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IFCN: Visão geral sobre os preços do leite e custos de produção no mundo todo

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 12/11/2013

19 MIN DE LEITURA

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Por Torsten Hemme, Asaah Ndambi, Eva Schröer-Merker e outros pesquisadores do setor leiteiro de 95 países que participam da International Farm Comparison Network(IFCN)

1. Introdução

A produção mundial de leite é feita por cerca de 122 milhões de fazendas leiteiras, segundo estimativas da IFCN, com 363 milhões de vacas e búfalas leiteiras. Isso significa que o produtor mundial médio tem três animais leiteiros, com uma produção de leite anual média de aproximadamente 2.100 kg/animal/ano. É claro que a média é uma simplificação. Há uma ampla gama de fazendas leiteiras no mundo com menos de três vacas por fazenda por um lado e, por outro lado, em alguns países, há fazendas leiteiras muito maiores, com mais de 1.000 vacas.

O exemplo simples mostra que a produção de leite no mundo é feita de forma distinta nos diferentes países e suas regiões leiteiras. Sistemas de produção leiteira diferem de forma significativa em termos de tamanho da fazenda, instalações, sistema de ordenha e de alimentação.

2. Desenvolvimento dos preços do leite e dos alimentos animais em 1996-2013

A Figura 1 descreve o desenvolvimento dos preços no mercado mundial de leite e da alimentação animal. Os preços mundiais do leite são baseados na média ponderada de três indicadores mundiais de preços da IFCN: leite em pó desnatado e manteiga (35%); queijos e soro de leite (45%) e leite em pó integral (20%). O indicador de preço mundial da alimentação animal da IFCN representa o nível de valor no mercado mundial desses insumos. O indicador é calculado com base no preço para uma dieta compreendendo 70% de milho (energia do alimento) e 30% de farelo de soja (proteína do alimento). A razão entre o preço do leite e o preço da ração (milk:feed ratio) indica o quanto de ração um produtor de leite, recebendo preços globais de leite e pagando preços globais pela ração, pode comprar após vender um quilo de leite. Essa razão é definida como favorável quando é maior ou igual a 1,5 e, em geral, pode-se concluir que quanto maior a razão, mais favorável se torna a alimentação intensiva.

Além dessa razão comumente usada, a IFCN desenvolveu um novo indicador econômico das fazendas. Trata-se da margem sobre os custos da ração composta. Esse indicador considera uma intensidade média de 300 gramas de ração composta para 1 kg de leite. Essa intensidade poderia representar uma fazenda com uma produção de 8.000 quilos de leite/vaca ao ano usando 2,4 toneladas anuais de ração composta. A principal melhora é que a razão entre o preço do leite e o preço da ração passam a ter pesos iguais, um para um, enquanto o indicador de margem pesa o preço da ração baseado no quilo de ração composta fornecido por quilo de leite.

Figura 1: Preços mundiais do leite e da ração de 1996 a junho de 2013


No começo do ano de 2006, o indicador de preço do leite começou a mostrar um comportamento de montanha-russa de aumento dos preços e alcançou um pico de US$ 53,7 /100 quilos ECM (energia corrigida para leite de 4% de gordura, 3,3% de proteína) leite em novembro de 2007. Entretanto, o aumento no preço do leite não foi significativamente associado com o preço da ração, à medida que a diferença entre os dois preços aumentou em 2007, alcançando US$ 32,3.

Em 2008, o preço do leite flutuou bastante e caiu de um nível alto de US$ 50,2 por 100 quilos de leite ECM em janeiro de 2008 para um nível baixo de US$ 19,3 por 100 quilos de leite ECM em fevereiro de 2009. No entanto, o preço aumentou a um nível de US$ 41,7 no final do ano de 2009, tornando esse um ano de altas flutuações e comparativamente baixo preço médio. Em 2010, o pico de preço foi de US$ 41,3 e a amplitude de flutuação do preço foi menor do que nos dois anos anteriores.

