Atualmente, existem muitas controvérsias a respeito do assunto. Mas, antes de adentrarmos neles é preciso lembrar que nem todo sistema de produção de leite tem o pasto como principal elemento da nutrição das vacas, assim como nem toda propriedade rural possui condições de ofertar silagem. Entretanto, o mais importante é a segurança alimentar dos animais e obtenção de lucro com a atividade para o produtor.
Neste artigo vamos tratar de duas estratégias distintas de produção de volumoso para vacas leiteiras, que têm individualmente suas particularidades, vantagens e desvantagens, que podem viabilizar ou não um sistema produtivo adotado em uma determinada propriedade.
Figura 1 – Pasto irrigado e fornecimento de silagem de milho
Fonte: Acervo pessoal do autor.
Primeiro faremos uma abordagem sobre a pastagem irrigada, do ponto de vista técnico e econômico, onde será apresentado alguns indicadores reais de propriedades assistidas por programas de ATeG (Assistência Técnica e Gerencial).
Em evento de comemoração do Dia Nacional da Agricultura Irrigada, ocorrido em Brasília-DF, 14 de junho de 2022, especialistas ressaltaram o potencial agrícola do país e seu potencial para expandir as áreas irrigadas sem comprometer os outros usos do recurso hídrico, por meio de tecnologias. O País tem 8,2 milhões de hectares irrigados com potencial para 55 milhões, apenas sobre áreas que já estão em uso (CNA, 2022).
Considerando as particularidades dos diferentes sistemas de produção de leite adotados no Brasil, os sistemas que utilizam pastagens irrigadas apresentam algumas vantagens, como:
- Manutenção dos animais á pasto o ano todo;
- Aumento da taxa de lotação devido á maior capacidade de suporte das pastagens;
- Maior retorno por trabalhar com lotações maiores;
- Viabilização da adubação das pastagens de forma regular ou da fertirrigação, aumentando da eficiência da adubação, principalmente a nitrogenada;
- Viabilização da utilização da sobressemeadura de forrageiras de clima temperado, acarretando consequentemente a redução da utilização de volumosos suplementares, o que significa redução de custos na produção.
Levantamentos feitos em propriedades de pequeno e médio porte no sul e sudeste do estado do Tocantins, na safra 21/22, com rebanhos predominantemente girolando e mestiços, identifica-se taxas de lotação, entre 6 e 8 U. A/ha/ano em sistema com cocho zero para vacas em lactação.
Outros indicadores levantados foram: produtividade, que variou de 3.600 litros/ha/ano nos sistemas pouco tecnificados até 31.000 litros/ha/ano nos sistemas mais tecnificados, e custo de produção operacional, variando entre 50 e 60% da renda bruta do leite.
No entanto, sistemas de pastejo rotacionados irrigados, demandam mão-de-obra qualificada, maior investimento em sistemas de irrigação, manejo de fertilidade do solo e manejo da pastagem mais eficiente.
A silagem da planta inteira de milho por sua vez, traz consigo inúmeras vantagens principalmente por garantir a segurança no fornecimento de volumoso em períodos de estiagem prolongada, pelo fácil armazenamento e pela possibilidade de fazer dietas mais equilibradas.
Em sistemas confinados composto por rebanho de média a alta produção foram identificados por meio de coleta de dados durante visitas técnicas de campo mensais uma elevação de até 20% do custo operacional efetivo a mais em relação ao sistema rotacionado irrigado, este aumento se deu em função principalmente do elevado fornecimento de concentrados proteicos para ajustar as dietas e também pelas baixas produtividades obtidas nas lavouras de milho ensiladas que variaram entre 20 e 35 toneladas/ha.
Todavia, a produção de silagem de milho além de exigir áreas maiores, demanda máquinas e/ou implementos mais sofisticados, mão-de-obra, bem como quantidades maiores de cochos e área de sombra.
Portanto, evidentemente é muito difícil apontarmos qual o manejo nutricional mais adequado, pois variam entre sistemas e diferentes propriedades.
Contudo, a principal diferença entre as duas estratégias abordadas está relacionada ao custo produção por litro de leite, que foi menor em sistemas que consistem na utilização de pastagem irrigada ao invés de silagem, sendo capaz de reduzir em até 20% no custo operacional efetivo e ainda aumentar a produtividade.
Assim, podemos afirmar que havendo a possibilidade de irrigar pastagem, esta deve ser adotada para buscar o aumento da lucratividade. Todavia, uma assistência técnica séria e um bom controle gerencial são indispensáveis para o sucesso da atividade.
Gostou do conteúdo? Deixe seu like e seu comentário, isso nos ajuda a saber que conteúdos são mais interessantes para você.
Autores
Marcos Rogério Oliveira e Paulo Henrique Soares Silva
Referências
CNA (Confederação Nacional da Agricultura) Brasil tem potencial de ampliar área irrigada com uso de tecnologias, 14 de Junho de 2022. Acesso em: 20/08/2022 pelo link: https://cnabrasil.org.br/noticias/brasil-tem-potencial-de-ampliar-area-irrigada-com-uso detecnologias#:~:text=Atualmente%20o%20Pa%C3%ADs%20tem%208,Pecu%C3%A 1ria%20do%20Brasil%20(CNA).