No entanto temos no mercado várias opções de gramíneas tropicais que apresentam semelhanças, mas não são iguais e merecem um tratamento distinto. Começamos no plantio que, para haver produção e consequentemente correta utilização da pastagem escolhida, é fundamental que se estabeleçam inicialmente, níveis de fertilidade adequados para cada forrageira em questão. São distintas as recomendações para cada forrageira, mas pode-se considerar que para as forragens do Gênero Panicum e Cynodon os níveis de V% (por exemplo) do solo devem estar ao redor de 75%, sendo que para as Brachiarias, ao redor de 60%. Sendo assim, não podem, desde o início, ser consideradas iguais.
Quanto ao manejo, a altura de entrada e saída dos piquetes são distintas, mas infelizmente são tratadas as vezes igualmente e por fim são prejudicadas intensivamente. A grande deficiência de nossas pastagens, infelizmente, é o desconhecimento do manejo delas. O produtor deve atentar-se, dentre outros, para uma forrageira adequada para o sistema de pastejo adotado. Olhar para a forrageira, muitas vezes é um fato ignorado por muitos e isto acaba decidindo o sistema.
Quando pensamos em produção leiteira, a nossa unidade produtiva, nossa operária, chamada de vaca, precisa e deve comer uma forragem, a melhor possível. A partir deste ponto partimos do princípio de que queremos aquela forrageira milagrosa, “super-forragem”, aquela que suporte altas lotações ou ainda que não precise de adubação e não tenha estacionalidade. Muitas questões também são feitas: Por que minha vaca não produz leite? Por que eu não consigo produzir leite na minha propriedade? Será que no meu pasto falta adubo? Será que esta forragem é boa mesmo?
Para lembrar, uma vez escolhido o sistema de manejo rotacionado de pastagens, aconselha-se utilizar pastagens mais produtivas, sendo elas do Gênero Panicum (Tanzânia) e Cynodon (Tifton e Coast-cross). As espécies do gênero Brachiaria também podem ser utilizadas (sendo estas mais indicadas para sistemas de lotação contínua), porém apresentam menor produtividade e também podem acometer os animais com problemas de fotossensibilização.
Em sistemas intensivos, o uso de forrageiras do gênero Panicum fará com que o manejo seja prejudicado. Quando a forragem torna-se fora do seu ponto ótimo de manejo, ela “passou do ponto” (isso nunca deve acontecer) as forragens deste gênero lignificam muito o colmo (endurecem muito o caule). No caso da Braquiária, isso ocorre menos e com, isso tem-se o pastejo normal caso ela passe do ponto. Com certeza uma vantagem do gênero sobre um manejo mal feito ou incorreto.
Porém, ainda, cabe ressaltar que embora as forrageiras tropicais apresentem características distintas quanto ao manejo e hábito de crescimento, possuem valores nutricionais semelhantes. Entretanto, não podemos erroneamente confundir idade cronológica com idade fisiológica. Por exemplo, tomando como base o capim Tifton, com ponto ótimo de manejo de 18 dias, ele estará fisiologicamente com a mesma idade quando comparado ao capim Tanzânia, que apresenta ponto ótimo de manejo de 28 dias. Ainda, os capins de clima temperado dentre eles o azevém e aveia, apresentam maior valor nutritivo, porém são menos produtivos como citado anteriormente.
Tudo o que foi dito nos dois últimos parágrafos são com certeza o gargalo da produção. A grande deficiência de nossas pastagens não é a qualidade e sim a quantidade. Parece contraditório, pois disse anteriormente que nossas forrageiras tropicais são mais produtivas e por aí vai... Mas infelizmente, o ponto de frenagem de nossa produção é não sabermos produzir pasto e nossa grande deficiência está na quantidade ofertada. O ajuste de lotação muitas vezes é a grande deficiência.
Se adubarmos menos a pastagem, teremos com certeza um decréscimo no teores de proteína, mas, isso não quer dizer que se adubarmos mais, teremos uma "super forrageira". Teremos uma forragem com teores ao redor de um a dois pontos percentuais a mais de proteína (o que não é significativo para aumentar a produção), mas com certeza teremos mais forragem. Deste ponto, pensaremos então em um aumento no número de animais nas estratégias de suplementação.
Na produção leiteira, pensamos que em pasto, uma vaca em condições normais de manejo e lactação produzirá ao redor de 10 a 12 kg de leite. Após isso, a suplementação deve ocorrer em função da produção de leite. Claramente que aquela vaca que produz mais leite comerá mais ração. Então, a ingestão da forragem bem manejada imprimirá, junto com a ração, uma produção ao redor de até 25 a 30 kg de leite.
Já fui questionado do porque da propriedade do seu Zé ser mais produtiva que a do seu João se as vacas comem a mesma ração. O pasto de um é mais eficiente que o outro? Será deficiência de que? Prefiro pensar que a deficiência não está no pasto em si, pela sua qualidade e sim pode estar no manejo dele, na adubação para imprimir quantidade (produtividade) e com certeza no uso do concentrado. Neste ponto, os ingredientes, a forma de fornecimento e a formulação do concentrado podem ser fatores decisivos. O uso de produtos melhores ou ainda de forma bem superficial (pensando nas frações de seus carboidratos e proteínas) poderão afetar a produção.
Ainda, mesmo que superficialmente, quero aqui discorrer sobre um ponto importante quanto as manchas em folhas ou ainda ataques de pragas em pastagens. Volto a dizer, isto afetará principalmente a produtividade. Pragas em pastagens existem sim e dão trabalho. Plantas invasoras também. Ambas afetam a produtividade principalmente e, por isso, diminuem a produção leiteira. Em resumo, a forrageira não cresce satisfatoriamente quando doente ou sofrendo competição.
Aquela vaca que produz leite em pastagem precisa ser observada diariamente. Se faltar pasto à noite, ela precisa ser suplementada, se não ela não produzirá. Ela não é mágica. A forrageira, em função da estacionalidade diminui seu valor proteico sim. Ela precisa se defender do período seco e sobreviver. Ela floresce (isso ocorre normalmente, mas pode ser controlado e minimizado) e direciona toda sua vitalidade para suas sementes e diminui seu valor proteico. Desta forma precisamos pensar em aumento da qualidade do suplemento, ou seja, aumentar o teor de proteína bruta, basicamente. O contrário também ocorre. No verão, os pastos estarão verdejantes e por isso o teor proteico do concentrado pode ser menor. Em caso de geadas também podemos pensar em diminuição de sua qualidade. Estresse hídrico também. Ainda, períodos longos de chuva e com baixa luminosidade poderão mudar o crescimento da forragem, fazendo-a alongar demais e por isso mudar sua composição química (mais fibra) e afetar a produção.
Senhores, repito e esclareço, que tudo pode ser contornado com o manejo e 95% do déficit produtivo é em função da produtividade do capim. O suplemento deve sim andar ao lado da forrageira fechando uma dieta diária balanceada para a vaca. Por isso o próprio nome esclarece tudo – suplemento.