As autoridades da cooperativa uruguaia de lácteos, Conaprole, informaram a Associação de Trabalhadores e Empregados da Conaprole (AOEC) sobre sua decisão de reorganizar o planejamento industrial com base nas capacidades de processamento existentes e na previsão de entrega de leite, garantindo ao sindicato a manutenção de todas as fontes de emprego do pessoal efetivo.
Em comunicado interno enviado aos funcionários, acessado pelo El Observador, foi informado que nesta terça-feira o Comitê de Capital Humano da Conaprole recebeu executivos da AOEC para informá-los sobre a situação da cooperativa e de seus produtores e sobre as estratégias produtivas para 2023.
Fontes ligadas à Conaprole apontaram que a principal razão para a decisão adotada é que há capacidade industrial ociosa, por consequência de dois grandes fatores: de um lado, um cenário de estiagem registrada recentemente que gerou uma queda considerável na captação de leite das fazendas leiteiras e, por outro, a retirada do mercado do Grupo Olam, que era responsável por aproximadamente 7% do total de leite que entrava diariamente nas plantas industriais da Conaprole.
Um responsável de alto escalão da cooperativa comentou que não haverá demissões considerando o total de 1.820 funcionários efetivos. O sindicato, após ser informado, analisa o planejamento.
Em relação à queda da captação ocorrida durante o pico produtivo habitual na primavera e ao que se projeta a curto prazo, espera-se que de janeiro a março a captação de leite seja 40% menor.
Em síntese, a cooperativa explicou que o contexto não é fácil e que era urgente otimizar os processos industriais de forma a atuar com responsabilidade, ser competitivo e poder pagar ao produtor o melhor preço possível, sem afetar as fontes de trabalho existentes.
A esse respeito, a Conaprole anunciou que solicitará à Caixa de Assistência Social e Seguro de Saúde do Pessoal da Conaprole (Casseco) "o apoio necessário para mitigar o impacto sobre nossos trabalhadores".
Menos leite
Com base em análises do Instituto Nacional do Leite (Inale), a produção de leite em outubro, mês normalmente de alta produção nas fazendas leiteiras, caiu 1,7% em relação ao recorde de outubro de 2021. Além disso, a produção acumulada nos últimos 12 meses foi 1,5% inferior ao mesmo período anterior. Até agora, em 2022, a produção é 1,8% menor que a do mesmo período de 2021.
“Nos últimos meses, houve uma queda nas captações de leite e também uma queda significativa nos preços internacionais, o que infelizmente ocasionou a necessidade de baixar o preço do leite ao produtor, agravando a deterioração do poder de compra do litro de leite em relação aos insumos necessários à sua produção", informou o comunicado.
“A isto junta-se o aumento dos custos gerais, o desaparecimento da China como importador e as dificuldades no mercado interno devido ao conflito constante sustentado ao longo do tempo”, disse.
Sobre a reorganização do planejamento industrial, a equipe foi informada de que se trata de uma “suspensão temporária da produção em fábricas de produtos em pó e que têm acesso restrito ao mercado internacional devido à tecnologia que possuem”.
A Conaprole propôs à AOEC estabelecer “de imediato uma área prioritária de diálogo responsável, de forma a apresentar com transparência o cenário proposto (…) de toda a cadeia leiteira", finaliza o documento.
Por fim, as fontes ligadas à diretoria da Conaprole consultadas esclareceram que a situação da cooperativa não é a mesma de outras indústrias locais com sérias dificuldades econômico-financeiras, o que é demonstrado pelos recentes fortes investimentos na capacidade industrial que a Conaprole tem realizado, com decisões com perspectivas de longo prazo, que vão além das circunstâncias adversas.
As informações são do El Observador, traduzidas e adaptadas pela equipe MilkPoint.