O sistema de cotas de produção de leite da União Europeia (UE) terminará em 31 de março. A mudança direcionará todas as categorias de produtos lácteos em algum grau, à medida que os produtores rurais e processadores da UE buscam capitalizar na demanda dos mercados emergentes – buscando muitos dos mesmos países que os exportadores dos Estados Unidos estão buscando.

Um estudo do Conselho de Exportações de Lácteos dos Estados Unidos (USDEC) avaliou o provável impacto da remoção das cotas analisando seis nações da UE com o maior potencial de crescimento pós-cota: Dinamarca, França, Alemanha, Irlanda, Holanda e Polônia. Até 2020, esses seis países serão responsáveis pela vasta maioria do crescimento e da expansão das exportações de lácteos da UE.

A análise do USDEC determinou que, sob o cenário mais provável, os seis aumentariam a produção anual de leite em quase 11,8 bilhões de quilos em 2013-2020. O estudo concluiu que apesar da maior presença europeia criar desafios de competitividade para os fornecedores dos Estados Unidos, o contínuo crescimento da demanda dos mercados emergentes absorveriam os maiores volumes da UE e ainda deixariam uma ampla oportunidade para os fornecedores americanos em quase todos os setores.

Podemos reunir algumas dicas sobre a estratégia inicial de exportação da UE a partir dos investimentos dos fornecedores nos dois últimos anos. O estudo identificou cerca de US$ 2,8 bilhões gastos em novas plantas de processamento completas ou a serem completadas em um futuro próximo – com um foco claro no leite em pó. Cerca de um terço do dinheiro foi destinado à produção de fórmulas infantis, que não são commodity, e o outro terço em direção ao leite em pó, que é commodity.

O estudo do USDEC prevê que as seis nações citadas acima aumentarão a produção de leite em pó integral e desnatado em 340 milhões de quilos em 2013-2020. Quase 85% desse total combinado, ou 14 milhões de quilos por ano, serão destinados aos mercados de exportação, principalmente nos países em desenvolvimento do Oriente Médio, África e Ásia.

Queijos e manteiga receberam pouco investimento de capital nesse ponto. No caso dos queijos, isso não significa que não veremos um aumento na produção. A produção anual de queijos, de fato, aumentará mais do que a de qualquer outra categoria de produtos até 2020 – em quase 680,4 milhões de quilos. O consumo interno aumentará para cerca de 498,95 milhões de quilos, mas os fornecedores da UE exportarão cerca de 163,3 milhões de quilos aos mercados mundiais.

A Irlanda tem sido mais agressiva em trabalhar no aumento da produção e na capacidade de processamento, com a meta do governo de elevar a produção de leite em 50% até 2020. O Board Bia, agência estatal responsável pelo setor agrícola, classificou a remoção das cotas como a “oportunidade do século”.

Entretanto, apesar da antecipação e da preparação, a ideia de que a UE inundará o mercado é errada. Embora algumas companhias da UE estejam já preparadas para exportar, outras estão começando de um nível menor de conhecimento, serviço e capacidade. Assim como os fornecedores dos Estados Unidos têm feito, os exportadores da UE precisarão fazer investimentos significativos em pessoal, infraestrutura e inovação para maximizar o potencial do mercado externo. Essas estratégias podem não vir naturalmente para algumas das cooperativas tradicionalmente focadas na UE.

Os produtores e processadores de leite da UE também enfrentam regulamentações ambientais mais restritivas que seus colegas dos Estados Unidos e eles não possuem ferramentas de desenvolvimento como mercados futuros para mitigar a volatilidade.

As estimativas de crescimento da própria UE variam amplamente e tendem a ser conservadoras. O bloco originalmente previu um crescimento de cerca de 7,71 bilhões de quilos de leite de todos os 28 membros de 2013 a 2020. Agora que os fornecedores da UE estão se encaminhando para aumentar a produção em mais de 4,99 bilhões somente nesse ano, o bloco aumentou suas projeções para 12,2 bilhões de quilos até 2020 – levemente maior do que a previsão do USDEC para os seis países citados.

O cenário mais provável do USDEC é também o intermediário: o crescimento da UE pode exceder ou cair baseado em uma série de variáveis, sendo a principal a confiança dos produtores. A confiança dos produtores tem caído firmemente durante 2014 em decorrência dos declínios nos preços das commodities. Os produtores que responderam às entrevistas do USDEC disseram que buscariam contínuos aumentos na produção e ignoram a natureza cíclica da cadeia de fornecimento de lácteos em uma crença firme de que a contínua demanda da Ásia manterá os preços em torno dos níveis vistos na primeira metade de 2014. Porém, apenas alguns meses depois, muitos grupos rurais da UE passaram a pedir cada vez mais suporte de mercado, fazendo protestos e até pedindo pela manutenção das cotas.

Embora os custos de produção de leite devam no final das contas determinar a resposta da região, sob os cenários mais imagináveis após a cota, a competição para suprir a crescente demanda por lácteos nos mercados emergentes intensificará à medida que as ofertas exportáveis crescem.

Se os fornecedores dos Estados Unidos continuarem desenvolvendo competências importantes, como suprir as especificações de produtos, fornecer suporte técnico e ao cliente e melhorar a gestão da cadeia de fornecimento, eles podem esperar que continuem sua evolução como membros globais do mercado, além de aumentar suas exportações.

A reportagem é do Dairy Herd Management, traduzida pela equipe MilkPoint.