A eficiência da produção está estritamente ligada ao metabolismo do nitrogênio. Em relação ao ingerido, a quantidade excretada do elemento indica a eficiência do animal na utilização da proteína alimentar (aminoácidos da dieta e outros compostos nitrogenados) para produzir proteína do leite. O nitrogênio fecal e o urinário podem comprometer a segurança ambiental e, consequentemente, aos animais e humanos. Por outro lado, o nitrogênio não proteico é amplamente utilizado na dieta de vacas leiteiras devido à capacidade desses animais de utilizá-lo, podendo substituir parte da proteína e fazer menor o custo da dieta. O que podemos fazer para maximizar o metabolismo das proteínas, reduzindo a excreção de nitrogênio e garantindo que os animais façam melhor uso de todos os nutrientes ingeridos?
Diferentes estudos indicaram que as vacas leiteiras convertem apenas 25-30% da proteína ingerida em proteína do leite (Nadeau et al., 2007; Spek et al., 2013), enquanto grande parte do ingerido é perdido na urina (como ureia) e no nitrogênio fecal. Uma vez no ambiente, a maior parte do nitrogênio excretado proveniente da proteína alimentar é convertido em amônia, nitratos, nitritos e óxido de nitrogênio, compostos que contribuem para o aquecimento global. Entretanto, isso não é apenas um risco de poluição, mas também é um desperdício de dinheiro, que pode ser diminuído com manejo alimentar. Equilibrar corretamente a dieta das vacas leiteiras e reduzir as deficiências de aminoácidos essenciais são fatores críticos para diminuir a excreção de nitrogênio, melhorando a sustentabilidade econômica e ambiental.
As vacas leiteiras modernas são animais cada vez mais produtivos, que precisam de uma dieta em maior quantidade e melhor balanceada, não só em relação à proteína e macroelementos, mas também para o suprimento total e relativo de aminoácidos. A proteína do leite provém da proteína metabolizável, sendo a segunda, a parte que chega ao intestino e que pode ser absorvida e utilizada pelo animal, que é oriunda da dieta, da microflora ruminal e da degradação dos tecidos. A seleção genética tornou nossas vacas leiteiras capazes de produzirem uma grande quantidade de leite devido à capacidade da glândula para utilizar os nutrientes da dieta. Em particular, as vacas recém paridas alocam nutrientes (especialmente aminoácidos) primeiro para o úbere e, depois, para os tecidos restantes.
Os ruminantes endogenamente podem produzir alguns aminoácidos a partir de diferentes fontes de nitrogênio, mas os aminoácidos essenciais, como o próprio nome sugere, devem ser fornecidos através das proteínas microbiana e de origem alimentar, só assim serão cobertas as exigências nutricionais e o animal poderá sustentar o desempenho. A metionina e a lisina são uns dos aminoácidos mais importantes, pois além de essenciais, são limitantes e, no caso da metionina, também é estimuladora da síntese de proteína do leite: portanto a deficiência deles compromete a produtividade potencial das vacas. Na dieta típica para vacas leiteiras à base de milho e soja, há 25% menos metionina do que a exigência dos animais (Cho et al., 2007). A inclusão de aminoácidos protegidos da ação ruminal, por meio de microencapsulação, permite a redução da quantidade desse tipo de suplemento na dieta (e do custo alimentar), bem como o atendimento das exigências dos animais, de uma forma mais biodisponível.
Em uma fazenda leiteira de ensino e pesquisa da Universidade do Estado Iowa, um estudo recente (King et al., 2021) pesquisou como usar a metionina microencapsulada na dieta de vacas leiteiras de elevado desempenho para maximizar as eficiências alimentares e de uso do nitrogênio. Quarenta e oito (48) vacas Holandesas com 127 dias de DEL, dispostas em um delineamento de quadrado latino 4x4 (28 dias/período) foram suplementadas com o Timet®, a solução da Vetagro para suplementar metionina à dieta de vacas leiteiras. O produto contém 55% de metionina protegida da ação ruminal em uma matriz lipídica que, junto ao tamanho de partícula específico para a espécie, maximiza a biodisponibilidade do ingrediente ativo e garante a liberação lenta ao longo de todo o intestino. Os quatro tratamentos testados foram:
· Controle: dieta basal (ração total misturada), fornecendo 1,8% de metionina metabolizável com base na proteína metabolizável (Tabela 1);
· Metionina baixa: dieta controle mais a inclusão de 20 g Timet®/vaca/dia, fornecendo 11,0 g metionina/vaca/dia;
· Metionina média: dieta controle mais a inclusão de 35 g Timet®/vaca/dia, fornecendo 19,3 g metionina/vaca/dia;
· Metionina alta: dieta controle mais a inclusão de 50 g Timet®/vaca/dia, fornecendo 27,5 g metionina/vaca/dia.
Tabela 1: Composição da dieta basal, fornecida ad libitum aos animais suplementados ou não com Timet®.
