Os rumores de possíveis restrições à compra de lácteos do Brasil, reforçados por declarações do ministro da Agricultura do país, Carlos Fávaro, geraram preocupação no Governo do Uruguai. O Ministério da Pecuária, Agricultura e Pesca (MGAP) do Uruguai, Fernando Mattos, está acompanhando de perto o assunto.
Dessa forma, Mattos deverá viajar ao Brasil em 30 de agosto "e obviamente a questão dos lácteos vai estar na pauta", disse uma fonte do MGAP. O Instituto Nacional do Leite produziu um relatório sobre o comércio de lácteos com o Brasil a pedido do próprio Mattos. O relatório – em estado reservado – já foi entregue ao chefe.
Durante a visita ao Brasil, "pretendem inclusive coordenar uma instância no Brasil em que participem o INALE e os produtores", disse a fonte ministerial.
O Brasil tem sido o principal destino dos produtos lácteos uruguaios este ano. No acumulado de janeiro a junho, as importações de lácteos do Brasil aumentaram 164% na comparação anual, medidas em valor, com compras de US$ 595 milhões. O forte crescimento está associado a uma queda na produção de leite no país vizinho e a uma forte alta no preço ao produtor.
O maior aumento ocorreu nas compras de leite em pó integral, que representa 44% do total de lácteos importados se medido em dólares, segundo dados gerenciados pelo INALE com base na Alfândega brasileira. Passou de 17.004 toneladas em 2022 entre janeiro e junho de 2022 para 66.106 no mesmo período deste ano, quase 4 vezes mais na comparação ano a ano.
O Uruguai foi o principal fornecedor no primeiro semestre, com participação de 48%, seguido da Argentina (42%) e Paraguai (10%).
Em queijo, a Argentina é o principal fornecedor (63%), os EUA o segundo (10%) e o Uruguai o terceiro (9%).
No leite em pó desnatado – terceiro principal produto lácteo importado pelo Brasil – a Argentina também é o principal fornecedor (64%), seguida do Uruguai (33%) e do Chile (3%).
As informações são do Blasina y Asociados, traduzidas pela Equipe MilkPoint.