Nesse sentido, olhar para o recém-instalado free stall - que possibilita o conforto dos animais, especialmente nos dias de chuva - é também recordar de um tempo em que quase pensaram em desistir da atividade. Especialmente pela dificuldade de alcançar a tão almejada qualidade do leite - com baixa contagem bacteriana -, hoje tão exigida pela indústria. Foi há dois anos e meio que o casal participou de uma palestra dentro da programação do Dia do Leite. "Pode-se dizer que esta atividade foi um "divisor de águas" para nós", analisa Diogo.
"O mais engraçado é que não queríamos nem ir nesse evento, de tão desanimados que estávamos", lembra o jovem. Foi o incentivo de um tio que os fez participar e assim conhecer o palestrante em questão, o engenheiro agrícola da Emater/RS-Ascar, Diego Barden dos Santos - que hoje atua no escritório de Mato Leitão. Com uma linguagem simples e direta, Barden ministrou capacitação sobre nutrição e qualidade do leite. "Foi o suficiente para que passássemos a enxergar a importância de se qualificar e se manter atualizado", observa Gabriela.
O próximo passo foi a realização de cursos no Centro de Formação de Agricultores de Teutônia (Certa). A cada capacitação, temas como nutrição animal, criação correta da terneira, melhoramento genético e higiene na hora da ordenha eram levados para casa e aplicados com seriedade no dia a dia. "Foi um salto de qualidade", garante Gabriela. "Se há dez anos tínhamos 20 vacas produzindo, hoje são 13 que resultam no mesmo volume de leite entregue para a integradora, que ainda valoriza esse esforço com o acréscimo de alguns centavos a mais no pagamento por litro", ressalta a jovem.
Nesse contexto, até mesmo o relacionamento com o pai de Diogo mudou. "Por haver certa "tradição" na forma de fazer, tínhamos dificuldade de fazê-lo entender que algumas mudanças eram necessárias para que a atividade tivesse continuidade", relembra Diogo. Para o casal os tempos mudaram e se, antigamente, as vacas da propriedade produziam leite apenas para o consumo da família, hoje, devem ser encaradas como negócio. "Foi somente dessa forma que conseguimos permanecer, com ânimo e fazendo investimentos, sempre com os dois pés bem fincados no chão", afirma o agricultor.
O entendimento com os pais, que deixam o filho e a nora livres para tomar as decisões sobre a atividade, também foram fundamentais para o retorno de Gabriela para a propriedade após um tempo dedicado ao trabalho em uma loja da cidade. "Hoje não troco a minha rotina por nada", garante. A motivação do casal também pode ser observada nos planos para o futuro. "Não descartamos a possibilidade de instalar uma agroindústria para a fabricação de queijos ou de bebidas lácteas", salienta Diogo. "Mas é algo que ainda está em fase de estudo", sorri.
Também pensando no futuro, a Emater/RS-Ascar local, por meio do técnico em agropecuária, Cristiano Laste, incluiu o casal no Programa de Gestão Sustentável da Agricultura Familiar, do Governo do Estado. Por meio do Programa, de acordo com Laste, será possível promover a gestão e a adequação socioeconômica e ambiental da propriedade. "A intenção é trabalhar de forma sistêmica, realizando o acompanhamento das atividades e promovendo a implantação de um sistema capaz de gerar instrumentos e conhecimento para diagnosticar, projetar, monitorar e avaliar as atividades da família", finaliza.
As informações são do Emater-RS.