José Zeferino Pedrozo, presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), defende uma política especial para o setor de leite de Santa Catarina, visando assegurar equilíbrio e sustentabilidade à atividade, que passa por crises nos últimos anos, provocadas por problemas climáticas, pelos altos custos de produção e pela inflação.
Para ele, é preciso ter uma política de apoio ao setor articulada entre os governos da União e dos estados para estimular, simultaneamente, a produção e o consumo, abrangendo a redução da tributação, EGF para o leite, combate às fraudes, criação de mercado futuro para as principais commodities lácteas e manutenção de medidas antidumping e consolidação da tarifa externa comum em 35% para leite em pó e queijo.
“Outras medidas incluem aquisição subsidiada de tanques de resfriamento e outros equipamentos para pequenos e médios produtores, e o uso obrigatório de leite e derivados de origem nacional em programas sociais”, acrescenta Pedrozo, por meio de nota divulgada pela Faesc nesta terça-feira (26).
O dirigente pontua ainda que a saída racional para as crises cíclicas que afetam a cadeia de lácteos é a exportação. “Precisamos obter renda em dólar para melhor remunerar produtor e indústrias e, com o efeito cambial, repor os custos e as margens de rentabilidade.”
Inflação e desemprego
Ainda de acordo com a Faesc, a inflação brasileira e a escassez de muitos insumos (notadamente, milho e farelo de soja) tornaram a produção no campo e na indústria mais cara. “Atualmente, toda a cadeia produtiva trabalha com prejuízos e muitas propriedades rurais dedicadas à produção leiteira ficaram inviabilizadas. Com isso, a captação de leite no campo reduziu muito, enquanto o preço da matéria-prima subiu.”
Pedrozo assinala que os produtores e os laticínios – mesmo com os atuais preços no varejo – não conseguem repassar integralmente os custos ao preço final. “O consumidor rejeita preços elevados e deixa de comprar. Infelizmente, ocorre uma queda geral no rendimento das famílias. A inflação e o desemprego impactaram negativamente no poder de compra dos brasileiros.”
Leia, abaixo, a íntegra da nota da Faesc:
“O setor do leite é influenciado por vários fatores, como mercado, clima, sanidade, insumos, energia, mão de obra, regime tributário, políticas públicas etc. Neste momento, em Santa Catarina e no Brasil, a produção de leite caiu em consequência das últimas secas que atingiram o sul do País, enquanto os custos para os produtores rurais estão muito elevados. Há menos leite para as indústrias processarem e menos produtos ofertados no mercado.
Pelos efeitos da lei da oferta e da procura, os consumidores pagam mais caro o leite e praticamente todos os seus derivados. E essa situação deve perdurar por mais alguns meses, até que se regularize o fornecimento de matéria-prima aos laticínios, prevê o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc), José Zeferino Pedrozo.
Outros fatores também estão interferindo nesse delicado mercado. A pandemia que atingiu todos os continentes desorganizou importantes cadeias produtivas, entre elas, a dos produtos lácteos.
A inflação brasileira e a escassez de muitos insumos (notadamente, milho e farelo de soja) tornaram a produção no campo e na indústria mais cara. Atualmente, toda a cadeia produtiva trabalha com prejuízos e muitas propriedades rurais dedicadas à produção leiteira ficaram inviabilizadas. Com isso, a captação de leite no campo reduziu muito, enquanto o preço da matéria-prima subiu. O IBGE calculou que a produção de leite em 2021 caiu 2% no Brasil, reduzindo a disponibilidade per capita para processamento industrial.
Alia-se a isso a atual entressafra no Sul do Brasil e a diminuição de volume ofertado no Sudeste e Centro-oeste, as maiores bacias leiteiras brasileiras.
Nesse cenário de pouca oferta e custos em ascensão os preços de varejo subiram em todo o país desde março. Em Santa Catarina, particularmente, com o início da vigência da nova Lei (18.319/2021), em razão do veto do executivo, houve novo aumento, na casa de R$ 0,2500 para cada litro de leite.
Pedrozo assinala que os produtores e os laticínios – mesmo com os atuais preços no varejo – não conseguem repassar integralmente os custos ao preço final. “O consumidor rejeita preços elevados e deixa de comprar. Infelizmente, ocorre uma queda geral no rendimento das famílias. A inflação e o desemprego impactaram negativamente no poder de compra dos brasileiros.”
O dirigente alerta que a atividade leiteira tem grande papel social e econômico porque é a única que proporciona renda mensal às famílias rurais – portanto é prioridade protegê-la. De outro lado, é insumo alimentar essencial para a nutrição humana.
O Conselho Paritário Produtor/Indústria do Estado de Santa Catarina – Conseleite – criado em 2006 pela Federação da Agricultura e Pecuária do Estado de Santa Catarina (Faesc) e pelo Sindicato das Indústrias de Laticínios e Produtos Derivados de SC (Sindileite) – esteve reunido, em Chapecó, neste mês de abril, e apresentou levantamento que comprova a oferta restrita de um lado e, de outro, o aumento generalizado dos custos e, por consequência, dos preços finais aos consumidores.
A cadeia está desequilibrada e a normalidade do setor somente será reconquistada quando a oferta e a demanda se ajustarem e também quando a atividade voltar a ser atrativa ao produtor.
A solução
José Zeferino Pedrozo defende que a saída racional para as crises cíclicas que afetam a cadeia de lácteos é a exportação. “Precisamos obter renda em dólar para melhor remunerar produtor e indústrias e, com o efeito cambial, repor os custos e as margens de rentabilidade.” Nesse sentido, a FAESC e o SENAR/SC (Serviço Nacional de Aprendizagem Rural) investem fortemente em capacitação e treinamento para qualificar os produtores à exportação por meio da ATeG (assistência técnica e gerencial) em bovinocultura de leite.
Paralelamente, o presidente da Faesc defende uma política de apoio ao setor que inclua medidas articuladas entre os governos da União e dos Estados para estimular, simultaneamente, a produção e o consumo, abrangendo a redução da tributação, EGF para o leite, combate às fraudes, criação de mercado futuro para as principais commodities lácteas e manutenção de medidas antidumping e consolidação da tarifa externa comum em 35% para leite em pó e queijo.
Outras medidas incluem aquisição subsidiada de tanques de resfriamento e outros equipamentos para pequenos e médios produtores, o uso obrigatório de leite e derivados de origem nacional em programas sociais.”
As informações são do Agro em Dia, adaptadas pela equipe MilkPoint.