As condições climáticas do período de dezembro de 2023 a fevereiro de 2024 colocaram o gado leiteiro do Rio Grande do Sul em situação de desconforto térmico, provocando queda na produção.
Os animais gaúchos, de origem europeia, enfrentaram com dificuldade a combinação de temperaturas máximas elevadas com muita umidade relativa do ar. A análise foi divulgada nesta quarta-feira, 27/03, pelo Departamento de Diagnóstico e Pesquisa Agropecuária da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). O mau momento é confirmado por representantes de produtores rurais e soma-se a outras adversidades enfrentadas pelo setor.
O comunicado divulgado pela Seapi analisa condições meteorológicas como precipitação pluvial, temperatura e umidade do ar. Utilizando o Índice de Temperatura e Umidade (ITU), a publicação documenta e identifica as faixas de conforto e de desconforto térmico às quais o gado foi submetido, estimando os efeitos na produção de leite.
"A associação de temperaturas mínimas e máximas e umidades relativas do ar elevadas desencadearam situações de estresse térmico calórico ao longo do trimestre, principalmente no mês de fevereiro, em que os animais estiveram em conforto térmico apenas 30,5% do período avaliado. Inclusive, houve situações perigosas à saúde dos animais durante 13,9% desse mês", detalha a pesquisadora Ivonete Tazzo, uma das autoras do trabalho.
No trimestre avaliado, as regiões das serras do Sudeste e do Nordeste tiveram os maiores percentuais de período em conforto térmico, enquanto Vale do Uruguai e Baixo Vale do Uruguai com os menores valores. Os municípios de Passo Fundo e Bento Gonçalves foram os únicos em que não foram registradas situações emergenciais ao longo da estação. Estimativas potenciais de queda de produção diária de leite devido às condições meteorológicas foram mais acentuadas em vacas de maior produtividade.
"Os percentuais médios de perda individual diária ficaram entre 22% a 34%, caso medidas de manejo visando mitigar os efeitos climáticos não fossem adotadas pelos produtores rurais", complementa Ivonete. Em 13 municípios, a queda estimada de produção diária de leite foi superior a quatro quilos, destacando-se as possíveis maiores perdas registradas para Maçambará (5,1 kg), Itaqui (4,8 kg) e Uruguaiana (4,7 kg) em fevereiro.
O vice-presidente da Federação dos Trabalhadores na Agricultura do Rio Grande do Sul (Fetag/RS), Eugênio Zanetti, destaca que, além do efeito direto sobre os animais, as condições climáticas propiciaram o desenvolvimento de fungos no solo e a queda na produção de milho destinado à alimentação do gado.
O secretário executivo do Sindicato da Indústria de Laticínios e Produtos Derivados (Sindilat), Darlan Palharini, salienta que o período também “é de entressafras, de transição de pastagens. É um período que sempre fica mais difícil”. Observações semelhantes são feitas pelo coordenador do Conselho Paritário Produtores/Indústrias de Leite do Estado do Rio Grande do Sul (Conseleite), Allan André Tormen.
As informações são do Correio do Povo, adaptadas pela equipe MilkPoint.