Tratou-se de um importante espaço para discussão da situação atual do mercado lácteo e suas implicações. Contou com cerca de 700 participantes e uma boa presença de brasileiros, alguns dos quais abaixo representados.
A produção de leite no Chile é de 2,5 bilhões de litros ao ano, proveniente de 8.000 produtores. Com exceção de 2015, como uma queda de 5% na produção, o Chile tem sido, nos últimos anos, superavitário entre o que exporta e importa de lácteos (saldo positivo na balança comercial).
Com cerca de 90% da ordenha mecanizada nos rebanhos, a atividade leiteira é relativamente bastante tecnificada. Muitos produtores da Nova Zelândia, implantaram sistemas de produção no país, aportando tecnologias, em especial no que se refere a utilização de forragens temperadas. A forrageira predominante é o azevém. Mas também é cultivada a aveia, o triticale e as Brassicas forrageiras (nabo, couve...). O milho é cultivado para a confecção de silagem, mas o excesso de pasto de inverno prevalece nos silos tipo bag.
A produção de leite está concentrada no Sul do país, estando 78% concentrada nas regiões dos Lagos e de Los Rios (o país é dividido geograficamente em 15 regiões). As três maiores empresas captadoras de leite do país são a Colun, Soprole e Nestlé.
A Colun (Cooperativa Agrícola y Lechera de La Unión Ltda), a qual iremos discorrer a seguir, é a maior compradora de leite do país, sendo muito bem-sucedida em suas operações. Com 67 anos de existência, está recebendo atualmente 1,2 milhões de litros de leite por dia, em virtude da escassez de chuvas. No período de safra, ultrapassa os 2,0 milhões diários. A fim de produzir a custos competitivos, é comum identificar nos sistemas de produção o menor uso de concentrado e silagem, sendo a atividade leiteira muito dependente dos pastos. Como consequência disso, há uma elevada variação sazonal ao longo do ano. Na Colun, este número chega a 70%.
Em 2013, recebeu 550 milhões de litros, sendo todo este volume proveniente dos seus cooperados. A cooperativa não compra leite de terceiros. O número atual de 739 fornecedores, produz, em média, mais de 1.500 litros ao dia no outono/inverno, chegando a 2.700 litros na primavera/verão.
Os principais produtos da cooperativa são os queijos, leite longa vida, iogurtes, manteiga, soro em pó e outros, que são distribuídos em todo o país e exportados para mais de 20 países, com destaque para o México e EUA. A cooperativa opera com um total de 2.100 colaboradores. A fábrica de queijos é totalmente automatizada, operando apenas com 50 pessoas.
Grande parte dos queijos, assim como o soro em pó, são exportados. Cada cooperado é um acionista da cooperativa. Uma cota que faculta ao produtor vender 10 litros de leite custa 2.800 pesos chilenos (equivalentes a aproximados US$ 4,00). Além disso, para ser cooperado o produtor paga mais 25 a 30% de taxa de incorporação. Todo leite fornecido acima da cota é depreciado em 10%. A entrada de novos cooperados normalmente é restringida pelos elevados custos de adesão, mesmo em condições de se obter um financiamento. Anualmente, o produtor recebe dividendos ao término do ano, o que implica em atratividade e fidelização dos cooperados.
A Colun presta serviços aos seus cooperados através da venda de insumos a preços de custo e assessoria técnica. Para isso, conta com uma equipe de 50 técnicos, dentre os quais, 30 na área comercial e, 20, em assessoria. Cerca de 80 produtores, atualmente, estão participando de um sistema de gestão de custos da cooperativa, que tem variado de US$0,25 a US$0,40 por litro de leite.
O preço é pago com base na qualidade da matéria prima, considerando os parâmetros microbiológicos (CBT), células somáticas (CCS) e os sólidos (gordura e proteína).
As vacas do rebanho são predominantemente da raça holandesa, com produções que variam de 3.000 a 8.000/kg/vaca/ano. A qualidade do leite que já vem sendo trabalhada desde 1978, hoje, se encontra em patamares muito elevados, como podem ser vistos na tabela abaixo.
Observação: O rebanho da propriedade visitada (Sr. Pablo Coquelet) é da raça Jersey, ordenhado por robôs (4) em sistema de pasto rotacionado. A genética é importada da Dinamarca.
A fazenda visitada pelos congressistas tem uma experiência impar na robotização da ordenha. O rebanho de cerca de 250 vacas em lactação é ordenhado por quatro robôs, em um sistema integrado com pasto rotacionado. Os custos são monitorados pelo Sistema de gestão da Colun. Em 2015, o custo total médio apurado (considerando depreciação, salário do produtor e variação do inventário animal, apenas não incluindo os impostos) foi de 180 pesos chilenos (R$0,94) por litro de leite e o preço médio, de 260 pesos (R$1,35) – referência abril de 2016. Este ano, segundo o produtor, está mais apertado. Nos primeiros três meses de 2016, o custo foi de cerca de 200 pesos (R$1,04) e o preço pago não excede 240 (R$1,25) por litro.