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2º dia do Tour por fazendas leiteiras no México - Cantabra e Pátzcuaro

POR RODOLFO TRAMONTINA DE OLIVEIRA E CASTRO

GIRO DE NOTÍCIAS

EM 12/11/2010

6 MIN DE LEITURA

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O segundo dia do tour por fazendas leiteiros na região de Torreón, no México (veja aqui o artigo contendo as duas fazendas visitadas na primeiro dia), reservou na opinião de boa parte do grupo de quase 45 brasileiros as duas melhores fazendas: a Cantabra e a Pátzcuaro. Apesar de terem o mesmo molde do sistema de produção característico da região essas duas apresentaram uma distinção notável.

A Cantabra, gerenciada por Javier Gomes, cujo família ordenha mais de 10 mil animais, possui 1630 vacas em lactação de um total de 1813 animais, entre novilhas, vacas secas e bezerras. A área do rancho é de aproximadamente 360 hectares, do qual Gomes orgulha de dizer que iniciou com 98 deles em 1993, divididos em: i) 175 hectares de plantio de milho, colhido em 2 safras que produzem os cerca de 90-94 toneladas de matéria verde por hectare suficientes para as vacas em lactação, e que depois são substituídos por aveia; ii) 170 hectares de alfafa para a produção de silagem - a porção de alfafa na dieta é de 6 kg de silagem + 2 kg de feno importado; e iii) 15 hectares de rancho, onde se situam os estábulos e as duas ordenhadeiras com capacidade para ordenhar 290-300 vacas/hora. Foi notável a diferença na parte agrícola dessa fazenda em relação às outras, os plantios de alfafa e milho apresentavam-se com uma qualidade de impressionar.


Plantio de alfafa (à frente) e milho (ao fundo). Detalhe para a linha de irrigação por inundação.

Esse resultado, porém, vem com muito esforço. Gomes relatou que a "a batalha por água é intensa. Esse ano nossos 5 poços artesianos não produziram água e tivemos que extraí-la de outra propriedade localizada a 6,5 quilômetros de distância, o que encarece nosso leite e que exige bastante trabalho". Mesmo assim, o empreendimento chega a faturar cerca de US$ 600 mil por mês e obtém um lucro líquido de mais de U$ 125 mil. As razões desse sucesso são: o baixo custo da dieta - ele produz grande parte do seu alimento - em 83-86 pesos (US$ 7,27-7,53) por vaca/dia, e preço de 5,30 pesos (US$ 0,4645) que recebe pelo litro + prêmio que pode chegar a 25 centavos de pesos por litro. O bom preço que recebe de Al Purina, entretanto, está atrelado a uma cota de produção que penaliza caso ultrapasse o limite de 52 mil litros diários.

Esse é outro problema que Gomes vem enfrentando, ele não "pode" crescer em tamanho. Entretanto, ele acredita que tem muito a evoluir em termos de eficiência reprodutiva dos animais, apesar do excelente manejo reprodutivo da fazenda. E uma das principais características apontadas por Gomes é a detecção de cio. A mesma é feita utilizando-se de giz marcador, observação diurna e noturna, e pedômetro - ferramenta que marca os passos dos animais e que tem sua eficiência atrelada a ideia de que animais no cio tendem a movimentar-se mais. Os dados dessas 3 fontes são comparados e após um relatório diário matinal, a inseminação é feita por funcionários com seus carrinhos.


"Carrinho" utilizado para inseminação dos animais.

Gomes também utiliza algumas regras para manter o sucesso: "65% dos animais devem estar emprenhados até maio para se ter uma boa época de parição no inverno. Abaixo de 60% significa que terei um ano difícil pela frente e que minha reprodução foi péssima". Ele também utiliza quase que exclusivamente sêmen sexado e de indução de lactação em novilhas, entre 35-40% dos animais no verão e 70% no inverno, que apesar de dispendioso (US$ 140) acredita que vale bastante a pena.

Pátzcuaro


Balde gigante presente na entrada da fazenda. Detalhe para o símbolo da Lala em vermelho.

Por fim, visitamos uma fazenda que prima pela excelência. A Pátzcuaro ordenha 1730 vacas, com produção média de 37-38 litros diários (uma das maiores da região), de um total de 2100 vacas totais. Para o proprietário, Juan Larinega, seu sucesso está em grande parte atrelado ao bem estar animal.

