O volume captado em Santa Catarina em julho foi cerca de 10% superior ao obtido em junho, segundo informações locais. Mesmo com os danos causados pela estiagem, que reduziu a produção de pastagens de inverno no Sul, a oferta catarinense vem atingindo patamares já cerca de 8% superiores aos do mesmo período do ano passado. O aumento da oferta só não foi maior em virtude dos prejuízos causados pela estiagem.

A expectativa é que em agosto ocorra um pico de produção na região, mas a oferta não deve se alterar muito em relação ao mês de julho. Portanto, a produção de leite deve continuar aumentando, porém, em menor quantidade. Segundo Fernando Perin, médico veterinário dos laticínios Cordilat, a expectativa é de um aumento na oferta de cerca de 5% frente ao mês de julho.

A partir do próximo mês, a tendência é que haja uma estabilidade na produção leiteira de Santa Catarina, devendo seguir até meados de outubro.

De acordo com agentes do setor, a estiagem atrasou o ciclo de produção das pastagens, principalmente o azevém, bastante produzido na região. No entanto, o excesso de calor que vem ocorrendo nesse inverno acabou antecipando a produção, resultando assim em um período de safra mais curto. Portanto, não há expectativas de uma superprodução de pastagens neste ano, aliviando a pressão da oferta de leite no período de safra.

Com a oferta em alta, é esperado um ajuste negativo nos preços para os próximos meses. Perin acredita que a maior oferta comece a refletir nos preços pagos a partir do dia 10, e que a queda seja de aproximadamente 2 centavos por litro.

Além disso, outro fator que vem sinalizando uma queda no mercado é a redução do valor do leite UHT.

No mercado spot, as negociações seguem calmas. De acordo com agentes da cadeia leiteira, não há oferta nem demanda em excesso, e os preços do leite no mercado spot estão entre R$ 0,44/l e R$ 0,46/l.

Veja no gráfico a seguir os dados da captação de leite divulgados pelo IBGE, através da Pesquisa Trimestral do Leite. Observa-se um incremento na oferta catarinense no primeiro trimestre do ano. Vale notar também a curva de oferta na região, que atinge os picos no segundo semestre do ano. Convém lembrar que os dados não representam necessariamente a produção no estado, mas sim a captação dos laticínios, de forma que leite captado em estados vizinhos e processado em SC ou o leite exportado de SC para outros estados afeta estes números.

Gráfico 1. Captação de leite em Santa Catarina, em milhões de litros.

Fonte: IBGE - Pesquisa Trimestral do Leite
Elaboração: Equipe MilkPoint

Aline Barrozo Ferro, Equipe MilkPoint