Ingrediente/Nutriente |
Quantidade |
Composição da dieta (% da MS) |
|
Silagem de milho |
40,3 |
Feno de alfafa |
15,5 |
Milho moído |
15,3 |
Farelo de soja |
9,3 |
Caroço de algodão |
5,7 |
Melaço |
2,9 |
Mistura de vários ingredientes1 |
11,0 |
Composição nutricional (% da MS) |
|
Proteína bruta |
17,3 |
FDN |
31,8 |
FDA |
21,5 |
Amido |
23,7 |
Cinza |
8,1 |
Suprimento de nutrientes (NRC, 2001)2 |
|
ENL (Mcal/d) |
37,2 |
Proteína metabolizável (PM, g/d) |
2520 |
Metionina metabolizável (% da PM) |
1,8 |
Lisina metabolizável (% da PM) |
6,57 |
Relação Lisina:Metionina |
3,65 |
Exigências de Nutrientes (NRC, 2001)2 |
|
ENL (Mcal/d) |
37,8 |
Proteína Metabolizável (g/d) |
2626 |
1 DDG (43%), farinha de sangue (11%), casca de soja (10%), farinha de carne e osso porcino (9%), bicarbonato de sódio (7,4%), carbonato de cálcio (6%), gordura suína (5%), sal (3,1%), ureia (2%), premix vitamínico (2,3%), óxido de magnésio (2,7%), fosfato monocálcico (1,4%), monensina (0,1%), biotina e zinco orgânico (0,1%). 2Determinado usando os dados do tratamento controle. |
Foram avaliadas a produção do leite e seus sólidos, bem como a secreção de nitrogênio no leite e a excreção de nitrogênio nas fezes e urina. Os resultados (Tabela 2) demonstraram que a inclusão de metionina protegida não modificou o consumo de matéria seca dos animais (23,3 kg/d), mas uma quantidade crescente do aminoácido aumentou linearmente a produção de leite corrigido ou não para energia. A produção de leite corrigida para energia melhorou 1,57 kg/d para as vacas com metionina alta quando comparadas ao controle. A suplementação de metionina microencapsulada não alterou a produção de gordura do leite, mas aumentou linearmente a produção de proteína do leite. Houve uma tendência de aumento da concentração de proteína do leite, principalmente para os animais do grupo Metionina média (19,3 g metionina/dia). Este último ponto é muito interessante, indicando que uma alta, mas não racional inclusão de metionina, não é útil e causaria também um desperdício de dinheiro, sem benefício em termos de produção e qualidade do leite. Se o perfil de aminoácidos e a inclusão na dieta estiverem perfeitamente equilibrados, o aumento da quantidade de aminoácidos essenciais não é mais necessário para melhorar a produção.
No que diz respeito ao metabolismo do nitrogênio, em relação ao ingerido, a adição de metionina microencapsulada diminuiu a excreção total e nas fezes do elemento, indicando uma melhora da utilização da proteína consumida. Além disso, a inclusão de Timet® melhorou a conversão de nitrogênio alimentar em proteína láctea (de 30,3% a 33,6%).
Tabela 2. Produção de leite, sólidos e eficiência de uso do nitrogênio de vacas leiteiras recebendo diferentes dosagens de metionina protegida da ação ruminal
|
Controle |
Metionina protegida da ação rúmen |
Valor P |
||
Baixa |
Media |
Alta |
|||
Consumo de matéria seca (kg/d) |
23,59 |
23,39 |
23,02 |
23,33 |
NS |
Leite corrigido para energia (kg/d) |
39,73b |
40,87ab |
40,96ab |
41,30a |
<0,05 |
Produção de proteína láctea (kg/d) |
1,20b |
1,23ab |
1,25a |
1,26a |
<0,05 |
Produção de gordura láctea (kg/d) |
1,40 |
1,44 |
1,44 |
1,44 |
NS |
Excreção fecal de N (% do N consumido) |
44,8c |
36,8b |
35,7ab |
31,4a |
<0,05 |
Excreção total de N (% do N consumido) |
79,7a |
71,1ab |
66,6ab |
61,2b |
<0,01 |
Balanço de N1 |
-71,8c |
-29,1bc |
4,6ab |
50,6a |
<0,01 |
Literal distinto na mesma linha indica diferenças estatísticas
1Balanço de N = N consumido – N excretado (N urina + N fezes)
NS = não significativo
As vacas do grupo controle foram relacionadas a um balanço negativo de N de 71,8 g/d, que muda para 4,6 g/d no grupo Metionina media (p=0,011). Considerando em conjunto as respostas de produção de proteína láctea e o balanço de N (Tabela 2), entendemos que a dose média de metionina protegida pode atender à exigência.
Considerações finais
Alguns aminoácidos são mais importantes do que outros; a metionina é um deles, porque age como limitante e estimulador da síntese de proteína láctea. Atingir as exigências do aminoácido é obrigatório para maximizar a produção e a qualidade do leite, bem como para manter os níveis de saúde e reprodução das vacas leiteiras. A proteção da ação ruminal permite uma menor inclusão de metionina, pois faz o nutriente disponível para sua absorção no intestino do animal. Por outro lado, um equilíbrio racional de aminoácidos na dieta é importante para maximizar o metabolismo do nitrogênio, evitando o desperdício de dinheiro.
A Vetagro foi pioneira na microencapsulação de aminoácidos para ruminantes, desenvolvendo produtos de tamanho de partícula específico para a espécie, garantindo a maximização da biodisponibilidade e a liberação gradativa dos nutrientes a nível intestinal do animal. O Timet® é a solução eficaz da Vetagro para equilibrar a ingestão de aminoácidos de vacas leiteiras, melhorando a produção e reduzindo a excreção de nitrogênio devido à melhor utilização da proteína ingerida.
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Artigo original de Sara Flisi
Traduzido por Luis Depablos (luis.depablos@vetagro.com)
Este é um conteúdo da Vetagro
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