Em contraste ao preço do leite, dos alimentos animais aumentaram no final de 2010 e começo de 2011, alcançando o nível de US$ 31/100 por quilo de alimento. Em contraste com o preço dos alimentos animais, o preço do leite seguiu uma tendência de baixa, alcançando US$ 37,3 em abril de 2012. A recuperação dos preços do leite começou em janeiro de 2013, com um nível de US$ 40,2 por 100 quilos. A alta aceleração do aumento do preço levou a ultrapassar o pico histórico do preço de novembro de 2007 e terminou o primeiro trimestre de 2013 com um nível de US$ 55/100 kg em abril.

Acompanhando os preços do leite e dos alimentos animais, é fácil observar os três eventos principais. O período de montanha-russa entre janeiro de 2007 e janeiro de 2010, que foi determinado pela alta flutuação dos preços (alcance máximo de US$ 34/100 kg ECM) e indicador de preço leite:ração entre 2,9 e abaixo de 1,0. Isso levou rapidamente de uma situação muito lucrativa na produção para uma margem negativa sobre a ração composta, que caiu muito abaixo da média de US$ 29,2. Esse fenômeno afetou especialmente produtores de leite que se baseiam em sistemas mais intensivos de alimentação composta, como Estados Unidos e países da União Europeia (UE).

O segundo período foi um período de estabilidade relativa que durou dois anos, entre janeiro de 2010 e janeiro de 2012. Nesse período, o preço do leite e o preço dos alimentos animais seguiram quase a mesma tendência, permitindo que os produtores de leite produzissem com uma razão leite:ração abaixo da média por um longo prazo a partir do final de 2010, mas ainda em cerca de 1,5 e, assim, mantivessem uma margem positiva sobre o custo da ração composta, que foi maior que a média. Esse exemplo mostra que os dois indicadores diferentes podem dar diferentes mensagens. Da perspectiva da IFCN, o indicador de margem sobre ração composta é melhor para descrever as questões econômicas da fazenda leiteira, uma vez que considera a intensidade alimentar.

O terceirou cenário começou a se desenvolver no começo de 2012, quando os preços do leite caíram e os preços dos alimentos animais aumentaram para novos recordes até o meio do ano. Esse impacto teve um efeito muito negativo nas economias das fazendas leiteiras como mostram os dois indicadores (razão preço do leite:preço da ração e margem).

Começando em agosto, vimos até o meio de 2013 um forte aumento nos preços do leite e um declínio nos preços dos alimentos animais. Ambos os indicadores mostraram um desenvolvimento positivo.

O indicador de margem é o melhor indicador para acompanhar as questões econômicas das fazendas leiteiras. Ele mostra claramente que as economias das fazendas alcançaram um nível similar ao visto em 2007, uma vez que os produtores de leite receberiam um preço que aumentaria como conforme o valor no mercado mundial. Essa análise foi feita para um sistema de produção leiteira moderadamente intensivo de, por exemplo, 8.000 quilos/vaca ao ano. Em sistemas que operam com uma produção menor de leite e menor uso de ração composta por quilo de leite, a flutuação da margem sobre a ração composta é muito menor e quase que somente influenciada pelos desenvolvimentos do preço do leite. Por outro lado, sistemas leiteiros com produções muito maiores de leite e maior uso de ração composta podem mostrar margens muito mais voláteis, especialmente quando expostas aos preços no mercado mundial.

3. Custo de produção de leite em 2012 por região do mundo

O trabalho anual da IFCN de comparar fazendas típicas ao redor do mundo vem sendo feito desde o ano 2000. Desde então, o número de países que participam aumentou de oito para 51. Além disso, o número de tipos de fazendas leiteiras analisadas aumentou de 21 a 178.

A metodologia da IFCN aplicada para a coleta de dados, análise econômica e validação dos resultados usa três elementos:

a) uma abordagem de rede de pesquisa cooperando continuamente
b) o conceito de fazendas típicas descrito abaixo e
c) um modelo padrão TIPI-CAL (modelo de cálculo do impacto da tecnologia e da política) para garantir comparação técnica dos indicadores.

Uma fazenda típica representa o sistema de produção mais comum que produz uma quantidade significante de leite em um país ou região. Normalmente, dois tipos de fazendas são usados por região leiteira – o primeiro representa uma fazenda média e o segundo, um tipo de fazenda maior. As fazendas típicas foram construídas e validadas por uma combinação de estatísticas de contabilidade e uma equipe de especialistas leiteiros. A coleta de dados e a validação foram feitas por pesquisadores nos países representados, pesquisadores do Centro de Pesquisa Leiteira da IFCN e também durante a Conferência de Lácteos da IFCN realizada em junho de 2013 na Turquia.

