ESQUECI MINHA SENHA CONTINUAR COM O FACEBOOK SOU UM NOVO USUÁRIO
FAÇA SEU LOGIN E ACESSE CONTEÚDOS EXCLUSIVOS

Acesso a matérias, novidades por newsletter, interação com as notícias e muito mais.

ENTRAR SOU UM NOVO USUÁRIO
Buscar

Alimentos lácteos e pressão sanguínea - Parte 2/2

POR JULIANA SANTIN

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 25/03/2009

10 MIN DE LEITURA

0
0
Lácteos e pressão

Recentes estudos observacionais suportam uma associação entre o aumento do consumo de alimentos lácteos e menor pressão sanguínea (sistólica, diastólica ou ambas) e os riscos de hipertensão (25-33). Entretanto, é importante notar que uma variedade de fatores (isto é, tipo de alimentos lácteos específicos e quantidade consumida) influencia essa associação (5).

Um estudo entre 4.797 adultos participantes do Instituto Nacional do Coração, Pulmão e Sangue (National Heart, Lung, and Blood Institute - NHLBI) mostrou que o consumo de três ou mais porções de alimentos lácteos por dia estava associado com uma pressão sistólica sanguínea significativamente menor (-2,6 mmHg) e menor prevalência de pressão alta quando comparado com o consumo de menos da metade de uma porção de lácteos por dia (25). Os alimentos lácteos têm pouco efeito na pressão diastólica (25).

Uma associação inversa estatisticamente significante entre o consumo de alimentos de baixo teor de gordura e a pressão sanguínea sistólica foi encontrada em um estudo de 12 meses na Espanha, que incluiu 2.290 participantes com idade de 55 a 80 anos com alto risco de doenças cardiovasculares (26). Os alimentos lácteos e o cálcio dietético estiveram significativamente e independentemente associados com baixos níveis de pressão sistólica em 912 homens franceses com idade de 45 a 64 anos que participaram de um estudo sobre fatores de risco para doenças cardiovasculares (27).

De acordo com um estudo sobre os determinantes da pressão sanguínea em 7.601 mulheres em Tuscani, Itália, que reportaram que não eram hipertensivas, o consumo de leite e queijos foi inversamente associado com a pressão sistólica e diastólica, enquanto o de iogurte foi associado inversamente com a pressão sistólica (28). Em outro estudo com 1.896 pessoas da Holanda, um alto consumo total de lácteos esteve significativamente associado com uma menor pressão diastólica (30).

Um número limitado de estudos prospectivos avaliou a associação entre o consumo de lácteos e o risco de hipertensão (31-33). A incidência de pressão alta esteve inversamente associada com a ingestão total de produtos lácteos em mulheres jovens com sobrepeso nos EUA, acompanhadas durante dez anos no estudo sobre Risco de Desenvolvimento de Doença Arterial Coronária em Adultos Jovens (CARDIA) (31). Em um estudo prospectivo de 27 meses com 5.880 adultos de meia idade na Espanha, o consumo de alimentos lácteos com baixo teor de gordura, mas não alimentos lácteos integrais ou ingestão de cálcio, esteve associado com um menor risco de incidência de hipertensão (32).

Um estudo prospectivo de dez anos em mais de 28.000 mulheres dos EUA com idade de 45 anos ou mais mostrou que a maior ingestão de alimentos lácteos com baixo teor de gordura, mas não de alimentos lácteos integrais, esteve associada com um menor risco subsequente de hipertensão (33). A maior versus a menor ingestão de alimentos lácteos com baixo teor de gordura esteve associada com uma redução de 11% no risco de desenvolvimento de pressão alta após o ajuste de outros fatores que influenciam a pressão (33).

Pesquisadores sugerem que suas descobertas suportam a recomendação do Guia Dietético dos EUA de 2005 para o consumo de três copos por dia de leite com baixo teor de gordura, ou produtos lácteos com a quantidade equivalente de leite (33).

Nutrientes dos alimentos lácteos e pressão sanguínea

O potencial efeito benéfico dos alimentos lácteos na pressão sanguínea é geralmente atribuído a seus principais nutrientes, incluindo cálcio, potássio, magnésio, fósforo, vitamina D e proteína (4,5,34). No padrão dietético DASH, os alimentos lácteos estão entre as principais fontes de cálcio, potássio e magnésio, nutrientes que podem ter um papel importante na regulação da pressão sanguínea (34). O leite, por exemplo, é a principal fonte da dieta de cálcio, fósforo, potássio e magnésio e a terceira principal fonte de proteína da dieta dos adultos dos EUA, de acordo com dados da Pesquisa Contínua de Ingestão de Alimentos por Indivíduos de 1994-1996 do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos (USDA) (35).

