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Como o pagamento influencia a qualidade do leite? |
MARCOS VEIGA SANTOS
Professor Associado da FMVZ-USP
Qualileite/FMVZ-USP
Laboratório de Pesquisa em Qualidade do Leite
Endereço: Rua Duque de Caxias Norte, 225
Departamento de Nutrição e Produção Animal-VNP
Pirassununga-SP 13635-900
19 3565 4260
11 |
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ARTUR CRUZPROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS EM 04/12/2012
Este assunto, do pagamento do leite em conformidade com as exigências qualitativas do produto, é um pau com dois bicos.
Por um lado premeia os melhores produtores por outro prejudica os piores, mas é necessário que o produtor de leite faça muito bem a contas, pois por vezes para se conseguir melhorar a qualidade do leite gasta-se dinheiro que não se recupera na venda global do mês. Foram levantadas aqui duas questões por dois colega produtores que vão sempre existir: 1- A desconfiança que o produtor possa ter quanto à qualidade técnica do individuo que recolhe a amostra. 2- A possível manipulação dos resultados por parte da industria leiteira que recolhe o leite. Estes dois problemas resolvem-se quando o laboratório de analises do leite para avaliação dos respectivos parâmetros qualitativos que vão definir o preço base de pagamento, seja propriedade de ambas as partes, ie, uma instituição independente controlada e representada pelos produtores de leite em conjunto com as várias empresas de recolha (industria de lacticínios). Podemos associar à resolução do problema da recolha de amostras de leite com a implementação de camiões com recolha automática de amostras de leite. Obviamente que é um investimento elevadíssimo por parte das empresas de recolha que só o farão se daí obtiverem rendimento acrescido. É bom que falem destas questões, que as discutam, mas é fundamental que se associem pois só assim é que terão força suficiente para fazerem pressão sobre a industria. A profissionalização da produção de leite é fundamental para que se consiga fazer face às exigências qualitativas cada vez maiores, o controlo técnico e económico das fazendas de produção de leite deve ser permanente e constante. Abraço |
EDER GHEDINITAPEJARA - RIO GRANDE DO SUL EM 13/09/2011
Torno a dizer que esta transformação no setor leiteiro depende única e exclusivamente de três elos cruciais que são: produtor, indústria e consumidor, onde o produtor recebe um pagamento diferenciado da indústria pelo produto de melhor qualidade, a indústria por sua vez terá melhores rendimentos na industrialização do produto e o consumidor fará a sua parte exigindo qualidade.Até quando vamos esperar pelos nossos governantes a tomada desta decisão?Precisamos mudar sim a cultura, um país que quer despontar mundialmente como referência no setor agropécuário não pode ficar amarrado a conceitos de séculos anteriores. Enquanto as tomadas de decisões desta envergadura ficarem sujeitas a favorecimentos de determinados segmentos deste país(políticos corruptos) não visualizaremos uma luz no fim do túnel. Por isso, conclamo os profissionais da área a fazerem sua parte, sejam agentes transformadores e auxiliem na questão cultural, orientando os produtores de modo a mudar este panorama. Produtores, tecnifiquem-se e prezem pela qualidade, agreguem valor ao seu produto e negociem com a indústria o melhor preço. Forte abraço a todos!
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ANDRÉ GONÇALVES ANDRADEROLIM DE MOURA - RONDÔNIA - PRODUÇÃO DE LEITE EM 15/08/2011
Caríssimo prof. Marcos, parabéns.