Correção ECM: À medida que as fazendas leiteiras operam com leite com teor muito diferente de gordura/proteína, a IFCN usa o leite corrigido para energia (ECM) para padronizar os volumes de leite para 4% de gordura e 3,3% de proteína. A seguinte fórmula foi usada: leite ECM = (produção de leite * (0,383 * % de gordura + 0,242 * % de proteína + 0,7832) / 3,1138).

Indicador de custo: A IFCN usa o indicador de custo de produção de leite que pode ser diretamente relacionado ao preço do produto. Esse custo inclui todos os custos da contabilidade de lucros e perdas da fazenda. A partir desse nível de custo, os retornos com leite de vendas de vacas de descarte, novilhas, bezerros, esterco, etc., e também os retornos dos pagamentos diretos acoplados à produção (subsídios) são deduzidos. Além disso, também os custos de oportunidade para trabalho próprio, terra e capital são incluídos. Para a criação do mapa mundial, o tamanho médio de fazenda de cada país foi usado.

Figura 2: Custos de produção de leite em fazendas médias por país em 2012


Na Figura 2, uma visão global simplificada sobre os custos de produção de leite é mostrada. A ilustração é baseada nos resultados de uma fazenda típica média analisada por países em 2012. Os resultados podem ser sumarizados da seguinte maneira:

Faixa de custos: O custo de produção de leite está na faixa de US$ 4 por 100 quilos de leite em sistemas de produção extensiva de Camarões (onde a carne bovina é a principal produção e o leite é um produto secundário) a US$ 128 por 100 quilos em uma fazenda de tamanho médio no Japão. O custo médio em todos os países analisados foi de US$ 46/100 quilos de leite.

Regiões de baixo custo: Baseado em fazendas de tamanho médio, três regiões de baixo custo foram identificadas: a) Argentina, Peru e Uruguai b) África Central e Oriental c) Europa Central e Oriental. Alguns países selecionados na Ásia (exceto Japão e grandes fazendas da China) também tiveram custos baixos.

Europa Ocidental: As principais fazendas da Europa Ocidental tiveram custos na faixa de US$ 40-US$ 55. Em média, o custo na Europa Ocidental caiu em US$ 1,1 em 2012 comparado com 2011, principalmente devido ao enfraquecimento do Euro com relação ao dólar dos Estados Unidos.

Estados Unidos: Pequenas fazendas em Wisconsin e Nova York tiveram um custo de US$ 50. Dentro dos Estados Unidos, grandes fazendas da Califórnia tiveram o menor custo, de cerca de US$ 33. Em geral, os custos médios de todas as fazendas típicas analisadas nos Estados Unidos não mudaram e ficaram no nível de US$ 41,1 em 2012, comparado com 2011 (US$ 41,02).

Oceania: O nível de custo na Oceania foi de cerca de US$ 35.

CEEC (Europa Central e Oriental): A média de todas as fazendas da CEEC apresentou um leve declínio nos custos, também direcionado pela desvalorização das moedas locais com relação ao dólar dos Estados Unidos.

No ano de 2012, o aumento no custo de produção de leite (em termos de moeda nacional) continuou na maioria das fazendas leiteiras do mundo após um aumento no preço de importantes insumos (alimentos animais, mão de obra e terra) em muitos países. Porém, ao contrário do ano anterior, esses maiores custos de insumos não foram neutralizados pelo maior preço do leite – muito pelo contrário, o preço do leite se manteve estável ou até mesmo caiu em muitos países, levando a uma piora nas economias das fazendas.

4. Desenvolvimentos do custo de produção de leite 2000-2012

Os resultados mostrados na Figura 3 refletem a situação de uma fazenda leiteira típica de tamanho médio da Nova Zelândia. No ano de 2012, esse tipo de fazenda tinha 348 vacas e representava mais de 50% do leite produzido na Nova Zelândia. Nesse período, o tamanho de uma fazenda leiteira típica média aumentou de 220 para 348 vacas por fazenda. A produção de leite aumentou de 4000 para mais de 4500 quilos de leite ECM/vaca naquele ano. Além dos custos em dólar neozelandês, a taxa de câmbio com um índice e os custos em dólar dos Estados Unidos estão mostrados.