Desde o começo da década de oitenta, várias descobertas de estudos experimentais com animais, estudos observacionais, estudos clínicos e meta-análises sugeriram que a maior ingestão de cálcio reduz a pressão sanguínea (3,4,7,8,36,37). Reduções modestas nas pressões sistólica e diastólica com maiores ingestões de cálcio de 400 a 2.000 mg por dia foram reportados em meta-análises de estudos clínicos (3,38,39). De acordo com meta-análises de 40 estudos clínicos aleatórios, a suplementação de cálcio (1.200 mg/dia) reduziu as pressões sistólica (-1,86 mmHg) e diastólica (-0,99 mmHg) (39).

A resposta da pressão sanguínea ao cálcio foi maior em grupos com ingestões habitualmente baixas de cálcio iniciais (<800 mg/dia) comparada com aquelas com maiores ingestões. Além disso, a ingestão de cálcio de alimentos (principalmente lácteos) teve um efeito maior na redução da pressão sistólica do que os suplementos de cálcio (39). Essas descobertas são consistentes com as de meta-análises anteriores de 42 estudos aleatórios controlados (38). De acordo com o Estudo de Saúde das Mulheres, um estudo prospectivo de dez anos com mais de 28.000 mulheres de meia idade ou mais velhas dos EUA, as ingestões de cálcio dietético, vitamina D e alimentos lácteos com baixo teor de gordura estiveram inversamente relacionadas com o risco de hipertensão (30).

Um crescente grupo de evidências científicas indica que dietas ricas em potássio reduzem a pressão sanguínea (3,4,36,40,41). Meta-análises anteriores de 31 estudos aleatórios controlados reportaram reduções significantes na média das pressões sistólica (-3,11 mmHg) e diastólica (-1,97 mmHg) em grupos com maiores ingestões de potássio (40). O efeito de redução da pressão foi maior em norte-americanos afro-descendentes do que em causasianos, naqueles que consumiam uma dieta rica em sal (cloreto de sódio) e em hipertensivos do que nos que tinham a pressão normal (40).

Garantir uma ingestão adequada de potássio (isto é, 4,7 gramas por dia para aqueles com 14 anos ou mais), preferencialmente de alimentos como vegetais, frutas e lácteos (leite, iogurte), é recomendado para ajudar a reduzir os riscos de hipertensão (3,16,42). Infelizmente, nenhum grupo etário dos EUA está suprindo a recomendação de consumo de potássio (43). Entretanto, um recente estudo usando dados do NHANES 1999-2002 reportou que a ingestão média de potássio era significativamente maior em pessoas que consumiam três porções de lácteos por dia comparado com aqueles que não consumiam (43).

De fato, de acordo com pesquisas sobre o consumo nacional de lácteos, o leite é a fonte alimentícia número um de potássio para os americanos de todas as idades (35,44). Baseado em evidências indicando que as dietas ricas em potássio e pobres em sódio reduzem a pressão sanguínea e o risco de derrame, o Food and Drug Administration (FDA) aprovou o uso da afirmação "dietas contendo alimentos que são boas fontes de potássio e que são pobres em sódio podem reduzir os riscos de pressão sanguínea alta e derrame" para alimentos qualificados, como leite desnatado (45).

Comparado com o cálcio e o potássio, as evidências examinando os potenciais efeitos benéficos do magnésio no controle da pressão sanguínea são menos consistentes (3,4,36,46,47) e a relação entre fósforo e pressão sanguínea foi bem pouco explorada. Entretanto, um recente estudo epidemiológico internacional de 4.680 adultos com idade de 40 a 59 anos reportou uma relação inversa significante entre a ingestão dietética de fósforo e as pressões sistólica e diastólica (48). O estudo também mostrou que a combinação de fósforo, cálcio e magnésio estava inversamente associada com a pressão sistólica e diastólica (48).

Também foi demonstrado que os componentes de proteína do leite reduzem a pressão sanguínea (54,55). Estudos mostraram que as proteínas do leite, caseína e soro de leite, são fontes ricas de peptídeos que inibem a enzima conversora da angiotensina-I (ECA), que é vasoconstritora. A ECA tem um papel na regulação da pressão sanguínea convertendo a angiotensina I em angiotensina II, que leva à contração dos vasos sanguíneos (54). Uma recente meta-análise de estudos controlados no Japão e na Finlândia mostrou que alguns componentes da proteína do leite reduziram significativamente as pressões sistólica e diastólica (55).