Acho que foi em um artigo seu que li sobre a percepção de qualidade pelo consumidor. E penso que esse é o ponto crucial para acelerar o processo. As indústrias precisam conseguir melhorar os produtos e para isso precisam de leite de qualidade, depois precisam fazer com que o consumidor percebam essa qualidade e depois que aceitem remunerar melhor através da compra desses produtos. É uma pirâmide em que a base é a qualidade, depois a plena satisfação dos clientes e depois como gratificação a remuneração. Tenho visto muitas tentativas com a pirâmide invertida. Algumas empresas com marcas fortes e nichos de mercados específicos até conseguem fazer alguma coisa, mas é muito pouco em relação ao setor. A assistência técnica precisa cumprir o seu papel de instruir o produtor não só na forma de produzir, mas também nas consequências que a não qualidade tráz. Eu diria que parte das mazelas que o setor vive é a reação contra a ação praticada pela maioria dos produtores e indústiras. Mas como bom brasileiros vamos vivendo cheio de esperanças por dias melhores. Um abraço. André Gonçalves |
JULIÉLI MELISE RENZMONDAÍ - SANTA CATARINA EM 13/08/2011
Senhor: Marcos. Parabéns pelo artigo. Seu relato é excelente, porem como o comentado anteriormente pelo prezado Guilherme, a introdução da normativa trara benefícios e malefícios, como todo projeto. Na minha opinião, a amostra recolhida pelo próprio motorista, não é a melhor maneira pois a mesma sendo feita sem a devida higienização dos utensílios dentro uma coleta de amostra e outro coleta de amostra de outro produtor, pode trazer microrganismos os quais podem influenciar no resultado da analise. Se o técnico especializado passa-se a orientar e vistoriar o produtor, e realisa-se a coleta da amostra ( nos devidos regimentos), bem como efetua-se uma vigilância quanto a sanidade do estabelecimento, utensílios, e do próprio ordenhador, sendo que uma melhoria quanto a sanidade em geral bem efetuada e controlada já trás mudanças relativas quanto ao resultado das contagem de Microrganismos ( CCS; CCB ). Sendo que assim o técnico passaria a ver o que acontece naquela propriedade, bem como poderia estar auxiliando quanto ao descarte do leite de uma vaca não sadia ( ou melhor com mastite, ou sob tratamento, sendo que estas influenciam na amostra da analise ). Porem muito deve e tem que ser realizado ainda para que o leite possa ter um melhora quanto a sua qualidade, sendo que esse tema ainda vai ser pauta de muitas discussões.
Atenciosamente Juliéli, estudante tecnologia de alimentos. |
HEITOR KURT SEINERBRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE EM 12/08/2011
É interessante observar que a ferramenta "Remuneração pela Qualidade" já é usada em outras países a pelo menos 30 anos. Países estes que muitas vezes possuem os parâmetros de qualidade que o MAPA deseja para a IN 51. Sendo assim fica claro que nestes países o Estado não apenas estabeleceu parâmetros, mas de alguma forma INCENTIVOU o setor a alcançar os padrões desejados.
Ainda com relação a "Remuneração pela Qualidade do Leite", mas iimportante do que apenas bonificar ou penalizar, é necessário preparar produtores e colaboradores, investir em melhorias na captação de leite, melhorar sempre a disponibilização de resultados para os produtores e revisar o programa sempre que for necessário. Ou seja, o pagamento é parte de um processo, é uma das ferramentas de um programa de qualidade do leite. E não há apenas um exemplo de cooperativa ou empresa que possua programa de qualidade com "Remuneração pela Qualidade". E todas as que adotaram programas claros, bem objetivos, com bonificação e penalização, obtiveram melhorias em seus resultados. Mas infelizmente essas empresas não são maioria, ainda há grandes participantes do mercado que não pagam por qualidade, por que? Por que apenas algumas empresas pagam por qualidade? Por que apenas algumas estão investindo em melhorias em seus processos de captação? Por que apenas algumas participam de debates sobre qualidade do leite? Com certeza para estas empresas o mais importante é que as bonificações sejam maiores que as penalizações. Não há sentido para uma empresa penalizar mais do que bonificar, poderia ser um atestado de qualidade do leite recebido não é adequada. Qualquer empresa idônea vai querer resultados melhores, pois pagar melhor para um leite de melhor qualidade gera melhor rendimento industrial, com produtos de melhor qualidade e mais força junto ao consumidor. Se houver redução de preço