O negócio "produção de leite" está intimamente associado a uma rotina de intensa demanda por decisões, sejam elas estratégicas ou táticas. Quando comparamos o negócio leite, suas características, número de fatores e detalhes envolvidos, pode-se afirmar que produzir leite demanda uma rotina intensa de decisões, maior do que outras atividades agropecuárias.

As decisões estratégicas podem ser divididas em três níveis:

- decisões que definem a direção do negócio;
- decisões operacionais;
- decisões de curto prazo.

Alguns exemplos de decisões que definem a direção do negócio: construir novas instalações, crescer o rebanho, comprar mais terra, sair da atividade, etc. Nestes casos, a decisão é absolutamente importante para a viabilidade do negócio, envolvem muito dinheiro e possuem implicações a longo-prazo.

Exemplos de decisões operacionais: produzir feno ou comprá-lo, contratar um novo gerente de rebanho, criar os animais de reposição ou comprá-los, etc. Estas decisões estratégicas envolvem menor capital, e caso seja feita uma escolha errada, é mais fácil corrigir seus efeitos, quando comparadas com as decisões mencionadas no primeiro tópico.

Exemplos de decisões de curto-prazo: ordenhar duas ou três vezes ao dia, iniciar um programa de sincronização dos animais, usar BST, etc. Estas decisões podem ser implementadas e, caso necessário, modificadas rapidamente. Poderiam ser decisões táticas, mas como afetam os resultados de toda a operação leiteira são decisões estratégicas que auxiliam o produtor a alcançar objetivos de longo-prazo.

Tais resoluções possuem também implicações econômicas, mas como elas não são permanentes, podem ser modificadas rapidamente, caso o resultado não seja como esperado.

As decisões táticas são aquelas que precisam ser tomadas freqüentemente, todos os dias, toda a semana ou até, todo o mês. Geralmente, são decisões que auxiliam a alcançar pequenos objetivos. Existem inúmeras decisões táticas, mas dentre elas, pode-se citar como exemplo: tratar uma vaca com uma determinada enfermidade, ajustes da dieta, adicionar mais areia nas camas de "free-stall", etc.

As decisões táticas são dirigidas a fatores mais específicos e, geralmente, possuem rápida execução. Estas decisões também apresentam implicações econômicas e devem ser tomadas por uma pessoa capacitada para a atividade.

Após observar os exemplos, pode-se constatar que a maioria das decisões da atividade leiteira podem ser classificadas em dois tipos: decisões táticas e decisões estratégicas.

Os dicionários definem os dois termos acima como termos militares: estratégia "a ciência de planejar e dirigir grandes operações militares" e tática como "qualquer método usado para vencer".

Na realidade, produzir leite não é uma guerra, pelo contrário é uma tarefa que só rende boas coisas. Por isso, estes termos precisam ser adaptados, sendo, estratégia definida como decisões (grandes resoluções) de manejo que objetivam a viabilidade do negócio; e tática como decisões tomadas no dia-a-dia, orientadas para obter melhores resultados.

Sejam táticas ou estratégicas, as decisões necessitam das informações oferecidas pelos índices. Mas, se são os índices que orientam quais as decisões a serem tomadas, são também os índices que permitem avaliar se o impacto da decisão foi positivo ou negativo para o desempenho do negócio. Ou seja, os números e dados que indicam como estão os índices são fatores vitais para quem opera o negócio chamado "atividade leiteira".

Tanto os índices de produção, quanto os índices financeiros são importantes para orientar as decisões estratégicas do negócio. Uma vez possuindo os índices, é possível monitorar o desempenho do rebanho e determinar qual é a tendência do negócio. Índices corretamente levantados e atuais podem estabelecer com acurácia as verdadeiras metas administrativas da atividade.

Todavia, o monitoramento dos dados requer treinamento dos funcionários e gasta tempo tanto das pessoas que coletam os dados, quanto do pessoal que processa, analisa e interpreta os mesmos. Quando os dados são coletados, mas não são discutidos ou não são utilizados, há perda de tempo e dinheiro. Infelizmente, isso ocorre com freqüência nas fazendas leiteiras.

Muitas vezes, existe a informação, mas ela não é analisada ou então as decisões apontadas pelos índices não são implementadas. Outras vezes, existe uma infinidade de dados e fica complicado analisar todos eles. Por isso, é importante fazer algumas perguntas antes de determinar qual os dados que devem ser monitorados. Fica mais difícil, monitorar um dado para depois definir quais perguntas este dado deve responder.

Resumindo, os dados devem coletados corretamente, possibilitar a comparação entre diferentes épocas do ano e diferentes rebanhos, resultar em discussão/ação, gerar melhorias e lucro. No próximo artigo, serão detalhadas e questionadas estas características desejáveis dos índices, bem como, serão discutidos o que os índices podem e não podem nos informar.

Fonte:

Bethard, G.; Barmore, J. What herd records can and can't tell us. Hoars'd Dairyman Magazine, setember, p.144, 2005.

Ellis, K. Records you need for strategic planning. Northeast DairyBusiness - PRO-Dairy, august, p.24-25, 2005.

Hilty, B.J. Strategic or tactical? Know the difference. Northeast DairyBusiness - PRO- Dairy, august, p.22-23, 2005.