Porque a produção de leite diminui em Goiás?
Espaço Aberto: A diminuição da produção de leite no estado de Goiás tem sido alvo de grandes preocupações que permeiam na mídia e já foi motivo de um Workshop em Goiânia, pois de segundo colocado, entre os estados maiores produtores brasileiros passou para o sexto. As causas são as mais variadas e todas as que foram elencadas tem suas razões, no entanto existem outras. Por Gilson Gonçalves Costa.
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A diminuição da produção de leite no estado de Goiás tem sido alvo de grandes preocupações que permeiam na mídia e já foi motivo de um Workshop em Goiânia, pois de segundo colocado, Goiás já foi um dos maiores estados produtores de leite e agora passou para o sexto lugar. As causas são as mais variadas e todas as que foram elencadas tem suas razões, no entanto existem outras.
Essa diminuição de produção causa prejuízos a toda a cadeia láctea, no entanto, a meu ver, a mais prejudicada é a indústria; uma vez que seus investimentos são muito grandes e o translado para regiões com maiores produções é praticamente impossível e/ou inviável. O consumidor fatalmente pagará mais caro pelo produto, o governo arrecadará menos e ainda precisará recolocar a mão de obra que em grande parte migra para as cidades. Para nós produtores o fato do estado ser o 2º ou o 6º maior produtor brasileiro não interessa. O importante é trabalharmos com a produção de leite e obtermos uma receita que cubra os custos, remunere o nosso pesado trabalho e também o nosso capital, que está investido na atividade da mesma forma que licitamente almeja a indústria e o comércio.
É necessário que toda a cadeia láctea acorde para uma realidade que salta aos olhos. A imagem do produtor rural imortalizado por Monteiro Lobato na figura do Jeca Tatu, acabou, principalmente para aqueles produtores que produzem a grande maioria do leite que consumimos. Os tempos mudaram, as informações chegam às fazendas quase com a mesma rapidez que nas cidades, os produtores estão antenados, fazem contas, buscam informações técnicas e econômicas e norteiam suas ações baseado em dados concretos. Se não for dessa maneira e ainda aliado a uma organização classista, ele abandona a atividade por absoluta falta de dinheiro (lucro). O que não mudou foi o enorme valor biológico do leite, presente nas nossas vidas desde os primórdios da humanidade, pois afinal somos mamíferos. A melhoria do leite e todos os seus derivados colocados à disposição dos consumidores é uma realidade incontestável, uma vez que os produtores que produzem em torno de 80% do leite já estão enquadrados nas normas da IN 62 que regulamenta a produção.
O que acontece hoje em Goiás, aconteceu em São Paulo e fatalmente acontecerá em outros estados, pois a próxima geração - com a quantidade de opções de trabalho que se abrem - não se sujeitarão a trabalhar com pecuária leiteira e suas inúmeras dificuldades: sem estabilidade, sem garantias de que sua produção sequer será comprada e preços instáveis. As causas enumeradas acima são atribuídas ao mercado, mas é imprescindível que todos compreendam o que nós produtores já sabemos que essas justificativas não nos trazem lucro e consciente ou inconscientemente não trabalhamos mais sem ganhos condizentes com nosso esforço físico e nosso capital.
Para remediar essa situação é preciso de que o Governo diminua e até isente o leite de impostos - cuja carga tributária (direta e indiretamente) é de 33,63% - proporcionem estradas transitáveis durante todo o ano e energia elétrica de boa qualidade. Cabe ainda ao governo a fiscalização, pois de nada adianta leis, instruções normativas e outras se não há fiscalizações. Leite sem qualidade deve ser simplesmente descartado, não serve para alimentação de seres humanos.
Que todos os bancos voltem a praticar o crédito rural conforme já foi feito no passado, com juros mais baratos, pois os atuais são muito caros, iguais ou maiores que a inflação. A produção agropecuária não tem condições de se manter com custos financeiros elevados. Não sou apologista a ditaduras, mas lembro que naquela época em que a inflação era de 35% ao ano os juros variavam de 0% a 15%, isso sim contribuiu para o grande avanço da produção agropecuária que pode ainda ser aumentada. Importante diminuir a burocracia na concessão de empréstimos, diminuir também a quantidade de papéis (seguros, previdência privada, aplicações a longo prazo, etc), isso desvirtua e onera muito os financiamentos. Os bancos passam a idéia de que não querem emprestar ao produtor, haja vista o tanto de documentos solicitados de forma segmentada e às vezes até sem sentido além do grande período de estudos de propostas e projetos. Isso tudo se torna um inibidor e até mesmo um fator de desânimo para o produtor.
Os laticínios devem agilizar os pagamentos por qualidade, cumprir as determinações da IN 62, não adquirir leite fora dos padrões especificados, utilizar mecanismos que deem de forma concreta segurança ao produtor, como exemplo um preço mínimo discutido no início de cada ano. O preço a ser pago no mês deve ser comunicado antes de começar a coleta. Da forma que é praticado na atualidade, os riscos ficam todos com o produtor, pois os supermercados tiram seus custos e lucros, repassam a sobra para os laticínios, estes por sua vez tiram os seus custos mais o lucro e o que sobra é do produtor, obviamente, se sobrar.
Nós produtores precisamos nos organizar em grupos até para conscientizarmos da nossa posição na cadeia láctea, para trocarmos informações, buscarmos êxito no nosso empreendimento e se não obtivermos lucro, não nos acanharmos em deixar a atividade antes do negócio descambar para prejuízos maiores.
Importante lembrar que muitas fazendas trabalham "sozinhas", pois o proprietário vai a fazenda esporadicamente e passa o dia "batendo prosa" na cidade e, os serviços ficam completamente nas mãos dos funcionários. A dificuldade com a mão de obra é muito grande, mesmo que a remuneração dos empregados rurais seja bem maior que o recebido pelas pessoas da zona urbana que possuem o mesmo nível cultural. Os ganhos são bons, aliás, maiores que as limitações financeiras que a atividade permite e, no entanto, é difícil achar funcionários com responsabilidade, com fidelidade e compromissos com o empreendimento. Reconhecemos que o trabalho é bastante duro e contínuo, mesmo gozando dos direitos das CLT, a mão de obra para esse serviço esta cada dia mais difícil.
É imperioso uma gerencia direta, assistência técnica, muito trabalho, eficiência, competência e principalmente, gostar do que se propõe a fazer.
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UNAÍ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 19/11/2012
Muito obrigado, vou entrar em contato com Marcio.
desde já obrigado
Ubiratan Tavares
GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 19/11/2012
Hoje o presidente da NATA DO LEITE é o Sr. Márcio Ribeiro Pinto, cel 62 96012113.
Lembre-se que separados até elefante é comida de leão, portanto estão no caminho certo da sobrevivencia e de auferir algum lucro, pois ninguém trabalha eternamente com prejuízos.
Abç do Gilson

