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Relação de troca para exportação se deteriora de 2004 para 2006

POR MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

E ALINE BARROZO FERRO

PANORAMA DE MERCADO

EM 28/09/2006

5 MIN DE LEITURA

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Nos últimos 10 anos, as exportações cresceram expressivamente, apontando um aumento de 1.109% em volume no período de janeiro a agosto, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex - Gráfico 1).

Neste ano, os preços nacionais de leite, em média, estiveram cerca de 15% mais baixos que o período de janeiro a agosto do ano passado, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea). A média mais alta obtida neste ano foi de R$ 0,5028/l, enquanto em 2005 esse valor foi de R$ 0,5930/l. A tendência de alta nas exportações, alimentada ainda mais por preços internos mais baixos, deveria impulsionar as exportações a valores mais elevados do que os previstos.

No entanto, mesmo com preços mais baixos em reais, as exportações não cresceram como esperado. Na realidade, setor vem reduzindo as expectativas de aumento nas exportações em 2006: de US$ 300 milhões anunciados no início do ano, espera-se pouco mais do que a metade disso.

A culpa dessa reversão de expectativas e frustração no crescimento das exportações reside no comportamento do câmbio. O dólar esteve desvalorizado em 13% em comparação ao real de janeiro a agosto desse ano em relação ao mesmo período de 2005. Em relação a 2004, a queda é de 26,5%. Desse modo, os preços internos em dólar estiveram nos mesmos patamares dos cotados em 2005 de janeiro a agosto, o que, para a comercialização externa, significou "andar de lado" com as exportações.

O objetivo desse artigo é analisar a atratividade das exportações nos últimos anos. Para isso, com base nos preços do leite em pó, foi feita uma análise de relação de troca para o setor exportador.

Gráfico 1. Exportações no acumulado de janeiro a agosto em volume (kg).


Fonte: Secex/MDIC
Elaboração: Equipe MilkPoint


Calculou-se a relação entre os preços de exportação do leite em pó, com base nas informações da Secex, e os preços do mercado interno em dólar (gráfico 2), com base nos dados do Cepea e Banco Central, com o intuito de avaliar como estavam os preços do leite em pó para exportação em relação aos valores praticados no mercado interno. Quanto mais alta a relação, melhor para o setor exportador.

Gráfico 2. Relação de troca de um litro de leite para um quilo de leite em pó exportado - Janeiro/2004 = 100.


Fontes: Cepea, Banco Central e Secex/MDIC

Gráfico 3. Preços de exportação do leite em pó, em dólares por quilo.


Fonte: Secex

Gráfico 4. Preços do leite no mercado interno, em dólar.


Fontes: Cepea e Banco Central.

Supondo índice 100 para a relação de troca encontrada em janeiro de 2004, observa-se que a relação de troca para o exportador vem se deteriorando, indicando uma menor atratividade para as exportações de lácteos. A média da relação de troca elaborada pelo MilkPoint foi de 87,91, de janeiro de 2004 a agosto de 2006, indicando que o mês escolhido como base - janeiro de 2004 - apresentou atratividade para exportação de leite em pó acima da média no período.

Durante a maior parte deste ano (a partir de março) as condições para exportação estiveram inferiores à média do período, conferindo menor rentabilidade ao setor em relação ao primeiro semestre de 2004. Esses dados explicam porque várias empresas com projetos de exportação estão alterando os planos e buscando outras alternativas, caso o cenário se mantenha para frente.

Dois fatores poderiam estar relacionados a isso. Os preços em dólar do leite exportado, refletindo principalmente as cotações da matéria-prima no exterior, e os preços internos do leite adquirido, também em dólar.

Analisando-se os preços de exportação (gráfico 3), percebe-se que o comportamento dessa variável não coincide com a piora da relação de troca. A rigor, de meados de 2005 até agora, houve inclusive leve aumento dos preços médios exportados, sugerindo que não está nesse componente a causa principal de piora na rentabilidade para exportação de leite em pó.

A avaliação dos preços do leite, em dólar (gráfico 4), fornecem uma visão mais clara do que ocorreu nesse período. Nota-se que as curvas de relação de troca e preços internos em dólar estão como "espelho", mostrando que, no período analisado, foi essa a principal variável que determinou a competitividade das exportações.

Conforme pode ser constatado no gráfico, a relação de troca esteve em melhores condições quando os preços no mercado interno em dólar estavam em patamares mais baixos, o que ocorreu no primeiro semestre de 2004 e no início de 2006. De forma oposta, a relação esteve pior quando os preços no mercado interno estiveram mais altos em dólar. A conjunção dos dois fatores pode ser vista em junho de 2005, por exemplo, quando os preços internacionais estiveram nos patamares mais baixos registrados no período assinalado e os preços internos nas faixas mais elevadas, mostrando que, nesses períodos, o exportador adquiria a matéria-prima mais cara e tinha que vender o leite em pó no mercado externo a um preço mais baixo, como ocorreu em junho de 2005, por exemplo.

A análise do coeficiente de correlação entre as variáveis permite uma interpretação mais quantitativa dessa análise. O coeficiente de correlação entre os dados da relação de troca e os preços de exportação é de 0,1 negativos, o que mostra que a rentabilidade do exportador esteve, no período em questão, não teve relação com a variação dos preços de exportação. Conclusão distinta se obtém comparando-se com os dados de preços do mercado interno em dólar com a relação de troca. O coeficiente é bastante alto - de 0,94 negativos, mostrando que houve uma alta relação entre a rentabilidade do exportador com a oscilação dos preços no mercado interno em dólar.

Há que se ressaltar, porém, que mesmo com os preços em dólar mais altos nos últimos tempos, a situação não é favorável para o produtor. Isso porque o fator contribuinte para esse aumento é o câmbio, visto que o real está mais valorizado neste ano, e não um aumento real de preços pagos no mercado interno. Parte importante dos custos do produtor é gasta em moeda local e o resultado é que, mesmo com valores atraentes em dólar, o poder real de compra do produtor está menor em 2006.

Segundo o Cepea, os produtores amargam uma perda real nos preços de leite de 4,8% nos últimos 12 meses até agosto de 2006, contabilizando a inflação medida pelo IPCA. No acumulado do ano, o Centro indica que a perda real dos preços já é de 18,75%, o que significa que, para a receita real do produtor ter permanecido a mesma desde janeiro deste ano, foi necessário um ganho no volume produzido de 23% no mesmo período.

MARCELO PEREIRA DE CARVALHO

Engenheiro Agrônomo (ESALQ/USP), Mestre em Ciência Animal (ESALQ/USP), MBA Executivo Internacional (FIA/USP), diretor executivo da AgriPoint e coordenador do MilkPoint.

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PAULO FERNANDO ANDRADE CORREA DA SILVA

VALENÇA - RIO DE JANEIRO - PRODUÇÃO DE LEITE

EM 30/09/2006

Ainda não vi nenhuma análise sobre a insensibilidade do volume total de produção à deterioração da rentabilidade do produtor.

Explico: existe um volume de produção que "aceita" lucratividade negativa em função da imensa economia informal, caixa 2, lavagem de dinheiro, corrupção.

Resultado: o preço do leite em relação aos custos cai e o volume de produção não acompanha esta queda, como seria de se esperar numa economia de mercado.

A atividade, por sua característica de altas despesas, vaidades, envolvimento com lazer de fim de semana, se aplica demais a este fim. Principalmente em torno dos grandes centros.

Paulo Fernando.

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