Durante a última Reunião Ordinária Anual da Sociedade de Produtores de Leite da Flórida (SPLF), o presidente da Conaprole, maior cooperativa de lácteos do Uruguai, Gabriel Fernández, fez um ajuste fino da situação da cooperativa. O executivo indicou que a empresa fechou seu ano fiscal 2022/23 com um faturamento recorde de cerca de US$ 1,050 bilhão. Ele disse que a cooperativa não tem outra alternativa para agregar mais valor ao leite enviado por seus associados do que o mercado externo.
Nesse sentido, disse que a cooperativa pretende crescer em mercados no Norte de África, além da Argélia. Além disso, destacou que está focado na produção de leite em pó de qualidade, unidade de negócios que teve um faturamento transcendente durante o último ano em decorrência de diferentes acordos comerciais fechados com as principais empresas de laticínios do mundo. Ele deu como exemplo, uma aliança que foi criada com a Nestlé Brasil para a qual já foram fechados negócios por cerca de US$ 150 milhões.
Por outro lado, Fernández informou que teve um encontro presencial com o presidente da República, Luis Lacalle Pou. "A próxima missão que irá para a China levará os lácteos como bandeira", disse o presidente da Conaprole. Ele lembrou que a potência asiática importa cerca de 500 mil toneladas de leite em pó, volume que 95% é fornecido pela Nova Zelândia, país que a partir de 2024 entrará nesse mercado com tarifa de 0%.
O presidente da cooperativa considerou "lógico" que o Uruguai possa pedir à China uma cota modesta para entrar sem pagar tarifas. Ele disse que, por exemplo, uma cota de 50 mil toneladas a um preço de US$ 3 mil seria de cerca de US$ 150 milhões. Isso, tomado pelo preço do leite, seria 1 centavo a mais do que o produtor da cooperativa poderia receber.
Por outro lado, Fernández explicou por que a cooperativa não teve outra alternativa a não ser reduzir o preço do leite ao produtor em cerca de 7 centavos desde agosto do ano passado. Segundo ele, é "impossível disfarçar" uma queda tão brusca no preço do leite em pó. Ele acrescentou que a primeira projeção do orçamento mostrava uma diminuição do litro de leite de cerca de 10 centavos, no entanto, acabou sendo reduzida para 7 centavos antecipando um melhor desempenho do mercado interno.
"Esperamos conseguir manter esse preço no restante da primavera sem grandes choques", projetou. Ele garantiu que, com esse preço, a produção de leite é "viável", mas admitiu que será impossível pagar a dívida de US$ 100 milhões deixada pela última seca em uma única primavera. "Precisamos de três anos para pagar o período de seca", disse. Fernández anunciou que a cooperativa está trabalhando em alguma opção financeira por causa das preocupações com o que pode acontecer após o final da primavera.
As informações são do Tardáguilla Agromercados, traduzidas e adaptadas pela Equipe MilkPoint.