Conclusões

Pesquisas indicam que o plano dietético DASH ajuda a reduzir a pressão sanguínea. Estudos adicionais de padrões dietéticos semelhantes à DASH, alimentos lácteos e nutrientes dos alimentos lácteos (cálcio, potássio, magnésio, fósforo e proteínas) suportam o papel dos alimentos lácteos na regulação da pressão sanguínea. Como parte de uma estratégia geral para ajudar a obter e manter uma pressão sanguínea saudável, as pessoas são estimuladas a consumir três copos de leite com baixo teor de gordura ou alimentos com quantidade equivalente de leite.

Referências bibliográficas

1. Rosamund, W., K. Flegal, K. Furie, et al. for the American Heart Association Statistics Committee and Stroke Statistics Subcommittee. Circulation 117: e25, 2008.
2. Chobanian, A.V., G.L. Bakris, H.R. Black, et al. JAMA 289: 2560, 2003.
3. Appel, L.J., M.W. Brands, S.R. Daniels, et al. Hypertension 47: 296, 2006.
4. Miller, G.D., J.K. Jarvis, and L.D. McBean. Handbook of Dairy Foods and Nutrition. 3rd ed. Boca Raton, FL: CRC Press, 2007, pp. 99-139.
5. Kris-Etherton, P., J.A. Grieger, K. Hilpert, et al. J. Am. Coll. Nutr. In press, 2009.
6. Appel, L.J., T.J. Moore, E. Obarzanek, et al. N. Engl. J. Med. 336: 1117, 1997.
7. McCarron, D.A., C.D. Morris, and C. Cole. Science 217: 267, 1982.
8. McCarron, D.A., C.D. Morris, H.J. Henry, et al. Science 224: 1392, 1984.
9. Akita, S., F.M. Sacks, L.P. Svetkey, et al. Hypertension 42: 8, 2003.
10. Sacks, F.M., L.P. Svetkey, W.M. Vollmer, et al. for the DASH-Sodium Collaboration Research Group. N. Engl. J. Med. 344: 3, 2001.
11. Appel, L.J., C.M. Champagne, D.W. Harsha, et al. JAMA 289: 2083, 2003.
12. Elmer, P.J., E. Obarzanek, W.M. Vollmer, et al. Ann. Intern. Med. 144: 485, 2006.
13. Svetkey, L.P., D. Simons-Morton, W.M. Vollmer, et al. Arch. Intern. Med. 159: 285, 1999.
14. Reusser, M.E., and D.A. McCarron. J. Nutr. 136: 1099, 2006.
15. National High Blood Pressure Education Program Working Group on High Blood Pressure in Children and Adolescents. Pediatrics 114: 555, 2004.
16. U.S. Department of Health and Human Services and U.S. Department of Agriculture. Dietary Guidelines for Americans, 2005. 6th Edition. Washington, DC: U.S. Government Printing Office, January 2005. www.healthierus.gov/dietaryguidelines.
17. Lichtenstein, A.H., L.J. Appel, M. Brands, et al. Circulation 114: 82, 2006.
18. Mosca, L., C. Banka, E. Benjamin, et al. Circulation 115: 1481, 2007.
19. Nowson, C.A., A. Worsley, C. Margerison, et al. Am. J. Clin. Nutr. 81: 983, 2005.
20. McNaughton, S.A., G.D. Mishra, A.M. Stephen, et al. J. Nutr. 137: 99, 2007.
21. Moore, L., M.R. Singer, M.L. Bradlee, et al. Epidemiol. 16: 4, 2005.
22. Couch, S.C., B.E. Saelens, L. Levin, et al. J. Pediatr. 152: 494, 2008.
23. Munter, P., J. He, J.A. Cutler, et al. JAMA 291: 2107, 2004.
24. Sun, S.S., G.D. Grave, R.M. Siervogel, et al. Pediatrics 119: 237, 2007.
25. Djousse, L., J.S. Pankow, S.C. Hunt, et al. Hypertension 48: 335, 2006.
26. Toledo, E., M. Delgado-Rodriguez, R. Estruch, et al. Br. J. Nutr. 101: 59, 2009.
27. Ruidavets, J.-B., V. Bongard, C. Simon, et al. J. Hypertens. 24: 671, 2006.
28. Marsala, G., B. Bendinelli, D. Versari, et al. J. Hypertens. 26: 2112, 2008.
29. Beydoun, M.A., T.L. Gary, B.H. Caballero, et al. Am. J. Clin. Nutr. 87: 1914, 2008.
30. Snijder, M.B., A.A.W.A. van der Heijden, R.M. van Dam, et al. Am. J. Clin. Nutr. 85: 989, 2007.
31. Pereira, M.A., D.R. Jacobs, Jr., L. van Horn, et al. JAMA 287: 2081, 2002.
32. Alonso, A., J.J. Beunza, M. Delgado-Rodriquez, et al. Am. J. Clin. Nutr. 82: 972, 2005.
33. Wang, L., J.E. Manson, J.E. Buring, et al. Hypertension 51: 1073, 2008.
34. Lin, P.-H., M. Aickin, C. Champagne, et al. J. Am. Diet. Assoc. 103: 488, 2003.
35. Cotton, P.A., A.F. Subar, J.E. Friday, et al. J. Am. Diet. Assoc. 104: 921, 2004.
36. Houston, M.C., and K.J. Harper. J. Clin. Hypertens. 10(7 Suppl 2): 3, 2008.
37. McCarron, D.A., and M.E. Reusser. J. Am. Coll. Nutr. 18: 398s, 1999.
38. Griffith, L.E., G.H. Guyatt, R.J. Cook, et al. Am. J. Hypertens. 12: 84, 1999.
39. Van Mierlo, L.A., L.R. Arends, M.T. Streppel, et al. J. Hum. Hypertens. 20: 571, 2006.
40. Whelton, P.K., J. He, J.A. Cutler, et al. JAMA 277: 1624, 1997.
41. Geleijnse, J.M., F.J. Kok, and D.E. Grobbee. J. Hum. Hypertens. 17: 471, 2003.
42. Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Water, Potassium, Sodium, Chloride, and Sulfate. Washington, DC: National Academies Press, 2004.
43. McGill, C.R., V.L. Fulgoni, D. DiRienzo, et al. J. Am. Coll. Nutr. 27: 44, 2008.
44. Rafferty, K., and R.P. Heaney. J. Nutr. 138: 166s, 2008.
45. U.S. Food and Drug Administration. Health claim notification for potassium containing foods. October 31, 2000. https://vm.cfsan.fda.gov/~dms/hclm-k.html. Accessed Dec. 2, 2008.
Champagne, C.M. Nutr. Clin. Pract. 23: 142, 2008.
46. Moser, M., M. Houston, L. Svetkey, et al. J. Clin. Hypertens. 10: 632, 2008.
47. Elliott, P., H. Kesteloot, L.J. Appel, et al. Hypertension 51: 669, 2008.
48. Martini, L.A., and R.J. Wood. Nutr. Rev. 66: 291, 2008.
49. Judd, S.E., M.S. Nanes, T.R. Ziegler, et al. Am. J. Clin. Nutr. 87: 136, 2008.
50. Forman, J.P., G.C. Curhan, and E.N. Taylor. Hypertension 52: 828, 2008.
51. Institute of Medicine. Dietary Reference Intakes for Calcium, Phosphorus, Magnesium, 52. Vitamin D, and Fluoride. Washington, DC: National Academy Press, 1997.
53. Food and Drug Administration, Department of Health and Human Services. Code of 54. Federal Regulations 21. Milk and Cream. Part 131, Sec. 131.110. April 1, 2008.
54. FitzGerald, R.J., B.A. Murray, and D.J. Walsh. J. Nutr. 134: 980s, 2004.
55. Xu, J.-Y., L.-Q. Qin, P.-Y. Wang, et al. Nutrition 24: 933, 2008.


