Renata de Oliveira Souza Dias
Dados de pesquisa apontam que mais de 50% das causas de mortalidade em bezerros estão associadas a doenças gastrointestinais. A diarréia afeta cerca de 27% dos bezerros em aleitamento. De maneira geral, as doenças gastrointestinais podem estar associadas a bactérias, vírus, protozoários e à qualidade do alimento ingerido. Cada uma tem particularidades referente a seu aspecto clínico, tratamento e controle. Em função destes fatos intrínsecos a cada doença, torna-se importante o diagnóstico sobre qual o tipo de problema gastrointestinal está acometendo os bezerros de um determinado rebanho.
Tabela 1- Agentes causadores e faixa etária acometida
O Cryptosporideo é um gênero de protozoários do grupo Coccidia. A doença causada por ele é chamada de Cryptosporidiose. A diarréia causada por este protozoário ocorre geralmente entre a primeira semana e os três primeiros meses de vida. A espécie Cryptosporidium parvum parasita o intestino delgado, está associado a diarréias graves e persistentes em animais e no homem; seu oocisto mede de 3,0 a 5,0 mm, e é resistente ao cloro e ao álcool.
Atualmente, a criptosporidiose é considerada uma das principais causas de infecção entérica humana, existindo muitos trabalhos em todo o mundo sobre o tema.
Pesquisadores detectaram o Cryptosporidium parvum em 10 a 80% de bezerros com diarréia, sendo considerado um dos mais importantes agentes causadores desse sintoma. A maioria dos rebanhos é positiva para a Cryptosporidiose. Geralmente, o Cryptosporidium está associado a outros agentes patogênicos nos surtos de problemas gastrointestinais, dificultando a determinação de seu papel como agente causal dessa síndrome.
A tendência é que, após o primeiro mês de vida, quando o bezerro vai aumentado sua imunidade, a incidência de Cryptosporidiose vá reduzindo. Os cryptosporídeos são transmitidos por via fecal-oral. O ciclo completo de desenvolvimento pode ocorrer dentro de 72 horas. O parasita destrói as microvilosidades das células intestinais, onde penetra, atrofiando os vilos, diminuindo a superfície de absorção de nutrientes, e provocando hipersecreção. Há ainda, uma diminuição na atividade enzimática, particularmente no íleo dos animais infectados
Os sinais clínicos incluem diarréia, cólicas, anorexia, perda de peso, depressão e desidratação. A diarréia é abundante, aquosa e de cor amarela. A morbidade é alta, a mortalidade é pequena. Via de regra, não há tratamento para esta doença.
O surgimento de diarréia aguda, líqüida, que não cede ao tratamento com antibióticos, nas primeiras semanas de vida e, principalmente, nos animais imunocomprometidos, leva à suspeita de Cryptosporidiose. Centenas de medicamentos, sejam antibióticos, sejam anti-protozoários, já foram testados sem, ou com pouco sucesso. Nos indivíduos e animais imunocompetentes, a criptosporidiose costuma ser auto-limitante. Porém, nos animais imunocomprometidos, os cuidados têm de ser baseados na tentativa de aumentar a imunidade, através do incremento da hidratação, equilíbrio eletrolítico e também na melhoria da nutrição.
A melhor alternativa para salvar o animal acometido é a fluidoterapia para reposição de líqüido e eletrólitos. Caso não ocorra uma infecção secundária, a diarréia deverá desaparecer em cerca de 7 a 10 dias.
A estratégia recomendada para controle do patógeno é o manejo! Mantenha as instalações secas, limpas, com camas novas e ofereça água fresca ao animal pelo menos duas vezes ao dia.
Onde saber mais:
Hoard´s Dairyman, p.839, dezembro de 2000.
Preventive Veterinay Medicine, v.43, p.253-267, 2000.
Journal Dairy Science. V.81, p.3036-3041, 1998.