Há defensores de que a raça Jersey é, dentre todas da espécie bovina, a que vem sem sendo criada em estado puro há mais tempo no mundo. Originária da ilha de Jersey, na Grã Bretanha, a raça foi trazida para o Brasil em 1896, por Assis de Brasil.
Além das características raciais, de tipo e morfologia, a raça tem como primeira finalidade produzir leite. O leite Jersey possui grande quantidade de sólidos totais, o que a põe entre as principais na especialidade. Cada 100 litros de leite de Jersey tem, em média, 5,09 quilos de gordura.
A conversão alimentar da raça dá um retorno de mais leite por área, mais leite por tonelada de forragem. Lucratividade.
A Jersey é precoce. Entre 14 e 18 meses as fêmeas já estão emprenhadas, e a vida é longa, com exemplares que, aos 21 anos de idade, produziram (média) 126.857 kg/leite e 6.150 kg/gordura.
É uma raça que se adapta bem na maioria das regiões do Brasil, inclusive porque tem uma série de características que cooperam com isso. Até o número de glândulas sudoríparas e as formas das mesmas, bem diferente dos outros taurinos.
Voltando ao assunto leite, a superioridade da qualidade do leite da vaca Jersey leva muitos a afirmarem que é o melhor e o mais completo produzido entre as raças leiteiras. Proteína, lactose, vitaminas e minerais, além de boa gordura, estão em alta porcentagem na solução láctea, como já abordado anteriormente. Consumido na forma fluída, o leite Jersey tem mais consistência e um gosto encorpado.
Mas, o que a maioria das pessoas não conhece é que a raça Jersey tem um excelente desempenho nos cruzamentos para produção de carne de qualidade. Quem assina tal afirmação é uma das mais conceituadas universidades do mundo, a Texas A&M.
Também, recentemente, a diretoria da cadeia McDonald’s reconheceu que hambúrgueres feitos de carne de novilhos com 1/8 de sangue Jersey são mais macios, nutritivos e saborosos.
E, quando falamos sobre a função da raça Jersey nos cruzamentos, pensamos no aumento de produtividade como um todo. Porém, as pesquisas do U.S. MARC (Meat Animal Research Center), centro de pesquisas do Departamento de Agricultura dos Estados Unidos junto à Universidade de Nebraska, apontam dados bem interessantes no comportamento produtivo cárnico de animais com porção de sangue Jersey.
É sabido que o índice adequado de marmoreio e maciez da carne a torna mais saborosa. Então, para encerrarmos esta matéria, uma tabela (adaptada) com os resultados de índices de marmoreio e índices de maciez em produtos filhos de reprodutores de diversas raças, e que foi publicada em 1998, edição janeiro/fevereiro, pelo Jornal dos Criadores, órgão do Herd Book Collares.
Sobre o autor: José Otávio Lemos é zootecnista graduado pela Faculdade de Zootecnia de Uberaba, especialista em várias áreas e por diversas universidades; um dos juízes mais atuantes em exposições agropecuárias dentro e fora do Brasil; conferencista em importantes eventos nacionais e internacionais; escritor com vários livros publicados na área de zootecnia; e recebeu várias honrarias de governos e instituições pelos seus trabalhos na pecuária. É o diretor presidente da JOL Editora, responsável pela publicação da Revista Vaca Jersey. Membro, com a cadeira no.5, da Academia de Letras do Triângulo Mineiro.