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Elos da cadeia analisam queda do preço do leite em MG

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 19/11/2003

5 MIN DE LEITURA

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Para Faemg, a queda no final da entressafra é atípica; justificativa do Silemg aponta para crise econômica do País

A situação do setor leiteiro em Minas Gerais, que será discutida amanhã (20) em Pompéu por lideranças nacionais e estaduais, técnicos e produtores de leite, reforça a necessidade de entendimento dos elos da cadeia.

De acordo com Eduardo Dessimoni, presidente da Comissão Técnica de Leite da Faemg (Federação de Agricultura do Estado de Minas Gerais), os produtores têm sofrido com uma baixa muito acima da que poderia acontecer em um momento de entressafra. "Por ser o leite um produto muito perecível, o produtor não consegue segurá-lo nem dois dias na fazenda", comentou.

Sua análise indica que um pequeno aumento de produção pode levar à queda de preço. "As empresas se aproveitam para jogá-lo para baixo, não diretamente ao produtor, mas no mercado spot. Quando deixa de comprar das várias pequenas cooperativas que não industrializam e que dependem exclusivamente da indústria, força a baixa do leite spot e essas baixam os preços ao produtor porque não têm como sobreviver", diagnosticou.

Segundo ele, isso tem acontecido, sistematicamente, todos os anos. "Em 2002, com seca bem mais prolongada, os preços ficaram mais estáveis; em 2001, foi a maior crise na entressafra. Neste ano, conseguimos sobreviver a ela. A queda começou no final da entressafra, período atípico, ajudada pela crise econômica que o País enfrenta", avaliou - o preço ao produtor mineiro caiu em torno de R$ 0,05 a R$ 0,06, registrando hoje uma média de R$ 0,47 -. A relação de troca leite/insumos também tem piorado conforme avaliação de Dessimoni: "Tem voltado à pior relação, verificada em 2000 e 2001", acrescentou.

Entre as alternativas para alterar o cenário do leite em Minas Gerais, o presidente da Comissão Técnica do Leite indicou a criação do Conseleite (Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite), não como solução, mas uma ação dos produtores e indústrias para reduzir a disparidade de preços entre safra e entressafra, "tornando mais justa a relação produtor e indústria, pois tanto uns quanto os outros teriam parâmetros".

Em sua opinião, outras ações são necessárias, como a garantia do preço cota e extracota, garantindo àquele que produz o mesmo volume uma melhor remuneração da cota. "Minoraria essa baixa do preço", acenou, observando que, hoje, a relação está muito mais selvagem. "Se tem oferta de leite, vai de arrastão o produtor que produz a mesma quantidade o ano inteiro, tanto quanto aquele que produz na entressafra. Não se pode estimular a ser safrista. Essa medida reduz a sazonalidade - tem reduzido todos os anos -. Se o preço do leite for único, não tiver cota, poderá acentuar diferença. Este é um passo para ter uma garantia de preço", complementou.

Mais uma ação se refere às cooperativas ou associações que participam do mercado spot. "O leite sem indústria que circula no mercado no qual as grandes empresas podem fazer manipulação é um leite perigoso", criticou. Segundo Dessimoni, o ideal é transformar o leite perecível em não-perecível, mas isso exige organização dos produtores em cooperativas ou associações. "Precisamos de indústria e de mercado para esse leite. O problema é que, quando transformado em leite em pó, entre na briga das commodities", comentou, informando que hoje o valor desse produto está em torno de US$ 2 mil.

"Não vejo ações imediatistas, mas de curto, médio e longo prazos, e não podemos ignorar nenhuma delas", lançou, comentando que, diante da importância do leite para Minas Gerais, sendo seu produto número um, gerando emprego na produção, na industrialização e na comercialização, é importante abrir o diálogo para os produtores participarem e cobrarem as ações que julgarem necessárias.

Indústria

A questão do preço ao produtor, pelo lado da indústria, segundo Alberto Adhemar do Valle Júnior, presidente do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados no Estado de Minas Gerais (Silemg), deve levar em consideração a retração do consumo. "Se analisarmos as medidas do novo governo para segurar a inflação, praticamente entramos em recessão, com altas taxas de desemprego - quem está empregado faz reserva e não consome; as empresas demitem quem ganha mais e mantêm quem ganha menos -, e um poder de compra cerca de 6% menor que o do início do ano. Tudo isso faz com que se consuma menos produtos, a indústria fica cheia de estoque e tem de vender para honrar seus compromissos com os produtores. Normalmente, quando há pressão do preço no mercado sobre a indústria, ela repassa para trás também, recaindo sobre o produtor", analisou.

