Antonio também é autor de artigos relacionados à agropecuária, destacando-se dois: Dinâmica dos Negócios Agropecuários: por que o produtor dificilmente lucra? e Commodities: estruturalismo às avessas.
1- Breve descrição profissional:
Sou economista de formação, funcionário público federal e produtor rural (pecuária, silvicultura e AQuacultura) por vocação e inércia, haja vista que a minha família está no negócio a centenas de anos.
2- Como é sua propriedade leiteira?
Meu sistema de produção é a pasto com suplementação de concentrado o ano todo e de volumoso no período da seca. Minha produção por hectare/dia é de 10 litros de leite. Atinjo 400 litros/dia em épocas de pico de produção. Como meu sistema ainda não está otimizado, meu custo de produção econômico (ao levar-se em conta todos os custos de oportunidade) situa-se em R$ 1,20/litro. Quando se consideram somente os custos contábeis (aqueles em que se leva em conta somente o que sai explicitamente do bolso - o que não inclui, portanto, remuneração do capital em terra, rebanho, máquinas e equipamentos)- o custo de produção é de R$ 0,60/litro nas águas. Como o sistema apresenta-se deficitário, após amplas pesquisas e debates, pretendo viabilizá-lo via implantação de irrigação. Meu rebanho é de vacas girolandas, num total de 50 vacas, sendo 40 em lactação.
3- Quais as dificuldades e desafios que vc tem na sua atividade?
A maior dificuldade é a ampla e crescente escassez de mão de obra. Outras dificuldades são: 1- dificuldade de acesso a crédito governamental, devido aos limites serem sempre inferiores às necessidades de investimento e custeio; 2- morosidade e burocracia excessiva no processo de análise e liberação do crédito oficial; 3- baixa remuneração do leite por inexistência de cooperativa na região; 4- alto preço de vacas de grande potencial leiteiro; 5- alto preço do sêmen; 6- assistência técnica oficial escassa e de má qualidade; 7- morosidade e altos custos na obtenção de licenças ambientais; 8- alto custo das máquinas e equipamentos no Brasil.
4- Como enxerga a atividade leiteira no país?
A atividade leiteira hoje está com melhores perspectivas do que no passado, porque hoje não importamos tanto leite subsidiado quanto no passado, e os preços no Brasil estão entre os mais altos do mundo. No entanto, pelo fato do setor ter no passado sofrido concorrência desleal com importados, o nível tecnológico da atividade, a qualidade genética do rebanho brasileiro e o nível técnico dos profissionais são muito baixos. Creio que com essa maior proteção do mercado, a atividade poderá crescer no futuro, e o Brasil finalmente deixará essa vergonhosa situação de ser importador líquido de leite, mesmo tendo o maior rebanho bovino comercial do mundo.
5- O que acha que falta no setor?
Faltam políticas públicas inteligentes para o setor. Quais seriam elas? Políticas que estimulassem o aumento de produtividade do setor, tais como subsídios à inseminação, transferência de embrião, ao custeio de novilhas, à aquisição de touros de elite, à aquisição de ordenhadeiras, tanques de expansão e à irrigação. Além disso, faltam incentivos ao cooperativismo, melhor qualificação dos técnicos da rede oficial de assistência técnica e regulação dos contratos de venda de leite (de forma que o produtor saiba o preço que receberá pelo leite).
6- Dica de sucesso ou frase preferida:
Ame muitos, confie em poucos e nunca desista.
7- Quais os serviços do MilkPoint você utiliza mais, e como o site lhe auxilia no dia-a-dia?
Utilizo mais a seção de artigos. A troca de informações com demais produtores e técnicos é o melhor caminho para o aprimoramento. Evoluí muito depois que comecei a trocar informações com os usuários do MilkPoint. Os analistas do site são também muito sóbrios e preparados.