UNAÍ - MINAS GERAIS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 12/11/2012
aguardo

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 01/07/2012
Bom Dia
Eu li a sua carta na internet, achei os comentarios de acordo com as realidades dos produtores rurais.
No meu entendimento, a pecuaria leiteira esta prestes a desaparecer do nossos mundo, pois nós aqui de Palminopolis sofremos uma queda no preço do leite agora neste mes passado em torno de 4 centavos e tivemos uma elevação dos preços das raçoes em geral, é muito esquisito essa economia de desenvolvimento de um alimento que é util para os brasileiros, entendemos que estamos sozinhos mesmo, pois o governo so quer incentivar programas paternalistas e programas de doaçao de terras.
Eu estou tentando criar um fundo para os produtores de nossa região para compensar os desequilibrios dos preços acho importante ter esta ferramenta pois é nós mesmo que vamos patrocinar portanto estou procurando apoio e ajuda nas elaborações pois não vejo outro caminho.
Eu mesmo ja pesei em parar com essas atividades mas veijo fraquesa em começar outra desfazer do meu plantel que fis e estou fazendo pra nada nos precizamos realmente unir ,
ok
valdivino vilela
produtor palminopolis Goias

ITUMBIARA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 23/06/2012
Para quem conseguir ficar na atividade se o governo limitar um pouco as importações de leite, acredito em tempos de bonança.

