O apoio total oferecido por governos de 54 países a seus agricultores chegou a US$ 708 bilhões por ano no período de 2017 a 2019, mostra relatório anual da Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) sobre políticas agrícolas.
Do montante total, nada menos do que US$ 536 bilhões foram transferidos pelos governos ao setor agrícola sob a forma de apoio direto que falseia a situação nos mercados, prejudica a inovação e causa danos ao ambiente.
São subsídios que mantêm preços internos acima das cotações internacionais, o que prejudica consumidores e aumenta o fosso de renda entre pequenos e grandes produtores agrícolas. A conclusão, claramente, é que essa injeção de subvenções só amplia as distorções do mercado e torna o setor menos competitivo.
Refletindo sua posição como exportador competitivo, o Brasil fornece pouco suporte e proteção à agricultura. A ajuda aos produtores brasileiro caiu de 7,6% de sua renda bruta, entre 2000 e 2002, para 1,7% de 2017 a 2019.
Para se ter uma ideia, os subsídios dados pelo governo asseguram 59,0% da renda dos agricultores na Noruega, 47,9% na Coreia do Sul e 41,4% no Japão. Na China, a ajuda representa 13,3% da receita bruta do agricultor.
No total, apenas US$ 106 bilhões foram fornecidos pelos governos para serviços úteis na agricultura, e US$ 66 bilhões para beneficiar os consumidores.
No grupo de 54 países estudados estão os membros da OCDE e da União Europeia, além de 12 emergentes. Desse universo, em seis países, entre os quais Argentina e Índia, os governos taxam implicitamente seus produtores agrícolas em cerca de US$ 89 bilhões, minorando artificialmente seus preços.
Desta vez, o relatório da OCDE é publicado em meio à situação excepcional da crise de Covid-19, em que alguns países estão impondo restrições às exportações e outros estão facilitando importações.
Outra constatação da entidade é que, no grupo pesquisado, ganhos de produtividade das últimas décadas e algumas iniciativas para melhorar o desempenho ambiental marcam o passo. Mas as emissões de gases no setor agrícola aumentaram em vários países.
Para Ken Ash, da OCDE, em boa parte das vezes os subsídios à agricultura atualmente não têm utilidade ou são prejudiciais. Para ele, num momento em que os governos têm poucos recursos, no rastro do Covid-19, seria propício reduzir as subvenções que geram distorções nos mercados e fortalecer a ajuda que pode ter melhores resultados para o setor e para a sociedade.
As informações são do Valor Econômico.