Figura 3: Custo de produção de leite 2000-2012 na Nova Zelândia para uma fazenda leiteira típica de tamanho médio


Em termos de dólar dos Estados Unidos, os custos de produção de leite quase triplicaram no período de 2000-2012. Os custos aumentaram de US$ 12 por 100 quilos de leite em 2000 a um nível de mais de US$ 35 em 2011. A redução dos custos em 2012 foi um efeito das condições climáticas muito boas e esteve relacionada com a boa produção de leite por hectare.

O aumento nos custos em US$ pode ser explicado pelo aumento nos custos por quilo de leite em dólar neozelandês, que mostrou um aumento de 52%. Isso foi principalmente direcionado pelos maiores preços da terra e da mão de obra, que aumentaram em 150%. À medida que os produtores de leite na Nova Zelândia não usam muita ração composta comprada, os maiores preços mundiais dos alimentos animais não afetaram os custos de produção de leite.

O segundo direcionador foi a valorização do dólar neozelandês com relação ao dólar americano. No ano 2000, a taxa de câmbio era de NZ$ 2,2 por US$ 1. No ano de 2012, essa taxa caiu para NZ$ 1,24 por US$ 1. Isso foi uma valorização do dólar neozelandês de 44%. Para a agricultura, a valorização de moedas significa maiores custos na moeda usada para comparação.

O exemplo do ano de 2008/2009 mostra o quão rápido a desvalorização do dólar neozelandês reduziu os custos de produção em dólar americano. Nesse período, a taxa de câmbio flutuou entre NZ$ 1,3 e NZ$ 1,9/US$.

A Figura 4 ilustra os custos de produção de leite de fazendas típicas selecionadas que a IFCN analisou durante um certo período de tempo. As duas primeiras letras descrevem o país. Os números descrevem o tamanho da fazenda em número de vacas por fazenda. Os códigos depois dos números ilustram a região, como por exemplo, WI representa a região de Wisconsin, nos Estados Unidos. Comentário técnico: os custos para a fazenda CN-340 foram indexados para trás nos anos de 2000-2005, usando os preços dos alimentos do IFCN e os progressos técnicos na fazenda.

Figura 4: Custo de produção de leite 2000-2012 de fazendas leiteiras típicas em seis países


Desenvolvimentos dos custos para fazendas típicas 2000-2009

Alemanha (DE-106N): Essa fazenda típica com 106 vacas representa aproximadamente 60-70% da produção de leite no norte da Alemanha. No ano de 2000, os custos eram de US$ 28/100 kg de leite, similar ao das fazendas leiteiras dos Estados Unidos. De 2000-2006, o custo aumentou para US$ 42 por 100 quilos de leite. O principal direcionador foi a valorização do Euro (+36%) e o aumento moderado os custos em termos de Euro. No ano de 2007, um aumento significativo do indicador de custos foi observado à medida que os pagamentos diretos (subsídios) foram desacoplados das empresas leiteiras e reduziram os retornos não com leite em US$ 7 por 100 quilos de leite.

De 2008 a 2012, os custos mostraram uma tendência de queda para US$ 42 por 100 quilos de leite. Os principais direcionadores foram: a) a desvalorização do Euro em 14% e b) o efeito que a fazenda típica na fase de saída da cota aumentou o tamanho da fazenda de 80 a 106 vacas. Esses dois efeitos em termos de dólar dos Estados Unidos mais que compensaram o efeito dos maiores preços dos alimentos animais e da energia.

Polônia (PL-65): Esse tipo de fazenda representa o maior tipo de fazenda familiar na Polônia, produzindo cerca de 30-40% do total do leite na Polônia. Essa fazenda polonesa teve custos muito baixos em 2003 e 2004 e era quase tão competitiva em termos de custos que uma fazenda leiteira na Nova Zelândia. Após se unir à UE, os custos aumentaram de US$ 17 a US$ 53 por 100 quilos de leite em 2008. Isso foi direcionado pelo aumento nos salários, nos preços da terra e por uma valorização da moeda com relação ao Euro. Esse aumento não pode ser compensado pelo aumento na produtividade da fazenda. Depois de 2008, o tipo de fazenda seguiu uma tendência similar de custos das fazendas leiteiras da Alemanha. A redução de 20% nos custos em 2012 foi resultado da desvalorização do Zloty (-7%) e melhorias na eficiência da fazenda, como produção de leite, produtividade da terra e da mão de obra.