Baseado no artigo "Spotlight on Dairy Foods, Dairy Nutrients & Blood Pressure", do National Dairy Council (https://www.nationaldairycouncil.org) - Dairy Council Digest Archives, Volume 80, Número 1 Janeiro/Fevereiro 2009.

JULIANA SANTIN

Médica veterinária formada pela FMVZ/USP. Contribuo com a geração de conteúdo nos portais da AgriPoint nas áreas de mercado internacional, além de ser responsável pelo Blog Novidades e Lançamentos em Lácteos do MilkPoint Indústria.

0

DEIXE SUA OPINIÃO SOBRE ESSE ARTIGO! SEGUIR COMENTÁRIOS

5000 caracteres restantes
ANEXAR IMAGEM
ANEXAR IMAGEM

Selecione a imagem

INSERIR VÍDEO
INSERIR VÍDEO

Copie o endereço (URL) do vídeo, direto da barra de endereços de seu navegador, e cole-a abaixo:

Todos os comentários são moderados pela equipe MilkPoint, e as opiniões aqui expressas são de responsabilidade exclusiva dos leitores. Contamos com sua colaboração. Obrigado.

SEU COMENTÁRIO FOI ENVIADO COM SUCESSO!

Você pode fazer mais comentários se desejar. Eles serão publicados após a analise da nossa equipe.

Assine nossa newsletter

E fique por dentro de todas as novidades do MilkPoint diretamente no seu e-mail

Obrigado! agora só falta confirmar seu e-mail.
Você receberá uma mensagem no e-mail indicado, com as instruções a serem seguidas.

Você já está logado com o e-mail informado.
Caso deseje alterar as opções de recebimento das newsletter, acesse o seu painel de controle.

MilkPoint Logo MilkPoint Ventures