Para isso, Larinega valoriza em se tratando da dieta dos animais, um alimento com qualidade e ofertado adequadamente. A garantia da qualidade se dá por um sistema bastante eficiente de conservação e distribuição construído há 2 anos. Esse armazém aberto permite o depósito do alimento novo e a retirada do material mais velho, não havendo sobreposição de material novo sobre velho, além de permitir o carregamento e retirada ao mesmo tempo. Outro fator que auxilia na qualidade do alimento é a retirada e conservação da forragem, diferente do que observamos nas outras fazendas. Em relação ao fornecimento, duas estratégias foram observadas. A primeira é de sempre fornecer alimento fresco para os animais. A linha de alimentação é limpa diversas vezes ao dia e são ofertados alimentos frescos. A segunda é a obrigatoriedade de alimento fresco quando a vaca volta de uma de suas 3 ordenhas diárias. Larinega acredita que com um alimento fresco após a ordenha o animal tende a alimentar-se ao invés de deitar-se, reduzindo a possibilidade de doenças.


i)armazém aberto; ii) corte do silo feito com uma pá carregadora.

Em se tratando de bem-estar animal, o grande diferencial da fazenda, pudemos notar o grande investimento realizado. Todos os estábulos possuem ventiladores com aspersores para climatizar o ambiente - eles são programados para ligar quando a temperatura ultrapassa os 23o C, girando 180o -, e a ordenha é uma atração a parte. A sala de entrada e saída da ordenha tem seu piso emborrachado, evitando "abertura" de pernas dos animais e minimizando o impacto sobre os cascos, e é repleta de ventiladores com aspersores. Nas mesmas os animais são lavados e secos, com o intuito de reduzir o estresse térmico. Por fim, na saída da ordenha os animais são resfriados durante 20 minutos fazendo com que voltem da ordenha prontos para receberem um novo alimento.


i)ventiladores presentes em todos os estábulos; ii) chão de borracha na sala de ordenha.

Todo esse investimento tem retorno. A Pátzcuaro recebe da Lala, cerca de 4,85 pesos (US$ 0,4250) por litro + prêmio por produzir um leite de excelente qualidade - 3,4% de gordura, 3,21% de proteína, CBT de 2.010 UCF/mL e CCS entre 140-150.000 células/mL. Por essa razão está sempre entre as melhores fazendas em uma espécie de benchmarking realizado pela Lala com seus melhores produtores.

Por fim, outros dois cuidados foram notados na fazenda e que o proprietário insistiu em apontar: o cuidado com o meio-ambiente e com os funcionários. Para o primeiro é utilizado o mesmo sistema observado nas outras fazendas, o flush, mas na Pátzcuaro os dejetos passam por uma estação de tratamento antes de ser reaproveitado. Em relação aos funcionários, Larinega, disse que são feitas reuniões semanais com grupos desses, onde são debatidos e apontados os sucessos e falhas de cada um. Por essa razão, cada funcionário é responsável por um lote de animais e as comparações são feitas após análises diárias do leite de cada lote.


Cuidado com o tratamento dos dejetos.

Considerações Finais

O tour foi muito interessante tanto por conhecer uma nova realidade produtiva quanto para afirmar a importância de um sistema de produção bem organizado. As 4 fazendas apresentaram vantagens comparativas em relação às outras, o que também permite observar que não existe um modelo único para a produção de leite, mas adaptações para realidade distintas.

A dificuldade de se obter água e a importância que se dá pelo reaproveitamento e eficiência de utilização desse fator, também foram marcantes durante as visitas. Mas uma frase de um dos 45 companheiros brasileiros explicou ironicamente: "A água é uma bênção para a agricultura e uma lastima para a produção de leite", em alusão as dificuldades enfrentadas por produtores brasileiros nas épocas de extensão chuvas frente à ocorrência de quase nenhum problema em relação ao manejo dos animais nas águas enfrentados por produtores mexicanos - exemplo: a ocorrência de mastite nessas fazendas era baixíssima, pra não dizer nula.

Alltech

A participação do MilkPoint no tour foi possibilitada devido ao convite da Alltech, umas das líderes mundiais em nutrição e saúde animal, e organizadora do Global Dairy 500.

RODOLFO TRAMONTINA DE OLIVEIRA E CASTRO

Engenheiro Agrônomo formado pela Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz"-USP, e Analista de Mercado do MilkPoint.