EUA (US-500WI): Esse tipo de fazenda representa o maior tipo de fazenda familiar e aproximadamente 30% do leite nos Estados Unidos. No país, os custos se mantiveram relativamente estáveis de 2000 a 2006, à medida que as mudanças nos preços dos insumos direcionadas pela inflação puderam ser compensadas por aumentos na produção de leite. Uma vez que os preços dos alimentos animais começaram a aumentar, isso teve um impacto direto nessa fazenda e os custos aumentaram em 50%, para um nível de US$ 38,5 por 100 quilos de leite. A forte queda nos custos em 2009 pode ser interpretada como resultado de preços muito ruins do leite, onde os produtores tentaram reduzir os custos onde possível. Até o ano de 2012, os custos aumentaram – principalmente direcionados pelos preços dos alimentos animais – para US$ 44 por 100 quilos de leite. As fazendas leiteiras dos Estados Unidos tinham uma vantagem de custo com relação às grandes fazendas familiares na Alemanha por mais de 10 anos. No ano de 2012, os custos se mantiveram em um nível similar.

China (CN 340): Essa fazenda típica com 340 vacas representa o maior tipo de fazenda na China, mas não fazendas muito grandes. Estimamos que esse tipo de fazenda representa 30-40% do leite produzido na China. Os custos das fazendas chinesas aumentaram firmemente de 2000 a 2005, seguindo aumentos nos preços dos alimentos animais e de mão de obra. Desde 2006, o aumento adicional no custo devido à valorização do Yuan pode ser visto. Em 2012, o Yuan se valorizou em mais de 25% com relação ao dólar dos Estados Unidos, comparado com o ano 2000. Os custos das fazendas chinesas não caíram muito em 2009, como foi observado em muitos outros países, porque a queda nos preços em moeda nacional quase que foi totalmente compensada pela valorização do Yuan. De 2010 a 2012, o aumento nos custos dos alimentos animais foi um forte direcionador para aumentar o custo de produção.

Argentina (AR-170): Essa fazenda representa uma fazenda de tamanho médio na Argentina que mantém cerca de 40-50% das vacas. Os custos de uma fazenda com 170 vacas na Argentina mais que dobraram desde 2002. No entanto, a tendência positiva desacelerou nos últimos 5 anos e os custos se tornaram mais voláteis. Após a redução dos custos em 2011, um aumento ocorreu novamente em 2012. Esse último desenvolvimento foi principalmente direcionado por uma redução na produção de leite devido às condições climáticas desfavoráveis.

Nova Zelândia (NZ-348): A fazenda típica representando uma fazenda de tamanho médio na Nova Zelândia foi líder em custo na produção de leite no ano 2000. A IFCN identificou custos de US$ 12 por 100 quilos de leite, que foi o menor nível de custo nesses dias. Direcionados por um aumento no preço dos insumos e por uma valorização da moeda, os custos aumentaram a um nível de US$ 35 por 100 quilos de leite. Com base em fazendas típicas escolhidas para essa análise, os custos na Nova Zelândia eram aproximadamente 20% maiores que na Argentina e 20% menores que o nível de custos nos Estados Unidos e na Alemanha em 2012.

5. Sumário

Esse artigo sumariza o trabalho de pesquisa da IFCN que analisou as economias das fazendas leiteiras desde o ano 2000. No ano de 2013, mais de 50 países participaram da comparação anual de custos de produção e 95 países participaram da análise de perfil. Os resultados desse artigo estão sumarizados a seguir:

122 milhões de fazendas leiteiras nesse planeta com uma média de 3 vacas por fazenda

Com base na coleta de dados e estimativas da IFCN, existiam 122 milhões de fazendas leiteiras nesse planeta em 2012. O tamanho médio da fazenda leiteira é de três vacas ou búfalas com produção média de leite de 2100 quilos de leite ECM/animal leiteiro.

