do rebanho, ações de prevenção de riscos e acidentes. Também conhecerá a Norma Regulamentadora 31, que trata da Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura.
Riscos ambientais da pecuária leiteira
Existem vários riscos associados às atividades desenvolvidas em propriedades rurais, como exposição a intempéries, agrotóxicos, desgaste físico excessivo, animais peçonhentos, máquinas e implementos agrícolas. O trabalhador que executa atividade pecuária se expõe a riscos ambientais, físicos, químicos, biológicos, ergonômicos e acidentes, dependendo das ações protetivas e preventivas que assume para garantir sua saúde e segurança. A seguir você confere os principais riscos a que está exposto o profissional que trabalha na pecuária leiteira.
Riscos físicos
O quê: energia, ruídos e vibrações com potencial de causar dano ao trabalhador.
Como: exposição ou exposição prolongada.
Onde: máquinas e equipamentos (ruídos), ambientes (humidade), ao ar livre (exposição solar).
Quando: operação do trator, ordenhadeira, manutenção das instalações, cuidado do rebanho.
Riscos: perda auditiva, insolação.
Riscos químicos
O quê: substâncias químicas em forma de poeiras, gases, fumos, vapores, névoas e neblinas podem produzir reações tóxicas e danos à saúde quando absorvidas pelo organismo.
Como: inalação, absorção pela pele, ingestão ou em contato com os olhos.
Onde: detergentes alcalinos e ácidos.
Quando: limpeza das máquinas de ordenha.
Riscos: toxidade aguda, corrosão/irritação da pele, irritações/lesões oculares graves, irritação das vias respiratórias.
Riscos biológicos
O quê: parasitas, bactérias, fungos, vírus e outros micro-organismos. Zoonoses (doenças transmitidas do animal para o ser humano).
Como: contato com animais infectados, contaminação ou natureza do trabalho (médicos veterinários, proprietários e tratadores de animais).
Onde: contato direto ou indireto com animais contaminados e/ou suas secreções, ingestão de material contaminado.
Quando: durante o manejo do gado.
Riscos: desencadear doenças no trabalhador
Riscos ergonômicos
O quê: interferir na integridade física do trabalhador.
Como: esforços físicos, postura inadequada, jornada de trabalho prolongada e/ou intensa e repetitividade na execução de tarefas.
Onde: inerente ao corpo humano.
Quando: durante a execução de qualquer atividade.
Riscos: cansaço físico, dores musculares, problemas na coluna vertebral e lombalgia.
Riscos de acidentes
O quê: fatores que colocam em perigo e comprometem a integridade física do trabalhador.
Como: execução de tarefas ordinárias de forma insegura, sem utilizar equipamentos
de proteção, sem seguir as normas/boas práticas necessárias e/ ou em ambientes insalubres, mal iluminados ou improvisados.
Onde: máquinas e equipamentos sem proteção, descargas/choques elétricos, ferramentas manuais inadequadas, animais peçonhentos e revide dos animais ao desrespeito do comportamento natural do bovino.
Quando: durante a execução de qualquer atividade.
Riscos: lesões como cortes, escoriações, traumas, lacerações, queimaduras, fraturas, contusões, amputações de membros superiores e inferiores, podendo levar a óbito
Regulamentação da segurança do trabalho
Evolução da legislação de segurança do trabalho no Brasil
Confira como a regulamentação da área de saúde e segurança do trabalho na atividade rural tem sido debatida:
- Em 1976, a Lei n° 5.889 regulamentava o trabalho rural e constava em seu artigo 13° a observação de normas de segurança e higiene.
- Em 1988, o Ministério do Trabalho e Previdência Social estabeleceu, por meio da Portaria n° 3.067, cinco Normas Regulamentadoras Rurais relativas à segurança e à higiene do trabalho rural.
- Em 2005 entra em vigor a Norma Regulamentadora 31, que trata da Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Exploração Florestal e Aquicultura.
O que diz a Norma Regulamentadora 31
Responsabilidades do empregador rural
- Garantir condições de trabalho, higiene e conforto para os trabalhadores.
- Realizar avaliações dos riscos à segurança e à saúde dos trabalhadores.
- Adotar medidas de prevenção e proteção para garantir que todas as atividades, equipamentos, máquinas, locais de trabalho, ferramentas e processos produtivos sejam seguros e em conformidade com as normas de segurança.