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 04/04/2012

NOVA CRIXÁS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 27/02/2012
É necessário criar garantias de renda para produtores que alcançam patamares mínimos de eficiência e produtividade.
A atual política para o setor é de interesse de apenas um elo: a indústria.
A indústria quer matéria prima em abundância, para isto estimula o produtor a altas produções. O problema é que, ao despejar volumes cada vez maiores no mercado, os preços tendem a cair. Portanto, esta não pode ser a saída.
Quando eu iniciei a produção de leite em 1990, tinha que alcançar 500 l para poder ter lucro. Este patamar passou para 1.000 l, ontem, no Jornal O Popular falava-se em 4.000 l. Se todos produzirem 4.000 l litros, fatalmente os preços caem. Portanto, alcançar altas produções, ou mesmo formar grupo e negociar em separado com os laticínios não é uma solução duradoura. Tem que haver um política para o conjunto do setor. Para chegar-se a uma política funcional e satisfatória, os produtores tem que articular suas demandas de forma unida..
Levanto para o debate algumas questões que poderiam nortear a política para o setor, lembrando que leite não é uma mercadoria qualquer, é a base alimentar de nossas crianças, o que não é pouco:
Preço mínimo definido regionalmente e anualmente em negociação entre todos os elos da cadeia, inclusive consumidor. Preço mínimo que realmente cubra os custos e garanta margens mínimas de lucro para estabelecimentos que atingem patamares mínimos de eficiência e produtividade.
Cota, já que sem cota não há como ter preço mínimo.
Preço alvo - sobrepreço para quem atingir determinadas metas de natureza ambiental e/ou social.
Incentivo à diversificação de fontes de renda. Por exemplo, geração e venda de energia (solar, eólica), produção de álcool a partir da instalação de micro-usinas.
È um início para o debate.
Atenciosamente
Margot Riemann Costa e Silva
GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 24/02/2012
Abraço a todos vocês do
Gilson G Costa

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 22/02/2012
Parabéns pelo seu artigo, Os comentários postados, atestam as verdades do seu artigo. Para quem não conhece, vou falar um pouco da pessoa do Gilson. Mineiro de nascimento, goiano de coração, tornou-se um grande lider e produtor de leite na região de Itaberaí-Go, fazenda Mamoneiras, que eu vi crescer e se tornar uma realidade hoje, na produção de leite. Produtor rural extremamente dedicado, administra pessoalmente todas as atividades da sua fazenda. Muito criterioso, mantêm todas as anotações de gastos, receitas, produção da atividade, com referencial de valores comparativos. Tem experiência, competência e inteligência para abordar o assunto, como fez em seu artigo. Mais uma vez a cadeia produtiva do leite está de parabéns por ter produtores do seu porte. Talvez, pelo seu exemplo, continuo ainda querendo produzir um pouco de leite. Obrigado. Seu amigo. Luzimar Melo Meireles

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 14/02/2012
parabens comentarios muito importante para nos produtores de leite
lendo sua reportagem entendo que o governo acha que produzir o leite e igual agua petroleo ; não e asim
entendemos que nos goianos vamos passar por uma depuração de produção de leite
muito grande pois so vejo companheiro desistinto e procurando outras alternativas
pois não aguentamos mais so esse mes a ração subiu 20 % e nosso leite parece que esta na estabilidade dos mesmos preço ;
entendo que esta muito dificil produzir o leite pois um kilo de raçao a 100 real e um litro de leite a 0,84 não tem comparação
grato
valdivino vilela
produtor palminopolis goias

SÃO JOSÉ DOS CAMPOS - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 14/02/2012

VOTUPORANGA - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 13/02/2012

GOIÂNIA - GOIÁS - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 12/02/2012
Vocé expôs com precisão os anseios, dificuldades e necessidades do produtor de leite que, apesar de exercer uma função tão nobre que é a de produzir alimentos não é devidamente valorizada.
Falta ação efetiva e apoio para manter a competitividade. De reconhecimento em discurso atividade nenhuma sobrevive !
Grande abraço,

MURIAÉ - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 11/02/2012

GOIÂNIA - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 10/02/2012

CAMPINAS - SÃO PAULO
EM 09/02/2012
Abraços,
Clemente.
CAÇU - GOIÁS - REVENDA DE PRODUTOS AGROPECUÁRIOS
EM 09/02/2012
Gostaria de sugerir a união não só dos produtores, mas sim de todos os elos da cadeia produtiva, pois como dito, todos sofremos juntos, os altos e baixos da atividade.