no mercado, a empresa séria vai acompanhar o mercado, usando de outros componentes que não a qualidade. Todos concordam que o pagamento pela qualidade do leite, como parte de um program de qualidade do leite sério, incetiva e bonifica os produtores que levam a sério a produção de leite. Ou seja, traz resultados de melhoria para toda a cadeia, incentiva os produtores. Por que não há incentivos para as empresas que investem em trabalhos para a melhoria da qualidade do leite no Brasil? Por que não há incentivo para as empresas que adotam o pagamento pela qualidade? Estas trazem benefício para a cadeia. Em um momento que o governo, através do BNDS, participa de grande fusões no setor industrial. Não seria o momento, do mesmo governo atarvés de políica séria e consistente incentivar quem realmente trabalha por melhorias na cadeia produtiva? |
EUCLIDES DE SOUZAELDORADO DOS CARAJÁS - PARÁ - PRODUÇÃO DE LEITE EM 12/08/2011
O pagamento por qualidade é um estímulo para que o produtor produza mais leite e de mais qualidade! No norte, sobretudo no Pará, na região de Eldorado do Carajás estamos recebendo 0,50 centavos pelo litro do leite que é levado ao tanque de expansão mais próximo da propriedade. Sugiro recursos do Ministério da Agricultura aos estados para que esses sejam destinados à Emater ou outro órgão para capacitação dos produtores. Pois, falta muita orientação, coisa de auto-estima mesmo. Como voce mesmo citou as empresas do setor lácteo apresentam ganhos potenciais de rendimento e credibilidade junto ao consumidor. Então, nesse caso as empresas também precisam de investir mais no setor técnico, já temos casos de sucesso em nosso município, más está muito aquém do que pretendemos. Um outro fator é que quando temos assistencia técnica, nem sempre ela é "especializada" para o setor leiteiro. Muita das vezes o técnico limita-se a pré-diagnosticar a propriedade e não passa nenhum conteúdo importante ao Produtor de Leite. Motivos como esse nos levaram a procurar nos ultimos anos o apoio da Embrapa Gado de Leite lá em Coronel Pacheco-MG para nos capacitar. Porém, saltamos de 75 mil em 2006 para 137 mil litros de leite/dia em 2010, conforme o ultimo diagnostico da cadeia produtiva do leite de Eldorado do Carajás. Más, a qualidade do leite é um dos pontos de estrangualmento que mais nos preocupa.
Euclides de Souza - Programa MAIS LEITE |
GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCOJUIZ DE FORA - MINAS GERAIS - PRODUÇÃO DE LEITE EM 12/08/2011
Prezado Marcos Veiga Santos: Parabéns pelo excelente artigo. O mais importante de tudo o que você mencionou é a qualidade da coleta das amostras. Vou direito ao ponto. Por exemplo, forneço leite para um Laticínio de grande porte que já utiliza este sistema de pagamento por qualidade e penalização. Ocorre que, uma vez ou outra, de forma inexplicável, já que o manejo é o mesmo, constante, e a vigilância sanitária sobre o rebanho, muito rígida, de sorte que nos voltamos, sempre, para a qualidade do produto, tanto que mantemos taxas de CCS e UFC bem próximas dos padrões de exigência internacionais, estes valores aparecem alterados, ainda que não ao ponto de produzir penalização do nosso produto. Ora, supondo que nossa meta de produção não fosse tão rigorosa e que fóssemos um produtor mediano, com alguma responsabilidade pela higienização do ambiente produtivo. As oscilações das coletas (mal feitas, no caso) poderiam produzir penalidades injustas ao produtor, que teria diminuida sua renda, sem qualquer motivo, já que a qualidade de seu leite seria boa, malgrado a resposta laboratorial contrária. Por lado outro, imaginemos que determinado laticínio, em face do alto volume captado e sem escrúpulos - é só uma abstração, porque, no geral, as indústrias brasileiras são idôneas - se utilizasse do sistema para pagar menos ao produtor. O método de penalização, portanto, seria uma forma de minimizar o pagamento do valor do leite captado, já que, ruim ou bom, o mesmo entra na planta do latícinio que, temos certeza, não o descarta. Por isso, vemos, com muita ressalva, esta modalidade de pena. Que o produtor não receba pela qualidade, perfeito - não a teve mesmo. Mas, que seja penalizado quando não a atingir, retirando-se dele os valores que iria receberse a conquistasse, é, no mínimo, um risco muito grande de injustiça. Entendo, pois, que tal prática não é recomendável.
Um abraço, GUILHERME ALVES DE MELLO FRANCO FAZENDA SESMARIA - OLARIA - MG |
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