Cada vez mais as práticas de biosseguridade serão discutidas dentro das propriedades leiteiras. A sanidade do rebanho é fundamental para garantir sucesso na cadeia do leite, uma vez que animais saudáveis são mais produtivos e geram maior lucratividade para o negócio. Além do retorno financeiro, é evidente que, uma abordagem correta dos riscos potenciais de cada local é “sinônimo” de sustentabilidade na produção, reduzindo ameaças à segurança dos alimentos, à saúde dos colaboradores da fazenda e garantindo o bem-estar animal (PEGORARO et al., 2018).
Podemos definir biosseguridade como um conjunto de normas e procedimentos que objetivam evitar a introdução de doenças e agentes infecciosos na propriedade, bem como controlar sua disseminação (WELLS, 2000). Estes patógenos são capazes de causar desordens na produção e qualidade do leite, diminuição do peso, redução da eficiência reprodutiva, bem como gerar complicações de ordem sanitária geral, como o surgimento de zoonoses, o que afeta diretamente a saúde ocupacional dos trabalhadores e segurança do alimento produzido (PEGORARO et al., 2018).
As estratégias de biosseguridade adotadas se baseiam fundamentalmente no controle da introdução de patógenos (biosseguridade externa) e no controle da disseminação de patógenos (biosseguridade interna) nos animais do rebanho (PEGORARO et al., 2018).
A biosseguridade externa está relacionada às estratégias de prevenção da entrada ou introdução de agentes patogênicos na propriedade leiteira, como por exemplo:
· Quarentena dos animais recém adquiridos;
· Restrição de acesso ao interior da propriedade (pessoas e veículos);
· Implantação de pedilúvio e rodolúvio;
A biosseguridade interna se refere à redução da probabilidade da disseminação de agentes já presentes no rebanho, como por exemplo:
· Manejo de lotes dos animais para cada fase produtiva;
· Manejo do colostro;
· Higiene de cochos, bebedouros, baldes e demais utensílios;
· Enfermaria para animais doentes;
· Manejo do esterco;
· Destino correto de carcaças;
· Utilização de Equipamentos de Proteção Individual (EPIs);
· Armazenamento de alimentos e medicamentos veterinários;
· Limpeza e desinfecção das instalações.
(Adaptado PEGORARO et al., 2018)
Um programa de biosseguridade eficaz, no entanto, não é baseado unicamente em uma lista de tarefas, ele requer compreensão dos princípios da biosseguridade, estabelecimento de objetivos e informações específicas da epidemiologia dos patógenos do local de aplicação (WELLS, 2000).
É importante que cada propriedade leiteira avalie os seus principais riscos, de maneira a obter o máximo de informações possíveis para construção de um bom programa de biosseguridade. Lembre-se que para cada realidade as prioridades são diferentes. Uma estrutura padrão aplicável aos programas de biosseguridade envolve (1) identificação do perigo; (2) avaliação da exposição; (3) caracterização de risco e (4) gerenciamento de riscos (MAUNSELL & DONOVAN, 2008). Mas, não existe um plano único que atenda a todos, cada planejamento deve ser adaptado para atender as necessidades específicas do local. Vale lembrar que isso envolve planejamento e trabalho. Um constante treinamento da equipe, disciplina e comprometimento dos colaboradores são ponto-chaves para obtenção de sucesso na instalação do programa.
A divisão de saúde animal da Boehringer Ingelheim, em parceria com a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa Gado de Leite) lançou um Selo de Certificação em Biosseguridade em fazendas de leite. Em uma iniciativa inédita no Brasil e com abrangência em todo o território nacional, essa novidade atesta mais garantias em relação à segurança alimentar das pessoas ao envolver a adoção de grande número de protocolos que asseguram a proteção e o controle da ocorrência de doenças nos rebanhos bovinos, além de promover o bem-estar dos animais. Em linhas gerais, é um conceito que tem o objetivo de diminuir a ocorrência clínica e limitar a transmissão de enfermidades no rebanho, evitando a entrada de doenças contagiosas que podem ser letais e que têm necessidade de notificação obrigatória.
A iniciativa do selo de certificação de biosseguridade integra, inicialmente, o Programa + Leite, da Boehringer Ingelheim e que tem como foco o bem-estar animal e a saúde humana por parte dos consumidores por meio do uso racional de antibióticos e soluções de saúde animal mais adequadas para cada etapa do ciclo produtivo. No programa, esses objetivos são atingidos pela democratização de conteúdo especializado, valorizando a atividade produtiva, em que a informação contribui para impulsionar a produtividade e, consequentemente, a lucratividade. Com acesso às tecnologias da Boehringer Ingelheim, os produtores de leite têm ferramentas para elevar os índices de bem-estar animal, qualidade do leite, biosseguridade e segurança alimentar.
Fonte:
MAUNSELL, Fiona; DONOVAN, G. Arthur. Biosecurity and risk management for dairy replacements. Veterinary Clinics of North America: Food Animal Practice, v. 24, n. 1, p. 155-190, 2008.
PEGORARO, Ligia Margareth Cantarelli et al. Biosseguridade na bovinocultura leiteira. Embrapa, 2018.
WELLS, S. J. Biosecurity on dairy operations: hazards and risks. Journal of dairy science, v. 83, n. 10, p. 2380-2386, 2000