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KOLOWYSKYS SILVA DE ALENCAR DANTAS

QUIXERAMOBIM - CEARÁ - PROFISSIONAIS DE CIÊNCIAS AGRÁRIAS

EM 19/08/2012

Cheguei ontem da Flórida, onde tive a oportunidade, juntamente com outros profissionais e produtores de leite do Brasil, de visitar diferentes sistemas de produção daquele estado americano, além de termos sido recepcionados pelo ilustre professor brasileiro da Universidade da Flórida, Prof. Dr. José Eduardo Santos. Foi uma experiência singular, donde concluímos, que se produzem leite naquelas condições, alta temperatura e umidade, é possível produzir em qualquer parte do mundo, Israel que o diga e nós também aqui do Ceará, donde não temos catástrofes frequentes(sêcas são históricas e previsíveis), temos água (precisando ser melhor utilizada), mas temos SOL o ano inteiro, seja no período das águas ou não(chamamos aqui de "inverno" e "verão", respectivamente). Lá mantive contato com um dos membros do grupo, que havia conhecido a região, e nos estimulou a fazer o mesmo. Acho que o que pudermos conhecer de outras experiências no que diz respeito a propiciar ambiência adequada e boa sanidade e nutrição, além de um bom manejo reprodutivo a vacas leiteiras, sejam estas de média ou alta produtividade, é plenamente válido. Gostaria de saber quando existiram outras viagens como esta, para esta região, pois estou pensando em reunir um grupo de produtores de leite aqui do Ceará para podermos ir.

Aguardo resposta, e meu e-mail, é :kolowyskys@bol.com.br
WINSTON VICENTE GIARDINI

PONTA GROSSA - PARANÁ - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 15/12/2010

Olá Rodolfo!

Muito bons os seus 2 artigos, descrevendo as propriedades que visitamos em Torréon, México, mostrando sob uma ótica fiel, o que vimos lá!

Parabéns!

E Bruno, a ideia de realizar essa viagem, era de gerar no grupo, exatamente o que voce sentiu: Frustração e consequente MOTIVAÇÃO! Como voce mesmo cita, temos praticamente todos os "ingredientes" climáticos e estruturais, necessários para otimizar a nossa produção e produtividade no Brasil! O que nos falta, em muitos casos, é o que vimos por lá: Planejamento e Organização! Isso podemos "apreender" em visitas como essa, e aplicar em território nacional!

Nosso objetivo foi atingido! Mexer com o grupo, para que, de retorno, possamos crescer, cada vez mais!

A sequencia dessa viagem, quando passamos pelo Global Dairy 500, em Lexington, onde pudemos discutir, com produtores de todo o mundo, o futuro e as perspectivas do leite global, para mim foi "Fechar o Tour com Chave de Ouro"!

Já estamos planejando o Tour e o GD 500 para o próximo ano, e tenham certeza de que estaremos buscando inovações, sejam estruturais, tecnologicas ou operacionais, que possam instigar o nosso produtor a ser cada vez melhor!

Grande Abraço!
RODOLFO TRAMONTINA DE OLIVEIRA E CASTRO

PIRACICABA - SÃO PAULO - MÍDIA ESPECIALIZADA/IMPRENSA

EM 02/12/2010

Muito obrigado Bruno.

Concordo em grau e gênero com o que você disse.

Fiquei também impressionado com a organização das fazendas, exemplo a segunda fazenda que visitamos que o proprietário possuía livros de anotações muito bem organizadas.

Grande abraço,

BRUNO PALHARES SOARES SOUZA

BELO HORIZONTE - MINAS GERAIS - INDÚSTRIA DE INSUMOS PARA A PRODUÇÃO

EM 13/11/2010

Tive o prazer de participar desse tour leiteiro no México e do Congresso Global Dairy 500 realizado em Lexington, Kentucky. Realmente é impressionante a produção leiteira em Torreon, que apesar de todas as dificuldades de clima e principalmente de água, é um exemplo para qualquer país do mundo, principalmente para o Brasil. Eles possuem algo que falta em vários produtores brasileiros, que é organização, foco a médio e longo prazo. Saí dessa visita com dois tipos de sentimentos antagônicos, um pouco de decepção (porque o Brasil, apesar da abundância de recursos naturais ainda carece de organização e foco) e motivação (porque o Brasil, com um pouco de organização e foco, pode crescer demais na produção leiteira). Foi um aprendizado muito grande para mim , que além de técnico na área, sou também produtor leiteiro.

Rodolfo, parabéns pela matéria e espero te encontrar ano que vem no novo tour.

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