As startups que desenvolvem tecnologias para a cadeia agroalimentar levantaram US$ 51,7 bilhões em rodadas de investimentos no mundo no ano passado, um crescimento de 85% em relação a 2020, que acompanhou a preocupação cada vez maior com a oferta de comida no futuro. O levantamento é do fundo de capital de risco AgFunder, que identificou 3.155 operações, das quais participaram 4.570 investidores.
“Mudanças climáticas, covid-19, guerra na Ucrânia. Essas crises severas e simultâneas formam o pano de fundo do avanço dos investimentos (...) A tendência foi consistente em todo o mundo”, destaca o fundo.
Empresas da categoria “downstream”, especializadas em desenvolver soluções e novos produtos para o consumidor final, receberam aportes de US$ 32,1 bilhões em 2021, montante 124% superior ao do ano anterior. Proporcionalmente, essas startups levantaram mais recursos em menos rodadas – ao todo, foram 1.241.
Faz parte desse grupo o segmento das lojas e plataformas online que atuam na venda e entrega de produtos agrícolas processados e não-processados ao consumidor. O aporte nessas “mercearias eletrônicas”, na tradução direta do termo (“egroceries”), cresceu 188% em comparação com o ano anterior e representou 35% dos investimentos totais.
De acordo com o AgFunder, a proposta das startups desse nicho está deixando de ser de entrega rápida para um sistema quase instantâneo. “São modelos muito novos, e resta saber se o negócio é viável ou sustentável a longo prazo. Por enquanto, os investidores estão comprando, e comprando muito”, diz o relatório.
A chinesa Furong Xingsheng, por exemplo, que integra o segmento, levantou US$ 3 bilhões, na maior rodada do ano passado, segundo o AgFunder. Dois serviços de entrega alemães, Gorillas e Flink, arrecadaram mais de US$ 1 bilhão cada, e o Getir, da Turquia, atraiu cerca de US$ 980 milhões.
Já os investimentos em empresas que fornecem tecnologias para apoiar a produção agrícola – incluindo biotecnologias, softwares de gestão e plataformas de insumos – somaram US$ 18,9 bilhões. Foram, no total, 1.846 rodadas.
As startups americanas ficaram com 41% de todos os recursos dos investimentos feitos no ano passado. O AgFunder diz que os Estados Unidos demonstram ter um mercado para startups mais maduro e diverso em relação ao resto do mundo.
Fora dos EUA, os aportes concentraram-se nos supermercados eletrônicos, que receberam 44% dos recursos. Na China, o segmento atraiu 75% dos investimentos, que totalizaram US$ 7,3 bilhões.
As informações são do Valor Econômico, adaptadas pela equipe MilkPoint.