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A propriedade leiteira hidricamente correta

JULIO CESAR PASCALE PALHARES

EM 22/03/2024

5 MIN DE LEITURA

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Neste 22 de março comemoramos o Dia Mundial da Água. Nesta edição o tema do evento é Água para Paz. Tema muito bem-vindo nestes tempos que a humanidade convive com vários conflitos ao redor do mundo. Promover a paz na nossa sociedade e entre os povos deve ser uma tarefa de todos nós.

Mas o que seria ter paz hídrica na propriedade leiteira?

Nada mais que ter a oferta de água em quantidade e com a qualidade necessária para os determinados usos.

Há muito sabemos que sem água a produção de leite não se viabiliza. Se o produtor(a) não tiver o volume de água que necessita e no padrão de qualidade adequado, não haverá paz para produzir.

Nos últimos anos esta paz hídrica tem sido mais ameaçada, resultado dos impactos das mudanças climáticas. Eventos de seca e inundações ocorreram em todas regiões brasileiras com impactos enormes na atividade leiteira que vão desde a perda de animais até a impossibilidade de retirada do leite da propriedade.

A ciência já nos disse que estes eventos serão cada vez mais intensos e frequentes. Por isso, a paz hídrica da produção leiteira nacional nunca esteve tão ameaçada.

Os fatos e acontecimentos estão aí. Não adianta ficarmos lamentando o ocorrido ou esperar, passivamente, por um novo evento que perturbe nossa paz hídrica. Hoje, mas do que em qualquer outra época, precisamos ser preventivos. Prepararmo-nos para eventos climáticos mais intensos.

Precisamos ter uma propriedade hidricamente correta. Mas como seria essa propriedade?

A propriedade hidricamente correta é aquela em que:

  • Faz-se o uso da água, considerando que ela é um recurso natural finito. Que a água seja conservada em quantidade e qualidade a fim de garantir que as pessoas posam continuar vivendo na propriedade e a atividade agropecuária se desenvolva;

Água recurso natural finito. Se não conservar, vai faltar.
Água recurso natural finito. Se não conservar, vai faltar. Foto: Parque Nacional da Serra da Canastra. Julio C. P. Palhares

  • No dia-a-dia da atividade leiteira a água é maneja em suas três dimensões: insumo, alimento e recurso natural;

As três dimensões da água na produção animal

As três dimensões da água na produção animal

  • Protege-se as fontes de água da propriedade e aquelas que a atravessam (ex. rios, córregos, etc.) pela preservação da vegetação nativa e manutenção das matas ciliares;
     
  • Há equipamentos de medição dos consumos de água e, com a informação dos consumos, propõe-se metas de redução de uso da água.

Hidrômetro instalado na sala de ordenha para medição o consumo de água.
Hidrômetro instalado na sala de ordenha para medição o consumo de água. Foto: Julio C. P. Palhares

  • A propriedade tem uma rotina semanal de identificação de perdas e vazamentos de água;
     
  • O acionamento dos equipamentos que consomem água, como irrigação e resfriamento de animais, é feito com base em parâmetros técnicos;

Irrigação de área agrícola.
Irrigação de área agrícola. Foto: Julio C. P. Palhares

  • Faz-se o uso de fontes alternativas de água e/ou o reuso de efluentes a fim de conservar as águas de melhor qualidade e dar maior segurança hídrica a propriedade;

Fonte alternativa de água. Captação de água da chuva de telhado de confinamento para lavagem da pista.
Fonte alternativa de água. Captação de água da chuva de telhado de confinamento para lavagem da pista. Foto: Julio C. P. Palhares

 

Sistema de reuso de efluente tratado para lavagem da pista do galpão
Sistema de reuso de efluente tratado para lavagem da pista do galpão. Na primeira lagoa entra o dejeto bruto após passar por um sistema de retenção de sólidos. O dejeto passa da primeira para segunda lagoa, que também recebe água de captação da chuva do telhado do galpão. O efluente tratado é bombeado da segunda lagoa para o reuso na lavagem. Foto: Julio C. P. Palhares

 

  • Faz-se análise de qualidade da água das fontes da propriedade com frequência mínima anual e para parâmetros químicos e microbiológicos. Fontes com maior risco a contaminação devem ter maior frequência de análise;

Figura 1. Classificação das fontes de água da propriedade quanto ao risco a contaminação.

Classificação das fontes de água da propriedade quanto ao risco a contaminação.
 

  • Entende-se que a qualidade da água tem relação direta com o manejo do solo, portanto práticas conservacionistas de uso do solo auxiliam na manutenção da segurança hídrica da propriedade e na conservação da qualidade da água;

Prática conservacionista do solo e da água. Área de silagem de milho com plantio multiespécies
Prática conservacionista do solo e da água. Área de silagem de milho com plantio multiespécies. Foto: Julio C. P. Palhares

  • Faz-se o correto manejo, disposição e tratamento de todos os resíduos gerados na propriedade, resíduos mal manejados ameaçam a qualidade da água;
     

Local em propriedade leiteira reservado para o armazenamento dos resíduos recicláveis e clínicos
Local em propriedade leiteira reservado para o armazenamento dos resíduos recicláveis e clínicos. Foto: Julio C. P. Palhares

 

Lagoa impermeabilizada com lona para o tratamento da água de lavagem do piso da sala de ordenha.
Lagoa impermeabilizada com lona para o tratamento da água de lavagem do piso da sala de ordenha. Foto: Julio C. P. Palhares

 

  • Documentam-se todas as aplicações de fertilizantes químicos e orgânicos e o uso destes é feito de acordo com as recomendações agronômicas. O uso em excesso de fertilizantes compromete a qualidade da água;

Retirada do dejeto da lagoa para aplicação no solo.
Retirada do dejeto da lagoa para aplicação no solo. Foto: Julio C. P. Palhares

  • Antes da utilização dos dejetos e efluentes como fertilizante é feita uma análise para saber as concentrações de nitrogênio, fósforo e potássio destes resíduos;
     
  • O produtor(a) cumpri toda legislação ambiental, porque sabe que a lei não é só uma obrigação, mas uma forma de preservar e conservar os recursos naturais. As três licenças ambientais básicas que a propriedade leiteira deve ter são: licenciamento da atividade leiteira, outorga de uso da água e cadastro ambiental rural.

A maioria das propriedades leiteiras brasileiras não atendem as diretrizes acima propostas para poder ser classificadas como hidricamente corretas. Este não atendimento envolve desde questões comportamentais, até questões produtivas, econômicas e de não ter as licenças ambientais necessárias.

As diretrizes propostas não são de alta complexidade e não têm custos elevados para ser implementadas.

Não há nada de novo nelas, pois já foram testadas e validadas em diversas realidades leiteiras pelo mundo. O que está se propondo é o “café com leite” do manejo hídrico ideal.

Foi-se o tempo em que o tempo demorava para nos cobrar. O tempo é agora! Ou mudamos nossas atitudes em como lidar com a água no dia-a-dia da atividade ou estamos condenados a não ter paz hídrica.

 

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JULIO CESAR PASCALE PALHARES

Pesquisador da Embrapa Pecuária Sudeste

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RAFAEL FAGNANI

LONDRINA - PARANÁ - PESQUISA/ENSINO

EM 11/04/2024

Prof. Julio com ótimas contribuições na gestão hídrica. Aqui no laticínio escola da UEL estamos seguindo alguns passos colocados em seus artigos científicos e técnicos! Sempre os recomendo para meus alunos! Abs!

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