A economia global segue apresentando a cada momento novos desafios. O ano de 2023 exigiu muito das indústrias de queijo. Os desafios foram em todas as áreas.
Destacamos que entramos janeiro/2023 com preço de leite mais caro do que nunca, em plena safra, mesmo deflacionado. E assim continuou até setembro. Essa anomalia gerou uma grande pressão sobre o preço dos queijos, e sobre a rentabilidade das indústrias já que a ponta do consumo esteve bastante contida na maior parte do ano, pela queda da renda.
A menor oferta de leite no campo, foi suprida com alto volume de importações, especialmente do Mercosul, as quais se viabilizaram pela baixa competitividade na produção doméstica de leite, em volumes e em preços. Essa situação deixou clara a necessidade de se evoluir preventivamente em uma melhor estruturação da cadeia de suprimento, sem que se fechem as portas para se conseguir rentabilizar as produções. Esse volume de importação fez com que se lançasse o decreto 11723/2023, que entrará em vigor em fevereiro de 2024, e que penaliza justamente as indústrias que adquirem leite diretamente dos produtores nacionais .
Além do aumento de preços, gerado pela baixa oferta de leite no campo, a cadeia de distribuição continuou praticando mark-ups elevados nos queijos nacionais, mesmo nos momentos em que já os receberam com preços mais baixos. Então as indústrias ficaram pressionadas nas duas pontas.
Dois meses foram mais propícios às vendas: maio, pelos incentivos dados pelo Governo Federal, e, outubro, por uma sinalização de estabilidade na inflação. Esperamos que dezembro possa também trazer maior giro, devido às festividades de fim de ano. Nossa expectativa é fechar 2023 com um volume de queijos produzidos um pouco menor do que em 2022, seguindo o que deve acontecer também com a produção de leite.
Destaca-se a reforma tributária que está em tramitação, e nos indica que poderemos ter aumento de impostos para o nosso setor e ainda complicações na administração tributária empresarial. Ao invés de facilitar, convivemos o período de transição com duas legislações tributárias. Fica a expectativa de que, passado esse período, realmente tenhamos uma simplificação tributária sem aumento de carga.
Creio que teremos para 2024 uma oferta de leite muito próxima a de 2023 ou até menor.
O cenário pede muita cautela e controle de custos para poder manter preços ao consumidor estáveis e sem grandes oscilações.
O setor industrial queijeiro está acostumado a cenários de adversidades. Antecipar a visão das dificuldades nos capacitará a enfrentá-las com maior dose de êxito. As ações serão necessárias, como sempre, no dia a dia, no trato das imprevisibilidades do clima, da concorrência internacional e oscilações na oferta de matéria prima. De toda forma, esperamos um 2024 melhor que o ano que se encerra.