CAMPO ALEGRE DE GOIÁS - GOIÁS - PRODUÇÃO DE LEITE
EM 08/02/2012
Vc abordou bem a questão da mão-de-obra, que hj é MTO melhor remunerada no campo do que na cidade, ao ponto de os salários se equipararem aos de um engenheiro júnior. Só que ao engenheiro não se provê moradia gratuita e outros benefícios (como pastagem gratuita para os animais do funcionário etc). A realidade é que os funcionários hj ganham mto mais do que o proprietário na maioria dos casos (mesmo pq a vasta maioria das propriedades não logram obter lucro), e mesmo assim não é raro os proprietários, com tanto capital imobilizado no empreendimento, serem além de tudo saqueados de alguma forma por seus funcionários... A solução para isso parece ser a aceleração da mecanização da produção leiteira, que vem ocorrendo em GO, com a ordenha sendo feita pelos próprios proprietários, ainda que sejam médios ou grandes e possam contratar mão-de-obra.
Vc acabou não citando uma das principais razões que levam à menor produção em GO, o avanço da cana. Goiás já é o 2º maior produtor de etanol do país.
Relativamente ao pouco poder de barganha do produtor face aos demais elos da cadeia produtiva, sugiro que leia artigo meu, a partir da pág. 32, sob o título "Dinâmica dos negócios agropecuários: por que o produtor dificilmente lucra?" : http://www.corecondf.org.br/discovirtual/revdownload/ed45_tudo.pdf <br
A solução para sair dessa armadilha é o cooperativismo, conforme abordado no artigo.
Forte abraço,
A Elias
CAMPO BELO - MINAS GERAIS - INSTITUIÇÃO PÚBLICA
EM 08/02/2012
PORTO ALEGRE - RIO GRANDE DO SUL - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS
EM 08/02/2012
Observando-as de fora, de outra região, com estrutura fundiária mais fragmentada e respectivas peculiaridades dos fatores de produção (terra, capital, trabalho) sobrevém algumas reflexões.
Uma delas, é a constatação de que a atividade leiteira, em muitos casos, é exercida por falta de melhor opção para a garantia de uma renda mensal. Enquanto que em Goiás o pecuarista leiteiro abre mão da atividade, com melhores opções para ganhar dinheiro, aqui na Região Sul, RS, PR e SC deslancharam suas produções, entre outras razões, em consequência dos inconvenientes das integrações suinícola e avícola e da insuficiente escala e competitividade da lavoura de grão da média e da pequena propriedade rural.
E para cá debandaram muitos laticínios, inclusive os oriundos do Centro-Oeste. Menos mal, a produção nacional continuou seu crescimento, para o abastecimento do mercado interno.
Uma outra constatação, tomando a liberdade de parafrasear o prezado autor do artigo, é a questão do "gostar do que se propõe a fazer", o que seria sempre a condição ideal. A partir do momento em que o leite passa a ser a atividade principal, e é bem conduzida, o produtor sulino, obviamente, passa a gostar da segurança da renda mensal que o leite propicia, e talvez o "gostar", para ele, não seja muito mais do que simplesmente isso, o que já poderia ser suficiente.
Como a atividade com mão-de-obra familiar, na relação custo-benefício, tende a ser mais eficiente do que a especialmente contratada (e insuficientemente preparada), isso passa a ser o grande diferencial a favorecer as regiões com o privilégio de dispor desse decisivo fator de produção.
Hoje, na Região Sul, a tecnologia possibilita uma produção familiar sustentável em propriedades que destinarem, pelo menos, uns 20 hectares (40 vacas em lactação, 1.000 litros/dia) à exploração leiteira, o que passou a ser factível em milhares de estabelecimentos, de áreas relativamente contíguas.
Talvez a indústria esteja vendo isso com bons olhos.