2º semestre de 2022 apresenta recuperação na captação de leite brasileira

Os dados da Pesquisa Trimestral do Leite do IBGE para o terceiro trimestre de 2022, divulgados nesta quinta-feira (08/12) apontam uma queda de aproximadamente 1,7% na captação de leite cru resfriado, em relação ao mesmo período de 2021, como mostra o gráfico 1.

Gráfico 1. Captação formal: Variação em relação ao mesmo trimestre do ano anterior (T3 2022 x T3 2021).

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2022.

Um ponto a ser considerado foi uma retificação e atualização das informações por parte do IBGE para o primeiro e o segundo trimestre, que passaram de -9,9% para -9,8%, e -7,6% para -6,0%, respectivamente.  Mesmo com esse reajuste, o primeiro trimestre manteve-se como a maior variação negativa da série histórica, bem como a variação semestral, que passou para -8,0%, conforme demonstrado no gráfico abaixo.

Gráfico 2. Captação formal: Variação em relação ao mesmo semestre do ano anterior (S1 2022 x S1 2021).

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2022.

Os principais estados produtores tiveram comportamentos distintos no volume captado entre o terceiro trimestre de 2022 e o mesmo período de 2021. São Paulo teve o maior recuo, com aproximadamente -7,2%, seguido de Rio Grande do Sul, com -5,1%, Goiás, -2,8%, Minas Gerais, -2,4%, Paraná, com -0,2% e Santa Catarina, sendo o único estado, dentro os maiores produtores a apresentar variação positiva, de +7,5%, conforme demonstrado no gráfico a seguir.

Gráfico 3. Variação na captação formal dos principais estados produtores entre o terceiro trimestre de 2022 e o mesmo período de 2021.

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2022.

Analisando o acumulado do ano, contemplando os meses de janeiro a setembro, nota-se que Goiás foi o estado com maior variação negativa, -14,8%, seguido do Rio Grande do Sul, -8,3%, São Paulo, com -7,5%, Minas Gerais, -6,0%, Paraná, -3,3% e Santa Catarina, único estado com variação positiva, +1,1%.

Gráfico 4. Variação na captação formal dos principais estados produtores no acumulado de 2022 em comparação ao ano passado (Jan-Set 2022 x Jan-Set 2021).

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2022.

Com relação às regiões do país, nota-se que nesse terceiro trimestre, a região Nordeste se destacou, com uma variação positiva de 4,2% em relação ao mesmo período do ano passado. O sul do país também apresentou variação positiva, de 0,4%. Já as regiões sudeste, centro-oeste e norte recuaram -4,0%, -4,5% e -5,4%, respectivamente, conforme demonstrado a seguir.

Gráfico 5. Variação na captação formal das regiões do país entre o terceiro trimestre de 2022 e o mesmo período de 2021.

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE, 2022.

Apesar da queda neste terceiro trimestre, observou-se uma recuperação da captação de leite em comparação aos dois primeiros trimestres do ano. Após as fortes quedas de -9,8% e -6,0% nos dois primeiros trimestres do ano, este terceiro apresentou um resultado menos negativo, demonstrando a recuperação da capacidade produtiva.

Um fator que contribuiu para este cenário foi no segundo trimestre do ano do indicador RMCA (Receita Menos Custo de Alimentação), impulsionado pelo aumento do preço do leite pago ao produtor, e recuo no preço dos grãos e do volumoso.

Gráfico 6. Receita Menos Custo de Alimentação (RMCA).

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado.

Além do RMCA, a relação de troca entre o preço da ração e o litro de leite apresentou melhora ao longo do ano. O ano iniciou bem desafiador, com os preços dos grãos em patamares elevados, atingindo recordes.

Este cenário foi se aliviando ao longo do ano, o que auxiliou na rentabilidade. Além disso, os preços do leite matéria-prima passaram por fortes elevações ao longo do ano, chegando a atingir R$ 3,57 em agosto. Esses fatores contribuíram para diminuir o índice de relação de troca entre o litro de leite e a ração, o que torna o cenário mais positivo.

Gráfico 7. Relação de troca entre o litro de leite e o preço da ração.

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado.

Do lado dos fatores econômicos também se observou uma melhora ao longo do ano. A massa salarial real vem se elevando desde abril desse ano, atingindo valores semelhantes a março de 2020.

Gráfico 8. Massa Salarial Real.

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE. 

Outro indicador econômico que se demonstrou mais positivo nesses últimos meses foi o desemprego. Segundo o IBGE, a taxa de desemprego vem em queda, atingindo 8,3% neste mês de outubro. Em janeiro a taxa estava em 11%.

Gráfico 9. Taxa de Desemprego.

Fonte: elaborado pelo MilkPoint Mercado com base em dados do IBGE. 

Um ponto de atenção para os próximos meses é a queda nos preços do leite pago ao produtor. Com o aumento da oferta, uma pressão de baixa vem se formando nos últimos meses, ocasionando recuo dos preços do leite matéria-prima, o que pode desestimular a produção. Mesmo neste cenário, deveremos entrar em 2023 com um mercado mais positivo do que o observado no início de 2022.

Sendo assim, a produção deve seguir em recuperação neste último trimestre do ano e deve permanecer assim no início de 2023.