Preços muito voláteis do leite e dos alimentos animais – um desafio para a produção leiteira
Através de preços padronizados do leite e dos alimentos animais, a IFCN rastreou a situação econômica geral para fazendas leiteiras. A IFCN desenvolveu um indicador, “margem sobre custos de ração composta”, que é uma melhora significativa comparado com o indicador frequentemente usado, a razão entre o preço do leite e o preço da ração (milk:feed price ratio). Usando essa margem, torna-se visível quanta ameaça o produtor de leite enfrenta em uma situação como o verão de 2012, quando os preços do leite caíram e os preços dos alimentos animais aumentaram. Dentro de 8 meses, essa situação mudou consideravelmente e as economias das fazendas leiteiras melhoraram de forma significativa, especialmente em países onde os altos preços do leite no mercado mundial foram transmitidos pelas companhias locais de lácteos aos preços do leite ao produtor.

Custos para produzir leite diferem de forma significativa – a faixa é de US$ 4 a US$ 128 por 100 quilos de leite
Com base na comparação de custos da IFCN, 178 fazendas típicas em 51 países foram analisadas. O custo de produção de leite ficou na faixa de US$ 4 por 100 quilos em sistemas extensivos de produção em Camarões para US$ 128 para uma fazenda média do Japão. O custo médio de todos os países analisados foi de US$ 46 por 100 quilos de leite.

De 2000-2012, o custo de produção de leite aumentou em todos os países analisados
Como o IFCN tem analisado fazendas leiteiras típicas desde o ano 2000, uma análise de séries temporais foi possível Os resultaram mostram que os custos em um país específico podem dobrar ou triplicar dentro de 3-6 anos. Esse é especialmente o caso para países como Polônia, China, Nova Zelândia, onde o valor da moeda fortaleceu de forma significativa com relação ao dólar e o preço dos insumos, como terra, alimentos animais e mão de obra aumentaram de forma significativa.

Custo de produção de leite na China foi estimado 50% acima do nível nos Estados Unidos e na Alemanha
Um caso extremo foi observado na China, onde a produção de leite depende muito de ração comprada. Além disso, a China teve o aumento mais forte nos salários e uma valorização da moeda de 24%. O efeito combinado desses fatores direcionou os custos na China para cerca de 50% acima do nível nos Estados Unidos e na Alemanha.

Bechmarking anual como parte do desenvolvimento estratégico do setor de lácteos e da compra de leite
Em tempos de mudança significativa nos preços de produção, preços dos insumos e taxas de câmbio, é extremamente importante fazer um bechmark da competitividade do atual sistema de produção leiteiro anualmente. A competitividade significa, nesse sentido, custos competitivos no mercado para os produtos lácteos e também competitivos no mercado local para fatores de produção, especialmente terra e mão de obra. Esse exercício de benchmarking permite que todos os membros do setor leiteiro vejam e reajam rapidamente às ameaças, mas, ainda mais, antecipem as oportunidades que surgirão
 
As informações são do  IFCN Dairy Report 2013, traduzido e adaptado pela equipe MilkPoint.

ARTIGO EXCLUSIVO | Este artigo é de uso exclusivo do MilkPoint, não sendo permitida sua cópia e/ou réplica sem prévia autorização do portal e do(s) autor(es) do artigo.

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JÚLIO MORAIS

PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 13/01/2014

Importante informação que permite compreender como o mercado e as políticas monetárias influenciam os custos de produção.

Saudações
JOABE JOBSON DE OLIVEIRA PIMENTEL

TEIXEIRA DE FREITAS - BAHIA

EM 18/11/2013

Muito obrigado pelas informações



God Bless You
ROBERTO JANK JR.

DESCALVADO - SÃO PAULO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 12/11/2013

Ótimo trabalho. Interessante observar que o drive principal das mudanças nos patamares de preços e custos é a taxa de cambio do país.

A situação que mostra a perda de competitividade da NZ, por conta do fortalecimento da moeda local, não difere do caso do Brasil ou China.

Isso confirma o fato de que o cambio, em termos médios, é quem define a competência antes da porteira, comparativamente entre países.



Torsten, my congratulations for your work. This is a very interesting report. Kind regards, Roberto

      

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