no ano passado, eram insinuados os problemas na Venezuela, que cada vez se agudizam mais. A Venezuela se transformou em um país quase “monoprodutor” e praticamente a única coisa que exporta é o petróleo. Seu setor agropecuário não consegue produzir os alimentos que o país necessita. A queda do preço do petróleo, que começou em meados do ano passado, teve consequências devastadoras para sua capacidade de obter dólares. Tudo ia bem até relativamente pouco tempo atrás. Em 2004, somente 30 empresas negociavam com esse país, mas em 2013, eram 79. Em 2011, a Venezuela comprou US$ 326 milhões em mercadorias uruguaias; 2012, US$ 405 milhões; em 2013, US$ 449 milhões. Porém, já em 2014, ocorreu uma queda para US$ 413 milhões. No que vai de 2015, a situação se agravou e a Venezuela, que esteve em todos os anos mencionados entre os cinco principais destinos dos produtos uruguaios, caiu e já não está nem entre os primeiros quinze.

Nos dois primeiros meses de 2015, as vendas à Venezuela chegaram somente a US$ 18 milhões, quando no mesmo período de 2014, ficaram em US$ 78 milhões, uma queda de 77%.
O vice-presidente da Venezuela, Jorge Arreaza, esteve no Uruguai na semana passada e na torre de Telecomunicações fez um discurso anticapitalista. Disse que queria “retomar” o ritmo da relação bilateral Uruguai-Venezuela

Crianças com baixo peso pela falta de leite


A Venezuela registra um aumento no número de crianças com baixo peso e altura, devido ao desabastecimento e dietas com pouca proteína, que poderiam causar danos à sua saúde. “Aos hospitais estão chegando crianças com desnutrição proteica, porque não estão recebendo leite”, disse a ex-diretora do extinto Instituto Nacional de Nutrição, Angela Bianchi. Ela disse que o leite é um dos alimentos mais difíceis de encontrar na Venezuela.

Um país que parece estar em queda livre

1 – Momento ruim para somar problemas.
Os problemas com a Venezuela encontram o setor de lácteos do Uruguai em um momento ruim. Os insumos em dólares estão mais caros, a falta de água encarece a alimentação do gado e os preços internacionais estão caindo. Esse ano, a Ecolat, que era a segunda indústria de lácteos do Uruguai, fechou.

2 – Más perspectivas.
O Fundo Monetário Internacional espera que o Produto Interno Bruto da Venezuela se contraia esse ano nada menos que 7% e que o desemprego passe de 8% de 2014 para 12,8% nesse ano. O déficit das contas públicas ficaria esse ano em 20% do produto.

3 – Desabastecimento e inflação.
A inflação da Venezuela em 2014 foi de 68,5%, a maior da América Latina. Acumula seis anos consecutivos com uma inflação superior a 20% e com mais de 55% nos últimos dois. Há um importante desabastecimento de produtos básicos e controle de mudanças.

4 – Relação estreita com o Uruguai.
Desde 2005, a Venezuela teve uma estreita relação com o Uruguai. Investiu em Alur, Cofac e empresas com auto-gestão, apoiou o Hospital de Clínicas e outorgou boas condições para que a Ancap comprasse seu petróleo. A Pdvsa planejou negócios na Venezuela com a Ancap nunca concretizados.

A reportagem é do El País Digital, traduzida pela Equipe MilkPoint.

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LUIS EDUARDO M. SOUBIRON

PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL

EM 03/05/2015

Ao invés de usar de pragmatismo em seu comércio exterior, o Uruguai nos lácteos , assim como o Brasil e a Argentina em outros setores decidiram ser sócios na aventura bolivariana , a conta chegou

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