- Promover melhorias nas condições e nos ambientes de trabalho para preservar o nível de segurança e saúde dos trabalhadores.
- Garantir e fazer cumprir as disposições legais e regulamentares.
- Analisar os acidentes e doenças decorrentes do trabalho e buscar prevenir e eliminar novas ocorrências.
- Divulgar os direitos, deveres e obrigações aos trabalhadores sobre segurança e saúde no trabalho.
- Adotar os procedimentos necessários quando houver acidentes e doenças do trabalho.
- Fornecer aos trabalhadores instruções, orientação e supervisão sobre segurança, saúde e trabalho seguro.
- Garantir que os trabalhadores participem das discussões sobre o controle dos riscos presentes nos ambientes de trabalho.
Responsabilidades do trabalhador rural
- Cumprir as indicações de segurança no desenvolvimento de suas atividades.
- Adotar as medidas de proteção determinadas pelo empregador.
- Realizar os exames médicos previstos na Norma Regulamentadora.
- Cooperar com a empresa na aplicação da Norma Regulamentadora.
Orientações para garantir a segurança do trabalhador
Confira abaixo algumas dicas e orientações sobre como a saúde e a segurança do trabalhador podem ser asseguradas na pecuária do leite:
Reduza o risco de acidentes
- Forneça treinamentos e capacitação: funcionários conscientes dos riscos e boas práticas são mais aptos a adotarem medidas preventivas e menos suscetíveis a acidentes e lesões.
- Faça, periodicamente, manutenções preventivas e corretivas de máquinas e equipamentos, evitando a interrupção de atividades, vazamentos e/ou possíveis lesões.
- Organize o layout do ambiente: deixando o espaço mais legível, é possível agilizar tarefas e diminuir riscos.
- Elimine improvisações elétricas: soluções temporárias podem levar a imensos danos de saúde e materiais.
- Descarte materiais e ferramentas inutilizados e/ou ociosos: eles aumentam os riscos de acidentes, além de diminuir o tempo de resposta dos funcionários durante a execução de tarefas. A solução 5S, aplicada pelo Sebrae, ajuda a solucionar essa questão.
Utilize equipamento de segurança
Equipamentos de proteção individual (EPI):
- Os uniformes devem ser compostos por gorro, macacão ou jaleco e calça (brancos para ordenha, azuis para os demais); botas de PVC antiderrapantes (brancas para a ordenha e pretas para os demais); luvas de PCV impermeáveis, protetores auditivos e protetor solar.
- Para manipulação de produtos químicos, é necessário ter avental impermeável, luvas nitrílicas 3/4, óculos de ampla visão transparentes e respirador semifacial, além da higienização pessoal após a manipulação.
Equipamentos de proteção coletiva (EPC):
- Sinalização de riscos associados a cada atividade e de uso dos EPIs.
- Chuveiros de emergência e dispositivos lava olhos (para lugares com exposição a agentes químicos).
Outros equipamentos:
- Extintores de incêndio devem estar dispostos em áreas de vivência, alojamentos e máquinas.
Boas práticas
Funcionários e trabalhadores:
- Trate-os com respeito e dignidade.
- Respeite a legislação trabalhista.
- Empregue somente mão de obra adulta.
- Realize exames de saúde periódicos.
- Proporcione transporte seguro.
- Respeite a jornada de trabalho estabelecida pela legislação.
- Oriente-os e conscientize-os quanto à melhor postura para executar tarefas como ordenha ou transporte manual de materiais.
Forneça instalações:
- que permitam a execução das atividades com segurança.
- adequadas para a alimentação e higiene pessoal dos trabalhadores.
- com iluminação adequada à atividade, de acordo com a legislação vigente.
- com assentos para descanso em áreas onde o trabalho é realizado em pé.
Gestor:
- Mantenha registros relacionados à saúde e segurança devidamente atualizados e arquivados.
- Certifique-se de que todas as regras de segurança são observadas durante o trabalho.
- Oriente seus trabalhadores a solicitar a reposição de EPIs em caso de danos, saturação ou perda de validade.
- Respeite as vacinações obrigatórias do rebanho (especialmente de brucelose e tuberculose).
- Não medique as vacas na sala de ordenha, pois causam desconforto, dor e estresse nos animais, fazendo com que tenham medo da sala de ordenha e do ordenhador.
Fonte: SEBRAE (Relatório de Inteligência)/SIS-Sebrae/SC.