Ele não estranha a queda do preço na entressafra . "Isso acontece quando a indústria não vende, mesmo na entressafra, e tem a previsão da safra. Em Minas, não existe muito excesso, mas há o excesso de outras regiões. Isso faz com que a indústria tenha de desovar estoques. É o mercado, a oferta e a procura", resumiu, afirmando que as indústrias estão sacrificadas, com margens muito apertadas, tentando manter ao máximo o preço ao produtor. "Não adianta indústria sem produtor e produtor sem indústria", completou.

Por sua vez, na opinião de Valle Júnior, o supermercado tem poder de compra grande e faz leiloes ao perceber o excesso de oferta. Aliado a isso, ele afirmou que, nessa época, o preço do leite cai mesmo.

"Para corrigir as distorções ao longo da cadeia, todos os integrantes precisam sentar e traçar metas, pontos comuns, para que todos sobrevivam, inclusive o produtor, que não está bem organizado. É uma classe dispersa com dificuldade de se organizar devido ao tamanho do Brasil, mas que teria melhor poder de barganha se conseguisse", sugeriu.

Essa conversa entre os elos poderá efetivar-se no Conseleite, na opinião do presidente do Silemg. "É uma iniciativa do Paraná que tem funcionado e dado transparência às operações entre indústria e produtor, com preço de referência do que o mercado tem praticado. Depois, vem o varejo. É uma evolução", acrescentou, observando que, como representante das indústrias, tem tentado conversar com os outros elos, entre eles o varejo, para quebrar barreiras.

Hoje, de acordo com sua avaliação, o varejo fica com a maior parte das margens, situação comprovada pelas CPIs do leite nos estados. "Ele não sentará muito facilmente para dividir a margem, mas, se tanto produtor quanto indústria se organizarem, poderão fazer vendas conjuntas. Precisamos forçar o supermercado a vir para a mesa e o governo, a colocar limitações. O mercado é livre, mas o abuso do poder econômico tem de ser coibido, sob pena de destruir os outros elos", desafiou.

Produção

A produção em Minas Gerais, hoje, é difícil de estimar de acordo com Dessimoni, mas ele arriscou informar que está em torno de 11% maior em relação à de agosto. Em 2002, chegou a seis bilhões de litros, aproximadamente 29% dos 20,4 bilhões produzidos no Brasil, incluindo o leite informal.

O número de produtores em Minas Gerais, segundo ele, é o mais contraditório, pois o cálculo não contempla os informais. "Está entre 180 e 250 mil", informou, comentando que há estimativas apontando para 850 mil no País.

Fonte: Mirna Tonus, da Equipe MilkPoint

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RONALDO AUGUSTO DA SILVA

BRASÍLIA - DISTRITO FEDERAL - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 21/11/2003

Mais uma vez quero cumprimentar a editora pela excelente matéria. Permita-me fazer um paralelo do leite com o transporte rodoviário de carga, assunto que tenho acompanhado há 30 anos e estou em fase de transição para o leite. Pelos menos estou me inteirando do processo, dos problemas, para ir aprendendo. Pois bem, o que existe de comum entre os dois assuntos? A superavaliação da oferta. No transporte rodoviário de cargas existe um número infinito de ofertantes do serviços, entre empresas e autônomos. A superavaliação da oferta de serviços se dá em virtude da contagem duplicada ou triplicada dos autônomos disponíveis para cada empresa. Com o leite é a mesma coisa: a oferta é mascarada pela virtual disponibilidade do produto, tanto com o próprio produtor como com as cooperativas.

A propósito da matéria, entendo que enquanto não for desenvolvido um programa tipo fidelidade do produtor, com responsabilidade também do comprador, pelos custos assumidos, não teremos leite de melhor qualidade. Os custos de produção tem que ser planilhados e essa planilha aprovada pelo comprador, caso contrário se eternizará a pecuária de subsistência, sujeita às chuvas e às trovoadas, incluindo as doenças contagiosas que poderão fazer um estrago muito grande.
Cordialmente,
Ronaldo Augusto

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